‘Apolo Descapotável’ revelou-se um dos espectáculos mais interessantes da Festa do Teatro 2022
O palco de repente fica inclinado sublinhando que o grande teatro é dos matemáticos e geógrafos a gravidade obriga os dois actores a um constante movimento como se fossem os astros do céu à terra. Vivem nessas trajectórias acima e em baixo, à esquerda e à direita, lembrando Vsevolod Meyerhold, pai da biomecânica enquanto sistema de treino de actores.
Sábado, no fórum Luísa Todi, com cerca de uma centena e meia de espectadores, ‘Apolo Descapotável’, da companhia ‘Teatro d’Arame’, de Montemor-o-Novo revelou-se dos mais interessantes espectáculos deste Festival Internacional de Teatro de Setúbal (FITS). Uma ideia de Amâncio Anastácio encenação com Paulo Oliveira Autor do texto a partir da grande obra de António José da Silva, Principio de Faetonte. Teatro Clássico por isso o texto é denso e difícil para os actores e os espectadores. A interpretação é de Jorge Serena e Paulo Quedas.
Muito interessante a cena dos potes de cores. A cor do céu azul é lançada ao ar e sobre o actor recai a cor do Sol, amarelo.
Sinopse:
Caminhamos pelo tecto, como se fosse um campo vasto.
Faetonte no seu Apolo Descapotável, fulminante e amarelo, encontra-se suspenso entre o Céu e a Terra; em queda, muito lenta e contínua.
Faetonte procura o original do retrato mágico, naufragado, o retrato de todas as cores e tamanhos, o retrato do seu amor, uma cópia muito melhor do que o original: “comprometo-me a fazer investimentos gigantes!”
Há conspirações que mudam os nomes dos Planetas e transformam os Homens.
O Precipício revela-se sobre um Céu incendiado e luminoso, o ar inflamado faz desaparecer as sombras e a Terra, ainda que seja plana, até parece côncava.
São ambições que não são terrenas, são siderais.
E nós cruzamos as mãos debaixo dos braços.
Somos os espectadores da Catástrofe.
O Precipício espera agora, haverá sempre um para sempre à nossa frente, e tudo isto é definitivamente ou provavelmente verdade
Ficha técnica e artística:
Ideia Inicial: Amândio Anastácio, Encenação e Cenografia: Amândio Anastácio e Paulo Oliveira, Texto: Paulo Oliveira [a partir d’O Precipício de Faetonte, 1738, de António José da Silva], Interpretação: Jorge Serena e Paulo Quedas, Música: João Bastos, Desenho de Luz e Montagem: João Sofio, Costureira: Susana Oliveira, Construção de Cenário: Decor Galamba, Lda., Direcção de Produção: Ricardo Falcão, Comunicação, Difusão e Circulação: João Murteira, Gestão Financeira: Pé de Cabra, Lda., Gestão Administrativa: Sílvia Tecedeiro, Redes Sociais e Plataformas Digitais: João Murteira, Website: DWP – Digital Workplace, Lda., Fotografia: Tiago Fróis, Design: João Murteira, Vídeo & Teaser: Cooperativa Cal, Produção: Alma d’Arame, Co-Produção: Teatro Ibérico, Duração aproximada: 60 min, Classificação etária: M/12
OBSERVAÇÃO DE TEATRO: Crónica de José Gil (Professor Adjunto de Teatro da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal) e Maria Simas (Actriz Teatro Politécnico de Setúbal, Mestranda)