Jovens querem que este se afirme como “o maior festival de juventude da região e do país”
No decorrer do Festival Liberdade, teve lugar, na manhã de sábado, dia 2, o Encontro Regional do Movimento Associativo Juvenil, no qual vários elementos de associações locais realizaram as suas intervenções, partilharam as suas experiências e fizeram as suas propostas.
“Este é um espaço, de alguma forma informal, onde podemos partilhar experiências enquanto dirigente associativo ou enquanto jovem que participa activamente na sociedade”, começou por dizer Simão Calixto, membro do comité organizador do Festival Liberdade e presidente da Associação Projecto Ruído.
“Passámos por dois anos sem festival devido à pandemia, muitas das nossas organizações sofreram com isso, tivemos de nos adaptar e enfrentar novos desafios. Também precisávamos deste espaço para discutir esse problema, a que soluções nos propomos e como intervimos para melhorar a sociedade”, adiantou.
Simão Correia Bento, também da Associação Projecto Ruído, Rodrigo Rente, da Associação Académica do Instituto Politécnico de Setúbal, João Brás e Bruna Leonor, da Associação Cultural Novas Ideias – Setúbal Academy, foram alguns dos jovens que expressaram as suas preocupações e contaram as suas experiências.
Tendo o excesso de burocracia e a diminuição dos apoios vindos do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) como denominadores comuns no que toca aos principais problemas sentidos, não se esqueceram de frisar a importância do Festival Liberdade e de tudo o que este abarca: “não há mais sítio nenhum onde isto se passa”.
Fernando Cruz, da Associação Cultural Novas Ideias – Setúbal Academy, por sua vez, considerou que falta ainda “encontrar os jovens, criar mais debates, mais encontros juvenis. Todas as zonas do distrito precisam desse estímulo e a Margem Sul devia estar mais unida”, enquanto Lara Matos, da Companhia Sui Generis, lançou um desafio.
“Uma das nossas necessidades, que gostávamos de tornar numa solução, é identificarmos as pessoas que estão a fazer coisas no nosso território, em todas as áreas”, disse, assegurando a sua disponibilidade para “começar essa rede. Gostávamos de ter um papel nisso, de juntar nomes, contactos, oferta e disponibilidades”.
João Proença, do Gabinete da Juventude da Câmara Municipal de Sesimbra, desafiou os presentes “a começar a pensar em soluções e a incluir na resolução algumas sugestões pragmáticas e concretas para podermos mudar as dificuldades que temos bem como a de alavancar os gabinetes de juventude de uma maneira diferente nos nossos territórios”.
Proposta de resolução será entregue a entidades responsáveis da região e do país
A proposta de resolução deste ano começa por dizer que “o movimento associativo juvenil e o movimento associativo de base local, e ainda os movimentos informais, são o primeiro contacto de muitos com a cultura, a prática desportiva, a educação não-formal e a intervenção social, ocupando, muitas vezes, lacunas deixadas pelo Estado”.
Neste ponto, João Narciso, presidente da Assembleia Municipal de Sesimbra e parte do movimento associativo há cerca de 25 anos, fez uma proposta de alteração à resolução inicial para que se acrescentasse “os valores e práticas de exercício de cidadania e democracia activa, como eleger e ser eleito, dessa forma desenvolver assim ideologias e valores numa determinada comunidade”, depois de “intervenção social”.
Esta sugestão de incluir o contacto com as práticas de cidadania e os valores democráticos foi aceite e a proposta do encontro foi votada e aprovada por maioria, com uma abstenção. O documento segue agora, em nome do movimento associativo juvenil da região de Setúbal, para os municípios do distrito, IPDJ e Governo.
Na proposta, pode ainda ler-se que “muitas vezes, os jovens têm de ultrapassar grandes barreiras para poderem participar nas suas associações” e mesmo assim “dedicam o seu tempo a participar nas mais diversas formas de intervenção na sociedade. Perante um presente com direitos e efectivo apoio ao movimento associativo juvenil, teremos as forças, competências e querer suficientes para construir um futuro digno para o nosso país”.
No entender destes jovens, “o Festival Liberdade é também uma manifestação dessa vontade e expressão da actividade, criatividade e trabalho do movimento associativo levado a cabo na região de Setúbal”. Por este motivo, querem “levar o festival mais longe, mais próximo dos jovens e de todas as expressões de movimento juvenil na nossa região”.
“Este espaço livre e democrático, que tem contado com a participação de centenas de jovens na sua construção, deve continuar e afirmar-se como o maior festival de juventude da região e do país” e reafirmam “o seu compromisso com os valores da paz, as conquistas da revolução de Abril e os valores e princípios desta grande iniciativa promovida pela Associação de Municípios da Região de Setúbal em articulação com o movimento associativo juvenil”.