Ex-autarca é recordado como “um nome indissociável da história do Poder Local do Distrito e da resistência antifascista”
Faleceu no passado sábado, aos 90 anos, Francisco Lobo, presidente da Câmara Municipal de Setúbal entre 1979 e 1985, eleito pela extinta Aliança Povo Unido.
Francisco Leonel Rodrigues dos Santos Lobo nasceu no Barreiro a 17 de Novembro de 1931. Autor de diversas obras, era membro do Partido Comunista Português desde 1974 e da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), onde “nunca deixou de desenvolver uma intensa actividade”.
Em 1962, “a luta contra a ditadura, pela liberdade e a democracia, levou-o às prisões do fascismo, onde permaneceu dois anos”, lê-se em nota publicada pela Organização Concelhia de Setúbal do PCP na sua página na rede social Facebook.
Já em 1965, mudou-se para Setúbal por motivos profissionais, e na cidade “continuou a lutar contra a ditadura e pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo”.
Neste ano inicia a função de “operário na IMA, antiga empresa de montagem de automóveis”, sendo que “trabalhava desde os 14 anos numa metalurgia”, explica a União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) em comunicado.
No fim da década de 70 assume a presidência da edilidade sadina, cargo que ocupou por dois mandatos.
Em 2003, “pela acção desenvolvida em favor da democracia e dos direitos humanos, a Câmara Municipal do Barreiro atribuiu-lhe o galardão “Barreiro Reconhecido”, na área da “Resistência Antifascista”, enquanto no ano seguinte foi agraciado com a Medalha de Honra da autarquia de Setúbal, na classe “Paz e Liberdade”.
Passados quatro anos, publicou a obra “Histórias de Setúbal / 1974-1986”, “uma edição da URAP, na qual relata as memórias da revolução de Abril, nomeadamente as primeiras manifestações do 25 de Abril e do 1.º de Maio, legado que deixou porque, segundo afirmou, quando a memória se perde é como se não tivesse existido”.
Para a URAP, Francisco Lobo representa “um nome indissociável da história do Poder Local do Distrito de Setúbal e da resistência antifascista, um vulto que deixou a sua marca na memória de todos e é um exemplo para as futuras gerações, que prezam a beleza da luta por um mundo melhor e querem a democracia e a liberdade”.
O corpo de Francisco Lobo vai estar na Capela do Rosário, no Barreiro, a partir das 17h45 de amanha sendo cremado às 11 horas de quarta-feira, em Setúbal.