Responsáveis da TML salientaram que principal problema da operação na margem sul se deve sobretudo à falta de motoristas
A Transportes Metropolitanos de Lisboa vai decidir até meados de Novembro se estão reunidas as condições para o funcionamento da Carris Metropolitana a norte do Tejo em Janeiro de 2023, depois dos problemas registados nos transportes na margem sul.
Numa audição na Assembleia Municipal de Lisboa, os responsáveis pela empresa pública criada para gerir os transportes na Área Metropolitana de Lisboa (AML) salientaram que o principal problema da operação na margem sul, concessionada em dois lotes, um à empresa ALSA Todi e outra aos Transportes Sul do Tejo, se deve sobretudo à falta de motoristas.
Faustino Gomes realçou que “não houve experimentalismo” com a implementação do sistema na margem sul, mas, após a detecção de vários problemas, a empresa estará agora mais atenta ao início da exploração na margem norte.
Segundo Rui Lopo, administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), têm sido realizadas reuniões com as operadoras de transportes que irão arrancar com o serviço para uma decisão mais avaliada, mas as empresas, à partida, “estão indiscutivelmente preparadas para avançar no mês de Janeiro”.
No entanto, e dados os problemas registados na margem sul, “até meio do mês de Novembro, ficará tomada a decisão de avançar” ou não em Janeiro, segundo o administrador.
“O que nos parece hoje a única questão que talvez levasse a não entrar em funcionamento [em Janeiro] era não terem os trabalhadores em condições de conduzir os autocarros”, sublinhou, pelo seu lado, Carlos Humberto.
Segundo Faustino Gomes, a TML está a “atentar maiores garantias” junto destas empresas.
“Se me pergunta se estou confiante? Nós estamos a fazer todo o trabalho para que essa confiança possa ser garantida. Para que o início aconteça na data prevista e com todas as condições que são necessárias”, afirmou.
Na margem sul, segundo os responsáveis, o principal problema começou com a falta de motoristas, que originou problemas que se desenrolaram como uma bola de neve, embora nos últimos tempos muitos dos problemas tenham vindo a ser corrigidos.
No entanto, a falta de motoristas é transversal a todo o país e a AML pode ter actualmente “um défice aproximado de cerca de 500 motoristas”, segundo Carlos Humberto.
“Não tenho a certeza dos números que estou a dizer, mas quantitativamente é aproximado”, disse, salientando que as operadoras de transporte estão em processo de recrutamento de motoristas em Cabo Verde e que nos próximos tempos deverão vir para a AML “centenas de outros motoristas de países que falam português”.
“Não podemos correr o risco de não termos transportes colectivos por não termos motoristas”, considerou, salientando que para a falta destes profissionais colaboram factores como as condições de trabalho oferecidas, a idade mínima de 23 anos para se poder tirar a carta e o preço desta carta específica.
A Carris Metropolitana é a marca comum para funcionamento das operações de transporte público rodoviário na AML, gerindo as redes municipais de 15 dos 18 municípios (Barreiro, Cascais e Lisboa mantêm as operações locais) e a totalidade da operação intermunicipal dos 18 concelhos.
A Carris Metropolitana arrancou em 01 de Junho em Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal.
Foram criadas quatro zonas de operação, duas envolvendo municípios da margem norte e outras duas na margem sul do Tejo.
A ‘área 1’ inclui Amadora, Cascais, Lisboa, Oeiras e Sintra, a ‘área 2’ Loures, Mafra, Odivelas e Vila Franca de Xira, a ‘área 3’ Almada, Seixal e Sesimbra e a ‘área 4’ Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal.
Na margem sul, em Almada, Seixal e Sesimbra (‘área 3’) a operação foi concessionada aos Transportes Sul do Tejo e em Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal (área 4) à empresa ALSA Todi, que assegura ainda as ligações intermunicipais ao Barreiro e para fora da AML para a zona do Alentejo central.
Na margem norte, a ‘área 1’, concessionada à Viação Alvorada, inclui Amadora Oeiras e Sintra com ligações intermunicipais a Lisboa e a Cascais e ligação à zona do Oeste, enquanto a ‘área 2’, integrada por Loures, Mafra, Odivelas e Vila Franca de Xira, foi entregue à Rodoviária de Lisboa.
Em Lisboa, Barreiro e Cascais a operação continua a ser realizada por operadores internos, Carris, TCB e Mobi Cascais, respectivamente.
A operação começou em 01 de Junho na margem sul, mas os problemas verificados fez com que a operação na margem norte, prevista inicialmente para Setembro, fosse prorrogada para 01 de Janeiro.