Estudante de Almada, de 16 anos, quer ver os jovens ouvidos e reconhecidos. Considera que muitos políticos estão desactualizados
Na primeira semana deste mês de Julho, era possível encontrar Marta Canilhas a fazer voluntariado numa associação em Lisboa que cuida de pessoas sem-abrigo, na semana seguinte, a frequentar um programa de Verão na Universidade de Lisboa, na área de Direito. Hoje, talvez tenha regressado ao voluntariado, ou esteja na Universidade de Verão em Coimbra, a que se candidatou.
Não é fácil acompanhar a velocidade em que vive esta jovem de 16 anos, que no ano lectivo 2022/2023 vai estar a frequentar o 11.º ano do Curso de Línguas e Humanidades, e tem o nome inscrito no Quadro de Mérito da Escola Fernão Mendes Pinto, em Almada. Daqui a uns anos, depois de terminar o Curso Superior de Relações Internacionais, que quer seguir, talvez a encontremos no Parlamento Europeu, ou na governação de Portugal.
“Sinto-me muito orgulhosa dela”, diz a mãe de Marta, entre algum embaraço na voz a denotar também um sorriso de conforto. O mais certo, é ter a filha envolvida na política ou numa área social a vincar ideias, o que não se sabe é se em Portugal ou no estrangeiro. É que além do objectivo de Marta Canilhas em ter voz no mundo da política, também está decidida a descobrir outros países.
“Gosto de conhecer outros países e de saber como funcionam. Gosto de trabalhar com pessoas de diferentes lugares e perceber como vivem”, diz Marta; e por isso tem em vista a formação Superior em Relações Internacionais. “Quero ir para fora de Portugal e ficar por lá algum tempo, e se conseguir emprego por lá, vou agarrá-lo; adquirir mais conhecimentos e, depois, obviamente voltar ao meu País”, projecta.
É neste ciclo de vida que se vê, futuramente, num lugar entre governantes. “Gostaria de um dia estar no Parlamento Europeu, ou no governo em Portugal. Quando temos ambições, têm de ser altas”, afirma.
Já conhece as cadeiras da Assembleia da República através dos dois anos em que participou no Parlamento dos Jovens, primeiro ainda no 8.ºano em que o tema desta iniciativa, promovida pelo Instituto Português do Desporto e Juventude, foi sobre a violência doméstica, e agora no 10.º ano sobre informação em democracia e medidas para combater as “Fake News”.
“É muito importante os jovens participarem e debaterem este tipo de projectos. Definirem, entre si, propostas para a solução de problemas que existem na sociedade”. Um debate que diz ser importante para desenvolver a sua intelectualidade, conhecer novas ideias e também pessoas de outras escolas. E, para quem gosta de política, “é muito bom participar nestes projectos”, afirma.
Ao mesmo tempo, também forma o seu pensamento político ouvindo e analisando debates. “Gosto de acompanhar debates na Assembleia da República, e ouvir os comentadores a avaliarem políticos e políticas”; e já consegue tirar algumas conclusões: “Por vezes, parece que os políticos não vivem na nossa era”.
E o mesmo diz ser válido para a sociedade comum dos adultos, pelo que não tem dúvidas de que os jovens deviam ser chamados mais vezes a pronunciarem-se, nomeadamente quanto a assuntos relacionados com os direitos humanos que “não são respeitados”.
“É pouco inteligente não prestar atenção às ideias dos jovens. Nós estamos a crescer e temos conhecimento de muita coisa. Estamos a crescer numa era diferente daquela em que cresceram os adultos. Os jovens que se interessam pelos problemas da sociedade têm muita coisa a dizer, e não podemos ser inferiorizados pela nossa idade”.
A jovem, que diz ver o mundo “muito desequilibrado”, em que o dinheiro está “na frente de tudo” que as causas sociais “ficam para trás”, mostra ter já as suas ideias para que o País cresça de acordo com as necessidades de cada região.
“É preciso começar pela base. Se as regiões definirem objectivos de crescimento conjuntos, podem fazer-se ouvir melhor pelo Estado”. E aqui envolve também os jovens; “juntos temos poder e podemos ajudar a mover um sistema que está um bocado parado”. E vai mais longe: “Se os jovens da Europa se juntarem em volta de algumas questões, podem até conseguir que as suas ideias cheguem à União Europeia”, e acrescenta: “Podemos fazer muita coisa, basta querer, este é o poder do ser humano”.
Não admira assim que Marta Canilhas, ainda no início da sua juventude, projecte já o seu caminho para se afirmar na política. “Gosto de política, gosto das pessoas, gosto de contribuir para resolver os problemas sociais e participar activamente naquilo que posso ajudar”. Daí que, mal teve idade para participar em voluntariado, ‘meteu-se a caminho’.
Marta Canilhas à queima-roupa
Idade 16 anos
Naturalidade Almada
Residência Corroios, Seixal
Área Línguas e Humanidades
“Gostaria de um dia estar no Parlamento Europeu, ou no governo em Portugal. Quando temos ambições, têm de ser altas”