27 Abril 2024, Sábado
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No tempo das eleições

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No tempo das eleições
Mário Moura - Médico
Mário Moura –
Médico

Os jornais, as rádios e as televisões têm enchido os nossos olhos e ouvidos com notícias das eleições que se aproximam – e há entrevistas, debates, comentários , críticas e sondagens. No entanto torna-se difícil, na minha perspetiva, esclarecer o que em realidade cada partido ou cada político influente defende com autenticidade e com possibilidade de ser mesmo realizado quando atingirem o poder decisório. Tudo (ou quase tudo) anda no reino da fantasia e…da mentira para seduzir o povinho. Ele são baixas de impostos, ele são aumentos de vencimentos, ele são TGV,s, ele é melhorias na justiça, no ensino e na saúde, ele é descentralização das decisões, ele é regionalização, ele é a construção de hospitais, ele é o aumento das reformas, ele é ….satisfazer tudo o que cada um de nós pensa que é urgente e necessário.   Uns dizem que estamos a viver num mar de rosas e outros dizem que estamos afogados em impostos e  dívidas.

E no meio desta imensidão de afirmações eleitoralistas  em que nem os seus autores certamente  acreditam, aparece uma realidade que é tocada ao de leve por uns e esquecida até por outros – os problemas ecológicos, a candente ameaça ao equilíbrio do nosso planeta. E as notícias do que realmente vai acontecendo por esse mundo fora demonstram sem quaisquer dúvidas o premente e urgente que é tal problema. Que o digam os habitantes das Bahamas ou os naturais da Amazónia , que o digam os que sofrem as inclemências dos furacões, das inundações ou dos tremores de terra. E se pensarmos que muitos destes fenómenos naturais se tornam mais numerosos e graves na sua intensidade e frequência,  devido ao comportamento das populações, ao comportamento do homem que , levado pela ganância do poder e da produção , esgota as riquezas da nossa Mãe Terra, envia para a atmosfera gazes com efeito de estufa , isto é, que fazem subir as temperaturas do ar e do mar, que fazem subir os oceanos que corroem as orlas costeiras ou cobrem  ilhas, que aceleram o degelo dos polos, que levam ao desaparecimento de espécies de plantas e animais, se tomarmos consciência disto, então temos de olhar a política e as eleições com olhos de ver e que não podemos alhearmo-nos desses momentos em que se abre uma porta de oportunidade para a generalidade dos cidadãos se pronunciarem. Então temos de ter atenção ao que os políticos dizem que vão fazer e pesar bem as suas afirmações e promessas e tentar ver quem fala verdade – se é que alguém fala verdade!

Uma voz ecoa diariamente alertando para estes problemas que ameaçam o nosso planeta e para o tipo de organização social que , alem de estar a ameaçar a sobrevivência da humanidade, provoca igualmente um aumento da pobreza (ou pelo menos não a resolve) e ameaça valores essenciais ao homem como a liberdade, a solidariedade ou a dignidade dos seres humanos.  ESSA VOZ É DO NOSSO  PAPA FRANCISCO !!   Ele diz que esta sociedade mata, ele diz que a política é uma forma de caridade, ele apela aos jovens que é necessário mudança, descrente que nós – os adultos – consigamos sacudir este domínio do capital sobre as nossas vidas. E nas suas viagens a países pobres tenta levar esta mensagem de esperança numa mudança possível e tenta insuflar a força do amor para a resolução dos problemas que nos afligem. E tenta dar o exemplo da fraternidade falando com os chefes das Igrejas separadas e mesmo com os de credos diferentes, a todos abraçando e apelando a um esforço conjunto pela paz e pela resolução dos problemas sociais.

As nossas eleições são já este mês, todos temos a obrigação de nelas participar, todos nós devemos ser atores de mudança e não espectadores passivos.  Saibamos separar o trigo do joio, saibamos separar o que é eleitoralismo do que é preocupação séria com as nossas vidas!!