Estrutura sindical e representantes dos trabalhadores consideram acordo positivo. Mas não se entendem entre si
Os trabalhadores da Autoeuropa aprovaram na sexta-feira, 16, com 61% de votos favoráveis, um acordo laboral para 2023 com um aumento de 5,2% e um mínimo de 80 euros, mas que poderá ser de 140 euros para a maioria dos funcionários. Já ontem a Comissão Sindical do SITE-Sul veio saudar, em comunicado, “a participação de todos os trabalhadores no referendo”, considerando “positivo” o resultado das negociações com a empresa.
“Entendemos como positivo a fixação do valor mínimo de 80 euros para todos os trabalhadores. Consideramos o resultado global alcançado como positivo com ganhos para os trabalhadores, ainda que insuficientes”, revela a Comissão do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras (SITE-Sul) na Autoeuropa, que aponta, no entanto, “algumas matérias” que devem ser melhoradas. “A inclusão do prémio de assiduidade no valor de 40 euros no salário-base e o aumento de 3,2% que fica aquém da reivindicação dos trabalhadores e é insuficiente para fazer frente à taxa de inflação actual na ordem dos 10%.”
A estrutura sindical lembra que “foi com a luta dos trabalhadores, nomeadamente as greves de 17 e 18 de Novembro e os plenários de 13 e 14 de Dezembro, que se tornou possível alcançar melhores resultados” no processo. “Não fosse assim, certamente, a administração teria ficado apenas pelo pagamento do prémio único de 400 euros”, considera. E ao mesmo tempo lamenta “a ausência da Comissão de Trabalhadores nos plenários”.
“Como todos os que tanto falam em unidade, afinal com as suas atitudes agiram para dividir os trabalhadores, favorecendo desse modo a administração e os seus interesses”, atira a comissão sindical na direcção da Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa, que já havia feito um balanço ao referendo.
Dos 5 016 inscritos no referendo realizado na quinta e na sexta-feira, 3 902 trabalhadores exerceram o direito de voto, com 2 396 (61,4%) a votarem a favor do novo pré-acordo e 1 482 (38%) contra. Registaram-se ainda 16 votos em branco e 8 nulos.
Para o coordenador da CT da fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela, Rogério Nogueira, o resultado também foi “positivo”. E em declarações à agência Lusa, o responsável não deixou de criticar a acção da estrutura sindical no processo. “Este acordo também põe termo à ameaça à paz social na empresa, que nas últimas semanas tem sido promovida pela irresponsabilidade de algumas organizações político-sindicais”, considerou, para assegurar a concluir que a “via do diálogo será sempre a prioridade da CT”. Com Lusa