30 Junho 2024, Domingo

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Netos de Aristides de Sousa Mendes inauguram “Jardim dos Justos” e recordam “actos heróicos” do avô

Netos de Aristides de Sousa Mendes inauguram “Jardim dos Justos” e recordam “actos heróicos” do avô

Netos de Aristides de Sousa Mendes inauguram “Jardim dos Justos” e recordam “actos heróicos” do avô

Francisco e António de Sousa Mendes estiveram na cidade sadina no âmbito das comemorações do Dia em Memória das Vítimas do Holocausto

 

Os “actos heróicos” realizados por Aristides de Sousa Mendes durante a Segunda Guerra Mundial foram recordados por dois dos seus netos na passada sexta-feira na Secundária D. João II, escola na qual inauguraram, no âmbito do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, o “Jardim dos Justos”, criado em homenagem “aos quatro homens que salvaram muitas vidas de irem para os campos de concentração”.

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“O que nos trouxe aqui hoje foi homenagear o nosso avô. É importante que a juventude se aperceba da necessidade de reconhecer estes actos heróicos que o meu avô fez, salvando milhares de pessoas dos campos de concentração”, frisou Francisco de Sousa Mendes, antes de descerrada a placa que atribui o nome de Aristides de Sousa Mendes a uma das árvores plantadas no espaço verde criado na Escola Secundária D. João II.

Segundo recordou o neto daquele que ficou conhecido como o “Justo entre as Nações”, o diplomata português salvou 30 mil vidas “por uma questão de humanidade e mais nada”. “Fez, sabendo que o que lhe esperava não era nada de bom, porque foi destituído da carreira e foi punido por Salazar. Arriscou tudo quando tinha muito a perder. Tinha 14 filhos e mesmo assim arriscou, salvando milhares de vidas”, frisou.

Perante o olhar atento de dezenas de alunos, Francisco de Sousa Mendes relembrou que o avô “acabou na miséria e assim morreu em 1954”. “É importante que tenhamos presente estes exemplos porque é através deles que podemos ser pessoas melhores. Não devemos ser individualistas. Este é um exemplo para toda a humanidade. Espero que os jovens sintam isso e que o pratiquem”, acrescentou.

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Já o seu primo, António de Sousa Mendes, disse tratar-se de “uma ocasião de grande beleza”. “Foi quase há 80 anos que o campo de Auschwitz foi aberto. Estes homens desempenharam bem o papel de salvadores contra os nazis. A única coisa que devemos fazer sempre é procurar fazer o bem e salvar o outro”, afirmou.

O “Jardim dos Justos”, realizado em 2018-2019 dentro do Orçamento Participativo de Escola, é composto por “quatro árvores, que representam Aristides de Sousa Mendes, Joaquim Carreira, José Brito Mendes e Carlos Sampaio Garrido, homens que durante a Segunda Guerra Mundial salvaram muitas vidas”, explicou Joseph Rodrigues, coordenador do Projecto Cultural de Escola, criado no âmbito do Plano Nacional das Artes.

“Há 80 anos, Aristides de Sousa Mendes, cônsul português em França, conseguiu vistos que possibilitaram a milhares de mulheres, homens e crianças a fuga para Portugal e daí para um destino de liberdade”, reforçou o professor.

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Além da inauguração do novo espaço verde, criado com “o apoio da Câmara de Setúbal, da Junta de São Sebastião, da Associação 50 CUTS, da empresa de mármores das Pontes e da Arbovita”, o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, comemorado com o objectivo de “chamar a atenção para este marco na história da humanidade”, foi ainda assinalado com outras actividades culturais.

“Tivemos uma oficina de escrita criativa sobre o holocausto, a transmissão de um filme e foi inaugurada uma instalação artística na entrada exterior da escola, criada pela professora Ana Silva e seus alunos”, destacou Joseph Rodrigues.

“Este dia é comemorado no âmbito do Projecto Cultural de Escola, associado ao Plano Nacional das Artes, em que este ano escolhemos como tema a Escola e o Bairro, Multiculturalidade e Direitos Humanos.

O projecto tenta sempre ter uma perspectiva transversal sobre a escola”, acrescentou. Enquanto a primeira iniciativa aconteceu em Dezembro, que consistiu no “Natal Multicultural”, a próxima actividade pretende “comemorar o 25 de Abril”.

“Vamos fazer uma marcha da liberdade no dia 26 de Abril e vamos ter exposições”, destacou. Sobre a adesão dos alunos às acções previstas, o coordenador diz ser “positiva porque acabam por estar bastante envolvidos nas mesmas”.

“Este tipo de iniciativas são importantes para sensibilizar os alunos. A questão dos valores e dos princípios humanos deve ser acautelada e preservada e consideramos importante transmitir esses princípios e valores aos estudantes”, destacou Joseph Rodrigues, a concluir.

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