4 Julho 2024, Quinta-feira

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António Mendes: “O PS terá pela primeira vez hipótese de ganhar as autárquicas nos 13 concelhos do distrito”

António Mendes: “O PS terá pela primeira vez hipótese de ganhar as autárquicas nos 13 concelhos do distrito”

António Mendes: “O PS terá pela primeira vez hipótese de ganhar as autárquicas nos 13 concelhos do distrito”

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O líder e (re)candidato à distrital do PS deixa alguns recados para dentro do partido, diz que hoje Setúbal não se revê em André Martins e pede ao eleitorado do Montijo que penalize o PSD

 

Confiante e ambicioso. É assim que António Mendonça Mendes se mostra “à partida” para aquele que deverá ser o seu quarto e último mandato (por força dos estatutos) na presidência da Federação Distrital de Setúbal do Partido Socialista (PS).

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O também secretário de Estado dos Assuntos Fiscais apresentou ontem à noite a (re)candidatura à liderança da estrutura distrital, cujas eleições directas estão agendadas para 4 de Novembro próximo – o congresso realiza-se a 25 do mesmo mês em Almada – e, mesmo que venha a ter concorrência, só muito dificilmente não será reconduzido no cargo.

É que na bagagem carrega um ciclo de triunfos expressivos do partido no distrito. Mas quer mais e garante que o PS pode vencer em qualquer um destes concelhos, nas próximas autárquicas. Faz ponto de mira a Setúbal com elogios a Fernando José e atira: “Se as eleições fossem hoje, os setubalenses não escolheriam André Martins”.

Ao mesmo tempo, promete dedicar atenção especial ao futuro do partido em Montijo e Sines, critica PSD e CDU e volta a ‘excomungar’ o Chega e até os seus ‘dissidentes’. “É surpreendente que um autarca do PCP em Sesimbra tenha dado pelouros a um eleito por aquele partido”, dispara.

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O último mandato foi condizente com um dos melhores resultados de sempre do PS no distrito. Por que se recandidata, quando podia fechar um ciclo com chave de ouro?

Porque é muito cedo para fechar ciclos, sou muito novo e, além disso, relevante é valorizar os resultados colectivos que atingimos. Há novos caminhos para abrir e é nisso que nos vamos concentrar.

Essa decisão foi vista como um “volte-face”, já que havia no partido, até entre os que sempre o apoiaram, quem estivesse à espera de que não se recandidatasse para poder avançar. Acha que defraudou expectativas?

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Sinto um grande apoio dos militantes e continuo a sentir-me muito motivado para presidir à federação distrital de Setúbal. Tenho a expectativa de apresentar os resultados que os militantes conhecem e traçar novos desafios para o futuro. Os próximos dois anos serão muito relevantes para sedimentar o papel autárquico do PS no distrito. As vitórias em autárquicas não se fazem a um ano das eleições. O trabalho feito nos últimos anos para tornar o PS no maior partido autárquico, no distrito, foi de grande profundidade e irá manter-se. Nas próximas autárquicas, será a primeira vez em que o PS concorrerá com hipótese de ganhar as eleições nos 13 concelhos.

Mas houve ou não um “volte-face” na decisão?

Nunca tinha colocado a questão de me candidatar a um quarto mandato porque o tempo de pensar nisso ainda não tinha chegado. Terminando agora o mandato, decidi recandidatar-me. É o normal. A minha sucessão na federação é algo que não me preocupa, porque o PS tem no distrito um conjunto de quadros muito forte. E quando estamos a abrir novos caminhos é exactamente para esses quadros. Não farei nada para condicionar a minha sucessão. Qualquer militante tem o direito de querer ser candidato.

É um dos quatro membros do Governo que se recandidatam a federações do PS, situação que não é muito consensual dentro do partido. Em 2017, houve até no PS de Setúbal quem pedisse que se demitisse da presidência da federação, depois de ter sido nomeado secretário de Estado, por uma questão de separação de poderes. Essa situação está sanada?

Sou militante do partido e dirigente do partido. Estranho seria que, pelo facto de ir para o Governo, deixasse de ser militante e dirigente do partido. Acho que estes últimos cinco anos mostraram bem que não há qualquer incompatibilidade entre a função de dirigente do partido e a de membro do Governo. Sei separar isso muito bem. Há sempre quem tenha opiniões divergentes e levo isso com muita naturalidade.

Haverá sempre quem tenha a expectativa de poder disputar o lugar que hoje ocupo… mas neste momento o lugar está ocupado

Os resultados ajudaram também a esbater essa questão…

Os resultados traduzem um trabalho com bastante profundidade. Nunca tive dúvidas de que o PS poderia estar em boas condições para disputar as autárquicas, se conseguisse combater a abstenção que, no Distrito de Setúbal, era mais alta do que a média nacional dessas eleições. Repare, os mais cinco pontos percentuais de participações eleitorais, nas duas últimas autárquicas, levaram a que o PS tivesse hoje a maioria das presidências de junta de freguesia, mais mandatos de freguesia, de câmara e de assembleia municipal. E nas legislativas penso que, no distrito, reconheceram o trabalho que o PS está a fazer no Governo e, em particular, a segurança que o primeiro-ministro António Costa dá às pessoas. Isso levou o PS a ter o melhor resultado de sempre no distrito, em número de deputados eleitos [dez] e em percentagem, com cerca de 200 mil votos.

Mas deixe-me voltar atrás: há uma grande tranquilidade no partido relativamente ao próximo ciclo. Haverá sempre quem tenha a expectativa de poder disputar o lugar que hoje ocupo. Há eleições e todos o poderão fazer, mas neste momento o lugar está ocupado e decidi recandidatar-me.

Na Moita e em Alcochete, por exemplo, vimos os presidentes de câmara eleitos pelo PS abdicarem de se recandidatar à liderança das respectivas concelhias. Ao lado, no Montijo, acontece o contrário, com a agravante do presidente da câmara e da concelhia estar a cumprir o último mandato na autarquia. Quem acha que faz melhor, Moita e Alcochete, ou o Montijo?

As duas opções são absolutamente legítimas. Não vejo qualquer incompatibilidade no exercício do lugar de presidente de concelhia com o de presidente de câmara. Tal como não me choca que um presidente de câmara decida não presidir à concelhia. Temos vários modelos e nenhum deles é melhor do que outro.

Mas faz sentido, no Montijo, por exemplo, quando se está em fim de ciclo não se ‘passar o testemunho’, tendo em conta que a escolha do novo nome a candidatar à presidência da câmara dependerá muito desta concelhia recém-eleita?

É uma opção perfeitamente normal. Tal como é normal que neste mandato se preparem aquelas que são as decisões que vão ter de ser tomadas no mandato seguinte. Isso deve fazer-se com tranquilidade e estabilidade. Um dos motivos pelos quais considero importante recandidatar-me, e liderar o partido [no distrito], é exactamente gerir nos próximos dois anos as situações em que é necessário preparar a transição em autarquias e as situações em que é preciso preparar as alternativas para apresentar a seguir.

Os cidadãos do Montijo devem penalizar o PSD, pelo “volte-face” que fez e que impediu, juntamente com o PCP, que já tivéssemos a obra do aeroporto do Montijo

Nesse âmbito, Montijo é um dos concelhos que o preocupa, já que o PS voltou a passar de maioria absoluta para relativa e terá um novo cabeça-de-lista?

Estou muito confiante no trabalho que o PS desenvolve no Montijo desde 1997. O PS tem um trabalho e um património no Montijo que os cidadãos conhecem. Estou convicto de que, independentemente da figura que lidere o projecto, temos todas as condições de ganhar as eleições. Os cidadãos do Montijo devem mesmo é penalizar o PSD nas próximas autárquicas, pelo “volte-face” que fez e que impediu, juntamente com o PCP, que já tivéssemos a obra do aeroporto do Montijo.

Vai ter mais atenção a essa transição e também a Sines, onde o PS terá também um novo cabeça-de-lista, uma vez que Nuno Mascarenhas, tal como Nuno Canta, não se pode recandidatar face à lei de limitação de mandatos?

Terei, naturalmente, uma atenção especial aos processos de transição no distrito e àqueles em que se tem de preparar uma alternativa. O PS tem condições de disputar a vitória e ganhar em qualquer um dos 13 concelhos, nas próximas eleições. É normal que não se ganhe os 13, mas, realisticamente, o PS pode ganhar qualquer um. Nuns, porque os presidentes estão em fim de ciclo; noutros, porque o PS se aproximou muito nas últimas eleições.

Se os cidadãos de Setúbal tivessem eleições hoje, seguramente não escolheriam o actual presidente da câmara

Em Setúbal houve essa aproximação. Acha que se a candidatura de Fernando José à câmara tivesse sido anunciada mais cedo, o PS poderia ter reconquistado a autarquia à CDU?

O processo de escolha de candidatos é sempre complexo e o tempo que leva é o necessário à maturidade dessa decisão. Tomámos uma excelente decisão com a escolha de Fernando José. O PS teve um excelente resultado em Setúbal, ficámos a três mil votos de ganhar a câmara e penso que temos todas as condições de disputar a vitória nas próximas autárquicas. Se os cidadãos de Setúbal tivessem eleições hoje, seguramente não escolheriam o actual presidente da câmara. Isto é mais ou menos consensual…

Fernando José deve, então, recandidatar-se nas próximas autárquicas?

Não está na agenda da próxima direcção da federação a escolha de qualquer candidato autárquico. Portanto, é tema que agora não se coloca.

É surpreendente que um autarca do PCP em Sesimbra tenha dado pelouros a um autarca que foi eleito pelo Chega

Disse que não haveria sequer conversas entre autarcas do PS e do Chega. Na Moita, por exemplo, que o PS conquistou pela primeira vez mas sem maioria absoluta, houve eleitos que abandonaram o Chega. Isso muda alguma coisa?

Não! É exactamente igual. Surpreendente é que um autarca do PCP em Sesimbra tenha dado pelouros a um autarca que foi eleito pelo Chega, apesar de esse autarca se ter desvinculado do Chega. Para nós é muito claro: não há nenhuma conversa, nem com esse partido nem com os eleitos por esse partido, mesmo os que se tenham desligado, que lá estiveram dentro e perceberam o que é aquele partido.

E isso salvaguarda, na plenitude, aquela que é a definição de democracia?

Dentro da democracia deve haver limites, que os partidos democratas devem impor para salvaguarda da própria democracia. Os partidos que são racistas, xenófobos, populistas… Devemos respeitar aqueles que decidem votar nessas pessoas, mas os partidos democratas devem fazer pedagogia para que se deixe de votar nesses partidos, que não conduzem as sociedades a nada de bom.

Houve uma substancial renovação nas concelhias socialistas no distrito. Qual é a que acha que sai mais reforçada com nova liderança e a que sai menos a ganhar?

Mesmo que tivesse opinião sobre essa matéria não a tornaria pública. Acho que a eleição de novos presidentes de concelhia mostra bem a renovação que o PS tem tido no distrito e uma nova geração de dirigentes que se está a afirmar. Não temos tantas mulheres a dirigir concelhias como gostaria, apesar de tudo temos duas presidentes, quadros de jovens na sua maioria e o partido está muito bem entregue.

Aeroporto “É lamentável que PSD e PCP impusessem mais um atraso na construção”

 

O aeroporto para o Montijo foi uma bandeira eleitoral que utilizou nos discursos de campanha para as autárquicas. Continua a defender o Montijo como localização?

Nem eu nem o PS mudámos de ideias, quem mudou foi o PSD. O PSD quando estava no Governo escolheu o Montijo como localização e o que o PS fez quando chegou ao Governo foi manter essa decisão. Ocorreram depois duas coisas: uma, o PSD mudou de opinião; e a segunda, o PCP manteve-se fiel ao seu imobilismo e bloqueou, através dos seus autarcas, os pareceres necessários que as câmaras tinham de dar. O que compete ao Governo é encontrar soluções para o problema e agora o primeiro-ministro acordou com o líder da oposição a metodologia para a escolha do local. Vamos aguardar serenamente. Não deveríamos ter voltado atrás, acho lamentável que PSD e PCP tivessem imposto mais um atraso na construção do aeroporto.

Que ilações tirou quando o despacho de Pedro Nuno Santos foi revogado por António Costa?

Não vou fazer qualquer comentário sobre essa matéria. O que havia a dizer já foi dito por todos os intervenientes.

Polémica Casos recentes com membros do Governo ‘são situações muito injustas’

Que leitura faz, enquanto responsável distrital do PS, dos mais recentes casos que têm envolvido membros do Governo?

É normal que havendo maioria absoluta o debate político muitas vezes se concentre em situações que não têm na sua maior parte, se olharmos com algum distanciamento, a importância que se lhe quer dar. Mas acho que os cidadãos devem ponderar a forma como olham para os políticos, porque é muito nefasto para a democracia a desqualificação constante que se faz da classe política, a presunção de desonestidade que se quer colocar nos políticos. Os políticos são, na sua esmagadora maioria, independentemente do partido, pessoas que dão muito de si à causa pública. Percebo o escrutínio, das pessoas, da Comunicação Social, e nas situações mais recentes a que se refere acho que são muito injustas.

Trabalha-se o Orçamento do Estado. É desta que o hospital do Seixal, a ampliação do hospital de Setúbal e o novo estabelecimento prisional para Montijo vão avançar?

Não vou falar em concreto dessas situações. Existe uma previsão de um grande crescimento do investimento público no próximo ano, muito alicerçado no PRR. Temos toda a confiança em que este seja um ciclo de investimento.

Dos nomes (Medina, Pedro Nuno Santos, Catarina Mendes e Marta Temido, que entretanto saiu do Governo) apontados como prováveis sucessores de António Costa, qual acha que reúne mais condições?

O lugar de secretário-geral do PS está ocupado e a expectativa que tenho é que se recandidate no próximo congresso nacional. E terá o meu apoio.

Se fosse jornalista, o que perguntaria neste momento a António Mendonça Mendes?

[Pausa] Essa é uma excelente pergunta [risos]. Não sei. Não sou jornalista. Não lhe consigo dizer. Podia imaginar perguntas difíceis que me pudesse fazer, mas depois a resposta era mais fácil.

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