Responsável pela comunicação, a sua área de formação, e pela gestão das redes sociais do Projecto Estrelinha, é igualmente co-criadora do projecto de skate inclusivo All aBoard
Filipa Bento, de 27 anos, nasceu, cresceu e viveu sempre na cidade do Sado. Passou pelas escolas do Montebelo, Luísa Todi, D. João II e D. Manuel Martins até chegar ao Instituto Politécnico de Setúbal, onde se licenciou em comunicação social.
Depois da experiência na Escola Superior de Educação, rumou até Lisboa, para um mestrado em Audiovisual e Multimédia na Escola Superior de Comunicação Social, e hoje é técnica superior na Divisão de Juventude da Câmara Municipal de Setúbal.
Quando questionada sobre como surge o associativismo no seu caminho, Filipa Bento responde que “de alguma forma sempre estive envolvida em várias coisas, a fazer muita coisa. Acontecia, às vezes, de repente conhecer alguém, uma causa ou projecto e quando dava por mim já estava a vestir a camisola, já estava envolvida a fundo. Sempre tive este perfil”.
Neste momento, faz parte de dois projectos “de áreas e causas diferentes”. Faz voluntariado no Projecto Estrelinha – Equação Relâmpago, associação que tem como objectivo o resgaste, reabilitação e adopção de animais errantes, na qual é responsável pela comunicação e gestão de redes sociais. “É nesse sentido que dou mais a minha ajuda e onde acabo por dedicar um pouco mais do meu tempo. Existimos desde 2017 enquanto associação”, conta. “Temos um espaço físico em Setúbal, onde acolhemos animais que são muitas vezes alvo de negligência por parte de quem deveria cuidar deles e são resgatados por nós. O objectivo é que sejam adoptados por famílias que queiram um companheiro de quatro patas para a vida”, adianta.
Skate para todos sem excepção
A par disso, é co-criadora de um projecto de skate inclusivo, criado em Maio de 2021, onde também mantém a sua ligação com a comunicação e o mundo audiovisual. “Eu e a Rita, que foi quem teve a ideia, por ter voltado a andar de skate durante a pandemia, fomos construindo o que queríamos para o projecto, inclusivo, também muito ligado à área dela”, partilha. “Uma coisa fantástica do processo foi começar a trazer pessoas para junto de nós que também com as suas valências e conhecimentos acabam por ir dando de si e do seu tempo. Neste momento somos um grupo de sete pessoas envolvido de corpo e alma no All.aBoard”, continua.
Filipa sempre gostou deste tipo de desportos e explica que “todos, independentemente do factor idade, género, condição física, social e/ou financeira, podem subir para cima do skate com a devida segurança e acompanhamento”.
De acordo com a All aBoard, “não há barreiras que possam impossibilitar. É possível adaptar em todos os sentidos e é com este chapéu de inclusão que surgimos. O nosso slogan, ‘Inclusão a 360.º’, fazendo referência a uma manobra de skate, é mesmo por ser transversal a tudo e o objectivo é mesmo incluir todos”.
A actuar em diversas vertentes, a equipa All aBoard participa em vários eventos, dá aulas de experimentação e também se encontra a actuar junto das escolas, através das Actividades de Enriquecimento Curricular, “Contamos a história do skate, como se constrói um, fazemos preparação física e abordamos todos esses assuntos importantes na prática do skate que muitas vezes não são exploradas porque este é visto como um desporto urbano sem regras”, considera, assegurando que “efectivamente a segurança importa e a modalidade, para além da componente urbana, tem também a olímpica. Há dois pólos opostos e muita coisa pelo meio. Interessa é que a pessoa se sinta bem em cima da tábua, autêntica, sem pressões”.
Por estar sempre de alguma forma ligada a vários projectos, Filipa Bento foi conhecendo outros tantos e a visão que tem do associativismo juvenil “é de que hoje existem muitos projectos. Por vezes achamos que os jovens estão muito parados ou só querem estar agarrados às tecnologias, mas acho que isso não reflecte tanto assim a realidade”, diz.
“Existem muitos jovens e projectos de valor que às vezes precisam de ter a oportunidade certa para aparecer ou a pessoa certa a olhar para eles. Por vezes têm a ideia, mas depois sentem não ter poder na voz que têm. Não acreditam na capacidade da ideia e sentem-se um bocadinho perdidos, por não saberem como fazer, a que portas bater”, acrescenta.
Filipa Bento encontra, assim, na burocratização um impedimento para “que a ideia saia da gaveta e isso tem de ser trabalhado” e deixa um conselho: “se existir uma ideia que querem ver concretizada não se deixem abater pela ideia pré-concebida de que dá muito trabalho ou é muito caro. Há sempre formas de fazer acontecer e vai valer a pena”.
Filipa Bento à queima-roupa
Idade 27 anos
Naturalidade Setúbal
Residência Setúbal
Área Comunicação
Divide actualmente a sua missão no associativismo entre a causa animal e o desporto inclusivo