Com o objetivo de evidenciar o potencial da região, bem como o seu crescimento presente e futuro, os fatores de atratividade e a capacidade de iniciativa dos agentes económicos, o município de Sines, organiza, por estes dias, a V Feira do Mar.
Tive o gosto de, presencialmente, ter ouvido de diversos especialistas a confirmação de que Sines, ultrapassadas décadas de indecisão e dúvidas, é hoje uma certeza para a região e para Portugal. Foi assim nos Encontros Fora da Caixa, organizados pela Caixa Geral de Depósitos, em junho, e agora na Feira do Mar.
De facto, o nosso país, com o seu Porto de Sines de águas profundas está a desenvolver na sua área influência um centro de produção de hidrogénio (Hydrogene Valley) que lhe irá permitir a produção amoníaco, etanol e outros combustíveis e gases verdes e desenvolver todo uma nova indústria altamente descarbonizada (essencial para novos investimentos).
O percurso que o Porto de Sines está a fazer, irá remodelar e condicionar o futuro dos outros Portos a nível mundial. Com a utilização de energias verdes, prestando serviços com uma pegada mínima de CO2 e recorrendo às mais recentes tecnologias como a Inteligência artificial e a Internet das Coisas para otimizar todas as atividades portuárias, o Porto de Sines será um exemplo extraordinário do que é a Economia Azul e ainda das mudanças que a indústria necessita de trilhar para o combate às alterações climáticas.
Com efeito, mais de 50 anos depois da criação do Gabinete da área de Sines, responsável pela implementação de um complexo industrial e portuário – aproveitando as condições naturais e estratégicas – e potenciando o seu Porto de Sines de águas profundas (hoje o terceiro mais eficiente na Europa e o 30° no mundo, numa lista de 370 portos a nível mundial) e que pode receber qualquer navio do mundo, de qualquer tonelagem.
Na energia, Sines vive um período claro de transição no sentido justo. Desligada a central a carvão, a opção é hoje a de aproveitar a capacidade de injeção na rede elétrica para mais produção de energia renovável, nomeadamente utilizando a rede disponível.
Nos dias de hoje, todo o ambiente de Sines, possibilita um pipeline de investimentos (quase todos de natureza privada), entre projetos confirmados, em curso e potenciais, que são centrais para o desenvolvimento de Portugal.
Precisamente, um dos temas mais discutido atualmente na estratégia europeia sobre energia tem a ver com o facto de Portugal e Espanha serem vistos, na Europa, como portas de entradas alternativas – a oeste- de gás natural (liquefeito). E de, não menos importante, poderem usar a infraestrutura de gás natural que possuem, e que projetam potenciar e aumentar (desde á muitos anos), como parte de uma rede que possa distribuir parte da sua capacidade de produção renovável
De qualquer forma, as características únicas do Porto de Sines, a descarbonização, a produção de energia verde, a mudança da matriz energética e a tecnologia digital que está a ser desenvolvida na ZILS estão a ser um motor de desenvolvimento assinalável. É esta dualidade do Porto de Sines que faz jus à sua natureza estratégica para Portugal.