PS e PSD estão a definir entendimento para demissão em bloco, mas a estratégia pode estar presa pela decisão do vereador ex-Chega
O presidente da Câmara Municipal do Seixal, eleito nas listas da CDU, vai ceder o seu lugar ao vice-presidente da autarquia, Paulo Silva. A decisão já foi assumida pelo próprio Joaquim Santos que disso deu a saber através da sua rede social Facebook, a 10 de Agosto, justificando a sua saída com a vontade de “abraçar a carreira profissional”, e também “novos projectos dentro do partido” (PCP).
O novo alinhamento autárquico não agrada a oposição que considera que o PCP não pode pôr e dispor dos mandatos pela sua vontade. PS e PSD falam em demissão em bloco para fazer cair a Câmara e provocar eleições antecipadas, enquanto o Chega defende também eleições imediatas, mas tem de resolver o caso do vereador que elegeu e, entretanto, se demitiu do partido e está com representação política como independente.
A saída anunciada por Joaquim Santos através do Facebook terá sido de alguma forma forçada por uma notícia publicada no jornal Público, nesse mesmo dia 10, onde dava como certa a sua renuncia; uma situação que já vinha sendo falada no município e que foi referida anteriormente por O SETUBALENSE na sequência de entrevista a Paulo Silva.
Primeiro o autarca começou por afastar essa possibilidade, e o mesmo fez nessa mesma quarta-feira em sessão de Câmara quando confrontado pela oposição. Entretanto, o PCP veio anunciar a sua saída e, às 21h33 desse dia, o autarca que esteve 20 anos à frente do município do seixalense, afirmava a sua saída.
Ao que O SETUBALENSE sabe, Joaquim Santos ainda não formalizou a sua decisão, o que deverá acontecer dentro de dias, fala-se que será provavelmente logo depois da Festa do Avante!, que começa esta sexta-feira e vai até domingo. Mas a renuncia ao cargo é dada como certa, tendo o próprio edil já anunciado Paulo Silva, de 55 anos, como seu sucessor.
No entanto, poderá estar em cima da mesa a possibilidade de Joaquim Santos formalizar a sua saída da presidência perante a oposição hoje na reunião de Câmara, mas estará em período de férias, o que torna pouco provável a sua ida à reunião do executivo. Duas hipóteses que O SETUBALENSE não conseguiu confirmar junto de Joaquim Santos.
Entretanto, a possibilidade de demissão em bloco da oposição, pelo menos dos eleitos do PS e do PSD estará a ganhar alguma força. Eduardo Rodrigues, vereador que encabeçou a lista socialista nas últimas eleições autárquicas, confirma que tem falado desse entendimento com o vereador social-democrata Bruno Vasconcelos.
“Teoricamente, a demissão dos eleitos da oposição é possível, mas na prática é muito improvável”, comenta Eduardo Rodrigues. A questão é que basta um dos elementos da lista não aceitar sair para a estratégia se perder. E nisso também o vereador eleito pelo PSD concorda.
Seja como for, Bruno Vasconcelos garante que esse entendimento está a ser ‘negociado’ dentro dos dois partidos. “O PCP não é dono dos votos, estes pertencem à população”, afirma, defendendo eleições antecipadas.
Mas mesmo que exista entendimento para a demissão dos eleitos da oposição do PS e PSD, este quadro só pode avançar depois de Joaquim Santos formalizar a sua saída. E coloca-se ainda outro engulho a esta estratégia; o eleito pelo Chega, Henrique Freire, que se desvinculou do partido, e passou a independente.
Em comunicado, o Chega afirma que o PCP está a fazer uma “passagem de testemunho dinástica” ao decidir “nomear novo presidente de Câmara”, sendo que isto “só será possível se algum dos eleitos da oposição ‘vender’ a vontade do povo a eventuais interesses pessoais”.
Não se sabe o que Henrique Freire quer fazer. A O SETUBALESE, o ex-Chega, comenta apenas: “Não tenho decisão tomada”.
Ou seja, está tudo em aberto na governação da Câmara do Seixal, ou a fim de um ano das autárquicas continua na gestão da CDU com o novo presidente Paulo Silva, ou a oposição entende-se, faz cair a Câmara e haverá eleições antecipadas.