28 Junho 2024, Sexta-feira

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Vereador diz que cães vadios fogem com crânios na boca e acusa PS de tratar mal os vivos e pior os mortos

Vereador diz que cães vadios fogem com crânios na boca e acusa PS de tratar mal os vivos e pior os mortos

Vereador diz que cães vadios fogem com crânios na boca e acusa PS de tratar mal os vivos e pior os mortos

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João Afonso volta a criticar serviço nos cemitérios. Autarca do PSD denuncia ossadas lavadas em tanques da roupa e colocadas em caixas de fruta a secar. Nuno Canta diz que é fantasia

 

“No Montijo qualquer um de nós pode ter a sorte de ir calhar a uma caixa de fruta. É assim que acabamos os nossos dias nesta terra, nos cemitérios.” A ironia foi utilizada por João Afonso, vereador do PSD, que, na reunião de câmara de quarta-feira passada, voltou a acusar as sucessivas gestões do PS de “desmantelamento dos serviços públicos ao longo de 24 anos de governação”.

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O autarca acabava de dar como exemplo os cemitérios municipais de S. Sebastião e Pinhal Fidalgo. E as denúncias de más práticas não se ficaram pelo tratamento dado às ossadas exumadas.

“Para o cenário ainda ser pior, constatamos que não é a primeira nem a segunda vez que cães vadios entram no cemitério e levam na boca ossos de ossadas de exumações. Já aconteceu cães saírem portão fora do Cemitério de S. Sebastião com crânios na boca”, atirou o social-democrata, sem poupar críticas a Nuno Canta, presidente da Câmara, e restantes eleitos do PS.

“Nós não somos só maltratados pela maioria do Partido Socialista quando estamos vivos, também somos muito maltratados quando estamos mortos”, disparou. Para João Afonso todo este processo é indigno, para funcionários municipais, pessoas, famílias e respectivos antepassados. “É uma total falta de respeito e de dignidade. É um sinal de total falta de serviço público nos cemitérios. O serviço foi desmantelado ao longo de 24 anos. As pessoas que lá estão a trabalhar fazem o seu melhor, mas há uma ausência completa de hierarquia, coordenação, de política de investimento”, considerou.

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Segundo o social-democrata, “as ossadas continuam a ser lavadas em tanques de roupa” e a serem depositadas “em caixas de fruta”, quando deviam de ser colocadas “em caixas de inox”, como mandam “as boas práticas”. “Nos cemitérios do Montijo as ossadas dos nossos antepassados não raras vezes são colocadas em locais públicos no cemitério debaixo de árvores para secarem. Ou então, na melhor das hipóteses, são colocadas de uma forma atabalhoada em instalações do cemitério a serem secadas com mini secadores que se compram nas lojas de chineses. É assim que nós acabamos aqui no Montijo”, afirmou, antes de acusar a gestão PS de perseguir os que denunciam estas práticas.

“Quem denuncia e se insurge contra isto, e se sente indignado, nomeadamente os funcionários são presenteados com processos disciplinares para que se calem de vez, para que não denunciem, como se nós vivêssemos num estado policial, num estado pidesco”, revelou. E ao mesmo tempo apontou aquilo que o PSD propõe: “Dar dignidade àquele serviço, através da construção de dois pequenos armazéns em cada um dos cemitérios e lá instalar estufas de secagem de ossadas.”

O PSD, adiantou João Afonso, “não descansará enquanto o assunto não ficar resolvido”.

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Nuno Canta nega tudo

Na resposta, Nuno Canta foi peremptório: “Nunca, ao longo de 24 anos, eu como vereador e presidente da Câmara observei qualquer destes factos que aqui referiu o vereador.”  E reforçou: “O que o senhor aqui fez é de uma ignomínia a todos os títulos. Nunca vi nos cemitérios aquilo que disse e já visitei muito mais vezes os cemitérios do que o vereador alguma vez visitará.”

Para o socialista, as exumações no Montijo são feitas em condições adequadas. “Não são feitas nesta ideia peregrina do vereador de caixas de fruta”, retorquiu, para juntar de seguida: “Caixas de fruta é lá para o seu serviço público, aqui não existe. Se tem isso, se tem essa confirmação, apresente”.

E, mais à frente, o social-democrata apresentou duas fotografias com ossadas em caixas de fruta. Mas as imagens não convenceram Nuno Canta. “É o mesmo que não mostrar nada. Não mostra em que local é. Tanto pode ser no seu quintal como em qualquer outro lugar. Não sei se faz uma compilação para fazer uma fotografia… pode fazer colecção dessas fotografias e pode inclusivamente fabricá-las”, disse o presidente da autarquia, que provocou risos ao vereador do PSD.

De permeio, Nuno Canta acusou João Afonso de falta de seriedade política. “Está a pedir mais investimento nos cemitérios, mas absteve-se no Orçamento [Municipal] que prevê investimento nos cemitérios”, justificou. O socialista negou depois quaisquer perseguições a trabalhadores. “Não vivemos em nenhum estado policial nem existe qualquer destruição de serviço da Câmara Municipal do Montijo”, sublinhou.

“Quanto a cães vadios e caixas de fruta, penso que podem existir não nos cemitérios, mas na cabeça de algumas pessoas, o que é pena. De qualquer maneira irei verificar isso com os serviços e perceber que esta questão que o vereador disse é meramente uma fantasia”, afiançou. Nuno Canta garantiu ainda que a questão de estufas de secagem de ossadas e também da qualificação de alguns dos chamados edifícios cemiteriais “está neste momento em desenvolvimento” na autarquia.

Clara Silva lembra acção em tribunal contra João Afonso

Maria Clara Silva, vereadora do PS, foi irónica na reacção às denúncias de João Afonso. “Gostei da intervenção do vereador. Foi feita com inteligência”, disse a socialista, para explicar de seguida: “É a sua defesa, que quer que fique registada publicamente. E percebo”.

Ao mesmo tempo, disse não ter conhecimento de qualquer processo de averiguações ou de inquérito a qualquer trabalhador dos cemitérios. E Nuno Canta aproveitou para pôr a nu o que a vice-presidente quis dizer, ao lembrar uma queixa interposta no tribunal contra João Afonso. O social-democrata é acusado de ter invadido o cemitério e de ter filmado ilegalmente, no mandato anterior, ossadas no local. Os socialistas não ficaram, porém, sem resposta, com João Afonso a garantir que existem processos disciplinares a trabalhadores do referido serviço. E considerou a participação de que foi alvo como uma acção igualmente persecutória.

“A atitude de suscitarem um processo-crime contra mim, enquanto vereador, com honorários pagos pelo dinheiro público, não pelo vosso dinheiro, é com o intuito persecutório de me fazerem calar. Mas não me calam”, finalizou.

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