28 Junho 2024, Sexta-feira

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Comissão organizadora defende regresso de Bocage aos programas de ensino

Comissão organizadora defende regresso de Bocage aos programas de ensino

Comissão organizadora defende regresso de Bocage aos programas de ensino

Comunidade educativa envolvida e elementos organizadores fazem balanço do projecto até ao momento

 

Janeiro traz a continuidade da programação cultural “Bocage, o poeta da liberdade – a construção da memória nos 150 anos do monumento a Bocage”, que pretende honrar o poeta e manter viva a sua memória.

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Neste arranque de ano, duas professoras partilham o seu testemunho sobre a participação da comunidade educativa nesta iniciativa e a comissão organizadora faz um balanço deste ciclo, cujo término será em Fevereiro, projectando o que ainda está por acontecer.

“A minha participação neste projecto surge de um desafio do professor António Chitas. Sou coordenadora do Departamento de Ciências Sociais e Humanas da escola onde lecciono e devo dizer que tenho a sorte de ter colegas de departamento extraordinários que aderem muito bem a desafios”, começa por contar Maria José Alves, professora de História e Português na Escola Básica Barbosa du Bocage, que realizou parte do trabalho patente na mostra “Bocage visto pela comunidade educativa de Setúbal”, que marcou o arranque do projecto.

“Sendo também professores de Português, achámos por bem trabalhar alguma poesia bocagiana, adequada à idade dos alunos, que foram ainda convidados a produzir um trabalho sobre a era em que o poeta viveu”, continua partilhando que “alguns alunos sugeriram ainda desenhar retratos de Bocage, também estes apresentados na exposição”.

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No seu entender, “Bocage é uma figura de relevo, infelizmente arredada dos programas escolares. Independentemente de ser um poeta de Setúbal e fazer parte da comunidade onde nos integramos, também a nível nacional merecia ser trabalhado, lido e conhecido. Bocage é um homem que pode através da sua obra despertar consciências”.

Por seu turno, Luzia Chitas, professora de Inglês e Oferta Complementar na Escola Básica Luísa Todi, explica que no âmbito da disciplina de Oferta Complementar, cujo tema aglutinador é ‘Cruzar olhares sobre Setúbal’, trabalhou em articulação com Sílvia Macedo, colega de Português, o poeta Bocage: “Foi lido e analisado o poema ‘Auto-retrato’ e os alunos, de duas turmas de 5.º ano, pintaram uma imagem icónica deste autor, que integrou a primeira exposição patente ao público, no âmbito deste projecto”.

Nas suas palavras, os alunos revelaram “interesse pela actividade, na qual tiveram a liberdade de pôr à prova a sua criatividade na expressão do poeta. Foi um trabalho que, embora simples, se revelou gratificante por despertar o gosto nos alunos pelo estudo de uma das figuras cimeiras da nossa literatura, muito falada, mas infelizmente pouco conhecida”.

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“Estamos a incutir nas gerações mais novas os valores da liberdade e da democracia”

Para António Chitas, professor e membro da comissão organizadora do programa cultural, “até ao momento o balanço da iniciativa é positivo, sobretudo porque estamos a chegar às escolas, à comunidade. As escolas, enquanto espaço educativo, têm um papel muito importante e os professores estão sensibilizados para esta mensagem que pretendemos transmitir através de Bocage. Todos os valores veiculados na sua obra, como liberdade, igualdade, tolerância e livre pensamento, são essenciais e extremamente actuais”.

António Chitas lembra ainda que este ano assinalam-se “48 anos de democracia em contraposição a 48 anos de ditadura. Tal leva-nos a reflectir e a contribuir para que esta sociedade nova, resultante de Abril, se mantenha, afirme e aprofunde nos seus ideais e propósitos reformistas” e é neste sentido que “Bocage é importante e a sua mensagem actual”.

“Estamos a incutir nas gerações mais novas os valores da liberdade e da democracia e sobretudo a vontade de os conservar”. Na sua opinião, para além das exposições e exibições de cinema, o ciclo de conferências foi “notável”.

“Cada uma delas foi um contributo muito importante e esclarecedor sobre aspectos da vida e obra de Bocage, justamente no sentido de difundir estes ideais que nortearam a sua vida”.

Para a comissão organizadora, “é um imperativo de cidadania utilizar a figura de Bocage para continuar a lutar pela conservação da democracia, pela sua dignificação e sobretudo para a proteger de alguns ataques que vão surgindo”.

No entender de José Madureira Lopes, igualmente membro da comissão organizadora e um dos responsáveis pela exposição documental “Bocage, o poeta da liberdade – a construção da memória nos 150 anos do monumento a Bocage”, a inaugurar em breve, tudo tem acontecido “de acordo com o que estava perspectivado”.

“As pessoas têm aderido às actividades e até para os vindouros será uma mais valia. Este programa e o trabalho nele realizado ficará para quem queira estudar ou aprofundar o tema. Há muito por onde continuar”.

“Temos de insistir junto do ministério da Educação para que Bocage esteja nos programas escolares”

A luta para que Bocage volte a constar nos programas de ensino deve, de acordo com Joaquina Soares, directora do MAEDS e membro da comissão organizadora do projecto “Bocage, o poeta da liberdade”, continua.

“Não podemos deixar Bocage perdido no século XVIII, temos de o trazer para a vida actual e retirar desse património imaterial extraordinário que Setúbal tem todas as possibilidades que oferece à melhoria da nossa forma de vida e de estar”, refere, para depois acrescentar: “temos de insistir junto do ministério da Educação para que Bocage esteja nos programas escolares, a bem da sua obra, da ideologia bocagiana e da língua portuguesa, que é a nossa pátria”.

“Incluir Bocage, um génio da língua portuguesa, nos programas escolares é um acto muito importante e positivo. Os seus sonetos são realmente do melhor que temos na poesia, e não só na portuguesa. Não se compreende que não faça parte dos programas escolares”.

Programações culturais como esta, a decorrer ao longo de vários meses, têm a vantagem “de permitir que se vá aprofundando e mostrando as diversas facetas do poeta, homem, lutador e ideólogo que foi Bocage. É isso que temos vindo a fazer nesse amor pela liberdade que no fundo a todos nos move”, assegura, não esquecendo que “só tem sido possível por termos o apoio do poder autárquico, nomeadamente da Junta de Freguesia de São Sebastião, da União das Freguesias de Setúbal e da Câmara Municipal de Setúbal”.

No MAEDS, para além das exposições patentes, encontra-se a decorrer, até 12 de Fevereiro, o atelier “É possível desenhar a liberdade?”, dinamizado por Ana Isa Férias do serviço educativo do museu.

A exposição de artes visuais “Bocage e eu – a procura da liberdade” serve de ponto de partida para explorar o conceito de liberdade, numa actividade adaptável às diversas faixas etárias.

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