Voluntários já limparam 27 548 beatas de cigarro das ruas de Setúbal

Voluntários já limparam 27 548 beatas de cigarro das ruas de Setúbal

Voluntários já limparam 27 548 beatas de cigarro das ruas de Setúbal

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Até hoje, 73 jovens limparam 27 548 beatas de cigarro, durante sete horas e meia numa área equivalente a pouco mais de cinco campos de futebol. É preciso olhar para o chão para ver este problema “que se alastra a toda a cidade”

 

Quem visse, ao longe, tantos jovens de cócoras a tactear o chão poderia pensar que procuravam alguma coisa difícil de apanhar. Só de perto dava para perceber que o que estavam a apanhar eram beatas de cigarro. Uma atrás da outra, até somarem dezenas e milhares de beatas como as 16 328 que viriam a ser contabilizadas no final de mais uma prova do Desafio Solidário, organizado pela Voluntiir e pela Academia de Voleibol de Praia, desta vez em associação com a Feel4Planet, um novo grupo de jovens dedicado à protecção e educação ambiental na cidade.

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O sol de domingo de manhã não está demasiado quente, o que até ajuda os elementos da equipa Charrocos a apanhar as beatas que se prendem entre as pedras escuras do Jardim da Beira-Mar. “Nunca pensei que fossem tantas”, exclama Nádia Pinto, 17 anos, sem parar de percorrer o chão com os dedos, protegidos por luvas, para apanhar as pontas ora castanhas, ora já brancas dos cigarros. O irmão Neide, de 28 anos, é que a levou para o voluntariado, depois de tomar conhecimento do problema numa acção de limpeza de praia em Setúbal em que falaram das beatas como “a segunda ou terceira maior causa de poluição das praias”, diz.

No areal da Praia da Saúde, uns quilómetros adiante na linha ribeirinha, outra equipa dedica-se à mesma tarefa, e não é por a Feel4Planet já ali ter limpo 4212 beatas (com a ajuda de 30 pessoas em apenas quinze minutos numa manhã chuvosa) que o cenário é menos preocupante. Na contagem final, o número seria de 3200 beatas limpas do areal, muito procurado pelos setubalenses quando o calor aperta.

Em simultâneo, entre a fonte dos golfinhos e o café Limão e a Fonte das Ninfas e o coreto, na Avenida Luísa Todi, estão mais duas equipas com o mesmo comportamento de quem anda à caça de alguma coisa, suscitando comentários de apoio de alguns transeuntes. Saldo da limpeza: 6756 pontas de cigarro recolhidas, muito longe ainda de compensar as sete mil que são deitadas para o chão, a cada minuto, em Portugal, como se observa nesse momento, por exemplo, à porta do supermercado da avenida.

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Reunidos ao final da manhã numa das sombras do Jardim da Beira-Mar, os 17 participantes contam as beatas uma a uma e juntam-nas num saco de lixo da Câmara Municipal, de onde sai um cheiro agoniante. O monte representa uma quantidade enorme de sustâncias tóxicas, tendo em conta que cada ponta de cigarro liberta 4700 substâncias nocivas, que de outra forma acabariam por transformar-se em microplásticos contaminadores dos solos e das águas que abastecem a cadeia alimentar de centenas de espécies, incluindo os humanos.

“É assustador, está mesmo em todo o lado”, comenta Raquel Gomes, co-fundadora da Voluntiir, num momento de balanço da prova em que todos estão de parabéns. “Só com actividades de voluntariado como esta é que conseguimos tentar mitigar este problema que se alastra a toda a cidade”, afirma, por seu lado, Carolina Nunes, uma das fundadoras da Feel4Planet.

Vânia Silva, Márcia Batista e Mafalda Custódio, residentes no distrito, juntam-se também na dinamização deste grupo, que pretende desenvolver acções de limpeza urbana e sensibilização ambiental e conta, desde a primeira acção, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra e da Capitania do Porto de Setúbal. A ideia é sensibilizar também o município para a gravidade deste problema e incentivar a criação de beatões gigantes em lugares estratégicos. A guerra às beatas promete continuar.

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Veja, na fotogaleria abaixo, como decorreu a atividade:

Fotografias: Feel4Planet
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