Na Quinta da Atalaia, o Secretário-Geral do PCP afirmou estar “do lado da paz” e apontou o dedo ao Executivo, acusando-o de ser “cúmplice” das “grandes potências económicas”
Na Quinta da Atalaia, a Festa do Avante! chegou ao fim, mas não sem antes Jerónimo de Sousa proferir o discurso de encerramento dos três dias de festividades. A 46ª edição que se iniciou sem o habitual discurso do Secretário-Geral do Partido Comunista Português (PCP), terminou este domingo com acusações ao Governo.
Após desassociar o PCP das críticas dos últimos meses, afirmando estar “do lado da paz” e “contra a guerra”, Jerónimo de Sousa não hesitou em afirmar que o Executivo português é responsável pela “escalada da guerra” ao aliar-se às “grandes potências económicas”.
“A realidade está a demonstrar quem tudo faz para que a guerra não termine. Quem tudo faz para acumular lucros colossais com a sua continuação”, começou por dizer.
“A escalada da guerra na Ucrânia, a espiral de sanções impostas pelos Estados Unidos, a União Europeia e a NATO, com a cumplicidade do Governo português, são indissociáveis da desenfreada especulação e aumento dos preços, arrastando o mundo para uma situação ainda mais grave no plano económico e social”, referiu.
Os disparos contra o Governo de António Costa não ficaram por aqui e houve ainda espaço para acusar o Executivo de “premeditar uma crise política e eleições com o objectivo de obter uma maioria absoluta, cada vez mais inclinada para a direita”.
46ª edição do Avante!: “um enorme êxito”
Ao avaliar a última edição do Avante!, o comunista disse tratar-se de “um enorme êxito”, apesar “das reiteradas campanhas de manipulação e pressões desprezíveis”, das quais acredita que o partido foi alvo nos últimos meses.
Quanto às críticas lançadas aos artistas que actuaram na Festa, Jerónimo de Sousa demonstrou o seu agradecimento aqueles que “com posicionamentos bastante diversos, trouxeram a sua arte e deram expressão à liberdade que o povo conquistou com o 25 de Abril”.
A polémica em volta da posição do PCP em relação à guerra na Ucrânia não impediu a boa-disposição e convívio que se fizeram sentir nos três dias, mas entre os presentes existiu a certeza de que o número de visitantes foi mais reduzido, relativamente ao ano de 2021.
Militantes ou simpatizantes não olharam com surpresa para a movimentação em menor número, mas defendem que a festa manteve “o espírito” e uma “programação” idêntica à dos anos anteriores.
Como é frequente, o programa cultural da Festa do Avante! incluiu nomes de artistas portugueses e luso-descendentes que, entre os registos mais diversificados, trouxeram animação à Quinta da Atalaia.
Fogo Fogo, de Cabo-Verde, Bia Ferreira, brasileira, Pongo, angolana, e Scúru Fichádu, cabo-verdianos, estiveram entre as actuações musicais com mais audiência.
Já a estreia do espectáculo de música electrónica no recinto, a Rave Avante!, também reuniu centenas de jovens em frente ao Auditório 1º de Maio, na noite de sábado.
Coube à fadista Carminho e a Dino D’Santiago fechar a noite de domingo, com mais afluência do que as anteriores, reunindo milhares de pessoas junto ao Palco 25 de Abril.