4 Maio 2024, Sábado
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Ataques cerrados na celebração de Abril

A direita disparou forte sobre PS e PCP. Comunistas criticaram socialistas. Presidente da Câmara defendeu que é preciso lutar contra o radicalismo e o populismo

 

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A sessão solene da Assembleia Municipal do Montijo, que visou assinalar o 45.º aniversário da Revolução de 25 de Abril, ficou ontem marcada por ataques cerrados da oposição (PCP, PSD e CDS-PP) à gestão socialista da Câmara, presidida por Nuno Canta. Os ânimos não se exaltaram mas os discursos foram duros, saltando tudo cá para fora – até mesmo um pedido do representante do PSD dirigido implicitamente ao presidente da autarquia para que este colocasse o lugar à disposição –, ficando ainda patente uma clivagem emergente entre a própria oposição, com a direita (PSD e CDS-PP) a acusar o PCP de alinhar ao lado do PS.

A socialista Catarina Marcelino, presidente da Assembleia Municipal, abriu a sessão e centrou o discurso em algumas políticas adoptadas, em termos nacionais mas também a nível local, que afirmam aquele que é o caminho de Abril. Focou o parque escolar “de qualidade” existente no concelho, o processo de transferência de competências do Governo para as autarquias, aceites pelo município montijense, e a importância da mobilidade, sem a qual, disse, “não há liberdade”, destacando nesse domínio a “criação dos passes sociais” – uma das políticas públicas “mais revolucionárias das últimas décadas”, considerou. Ainda no mesmo contexto, realçou o crescimento económico e as novas infra-estruturas, como “será o caso do novo aeroporto do Montijo”.

As críticas aterraram de seguida com a intervenção de João Merino (CDS-PP), que acusou o PCP de submissão ao PS nacional e de comportamento idêntico no Montijo. O centrista lembrou o caso da alegada “violação de correspondência” na Câmara Municipal e “o atropelo e desrespeito pela Assembleia Municipal” dos socialistas no processo de descentralização de competências, já depois de afirmar que os comunistas não se têm mostrado “nada preocupados com o défice de democracia no concelho”.

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Seguiu-se a intervenção de António Oliveira, pelo Bloco de Esquerda, que funcionou como intervalo no “jogo” das críticas. O bloquista salientou que importa contar “a verdadeira história” do 25 de Abril e que “a hipocrisia e o populismo tomam conta da sociedade”, terminando a citar um texto publicado pela filha de Salgueiro Maia no Facebook.

Críticas duras

O ataque à gestão camarária socialista foi retomado de seguida por Francisco Salpico (CDU). O comunista afirmou que celebrar Abril no Montijo “é não pactuar e denunciar os atropelos à lei e ao normal funcionamento da Câmara e da Assembleia Municipal pelo PS”, considerando que os socialistas transformaram uma maioria absoluta em poder absoluto. A “aceitação cega do PS da descentralização de competências”, criticou, “foi um passar de 23 cheques em branco ao Governo”.

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As críticas mais contundentes aos socialistas surgiram pela voz do representante do PSD, João Massacote, que, a exemplo de João Merino, começou por lembrar que “a verdadeira liberdade” só foi conhecida a 25 de Novembro de 1975.

“No Montijo a liberdade é impedida. Vivemos sob a batuta de mestres da mentira, que impedem os montijenses de conhecerem a realidade do concelho. Difamam, ofendem e mentem”, afirmou, olhando na direcção do presidente da Câmara e realçando igualmente o caso da alegada violação de correspondência. O social-democrata acusou ainda o PS de calar a oposição na Assembleia Municipal e, voltando a dirigir o olhar para Nuno Canta, deixou implícito que o presidente da Câmara “devia colocar o lugar à disposição, pois já não tem condições para ocupar o cargo”.

Já Emanuel Martins, pelo PS, pautou a sua intervenção por uma tónica suave, salientando o combate que deve ser feito às “desigualdades sociais, injustiças”, até porque, alertou, “nunca a democracia foi tão ameaçada como neste século”.

Nuno Canta encerrou os discursos, começando por saudar os militares que tornaram possível a Revolução dos Cravos e defendeu: “O 25 de Abril é hoje a liberdade de cada dia, mesmo para aqueles que não gostem dele, como hoje aqui já ouvimos”.

O presidente da autarquia não deixou passar em claro os ataques de que foi alvo e comentou as intervenções dos adversários políticos: “Mesmo sem o saberem, estão a celebrar Abril. A liberdade devêmo-la ao voto do povo, neste caso ao povo do Montijo.”

O investimento na Educação, no abastecimento de água – “a do Montijo é a mais barata da região”, frisou –, no saneamento básico e tratamento dos resíduos, no Serviço Nacional de Saúde e na acção social foram exemplos que o socialista salientou para enaltecer as conquistas de Abril, antes de voltar a contra-atacar. “Já aqui se viu hoje que o Poder Local Democrático tem ameaças latentes. Temos de lutar contra o radicalismo e o populismo. Somente com fraternidade se garante a liberdade”, concluiu.

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