O vereador do PSD evoca a democracia para defender que não se deve condenar a gestão CDU sem se averiguar o caso em torno do acolhimento de refugiados ucranianos
Mesmo que o PS aceitasse o repto lançado esta tarde pelo PSD Setúbal, para uma demissão em bloco dos vereadores de ambos os partidos, a oposição não conseguiria derrubar o executivo presidido por André Martins. Isto, porque o vereador social-democrata Fernando Negrão não renunciaria.
Para conseguir provocar eleições para a Câmara Municipal, por falta de quórum, seria necessário que mais de metade do executivo, ou seja seis dos 11 eleitos, renunciassem ao mandato (a CDU tem cinco eleitos, o PS quatro e o PSD dois).
Ora, Fernando Negrão não se revê na posição adoptada pela concelhia laranja, na sequência do caso do acolhimento de refugiados ucranianos, e confirmou a O SETUBALENSE que não apresentaria a demissão das funções de vereador.
E justificou: “A diferença entre uma ditadura e uma democracia é que na primeira condena-se sem provas e na segunda averigua-se para se poder condenar”.
O autarca lembrou ainda que a sua posição é a mesma que a do PSD nacional, ao mesmo tempo que admitiu ter tido conhecimento de que a estrutura local do partido iria lançar o repto aos socialistas.
Ou seja, a concelhia laranja lançou o desafio público aos seus pares da oposição sem ter reunidas todas as condições para que a medida pudesse surtir efeito, o que demonstra igualmente a inexistência de sintonia entre a estrutura local social-democrata e aquele que foi o cabeça-de-lista do partido à autarquia.
Já hoje o PS, através do vereador Fernando José, havia rejeitado, para já (e não em definitivo), o repto lançado pela concelhia do PSD. O argumento para a recusa, no imediato, passa também pelo facto de os socialistas considerarem não existir neste momento motivos para exigir a demissão de André Martins e que deve ser o presidente da Câmara e o PCP a tirarem consequências do caso.
A matéria faz manchete n’ O SETUBALENSE que estará esta quarta-feira nas bancas, mas sem a posição de Fernando Negrão, com quem o jornal apenas conseguiu contactar esta noite, já depois do fecho da edição.