Rui Magalhães: “No Seixal Vivemos num cenário parado no tempo”

Rui Magalhães: “No Seixal Vivemos num cenário parado no tempo”

Rui Magalhães: “No Seixal Vivemos num cenário parado no tempo”

“Liberdade também é sinónimo de poder de compra. Em 2017

O cabeça-de-lista da Iniciativa Liberal acusa a CDU de esbanjar milhões em propaganda

Rui Pedro Magalhães, 52 anos, é diplomado em Administração e Gestão de Empresas pela Universidade Católica. Actualmente, é um quadro superior do Fundo Rainha D. Leonor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

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Natural do Porto, viveu grande parte da sua vida no concelho de Cascais, radicou-se no Seixal há cerca de 5 anos. Segundo diz, foi esta mudança que o motivou a aceitar o desafio de se candidatar, ao tomar consciência de que o enorme potencial do concelho do Seixal não está aproveitado na sua totalidade.

É a primeira vez que concorre a um cargo político. Rendido à beleza da Margem Sul, decidiu abraçar a causa Liberal.

O que o motivou a aceitar este desafio autárquico?

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Sou natural da cidade do Porto e nunca estive ligado a um partido político. Todavia, desde jovem adulto que possuo consciência social, que procuro conhecer como funcionam as estruturas do País. Por isso, comecei a sentir uma grande angústia quando dei conta que vivia num País tão bonito mas muito atrasado, subdesenvolvido. Talvez por conhecer outras realidades, outros países. Os portugueses são pessoas com grandes capacidades, que começaram a ser respeitadas lá fora.

Portanto, questionei-me: o que se passa neste País? Porque é que não evolui quando possui todas as condições para isso, quando tem gente de reconhecido valor? A verdade é que grande parte dos portugueses tem que emigrar, porque aqui não podem crescer e ser felizes.

Entretanto, numa troca de opiniões com amigos, inclusivamente com elementos da Iniciativa Liberal, cheguei à conclusão de que vivemos, aqui, num cenário parado no tempo. Mudei-me para o Seixal com grandes expectativas, experimentei a beleza das margens da Baía. Mas o que vejo hoje é o mesmo que via há cinco anos. Portanto a IL convidou-me, mesmo sabendo que eu não tenho aquilo a que chamam aspirações políticas. “Nós gostamos do seu ponto de vista e vemos que tem ideias interessantes”, disseram-me, na altura. Desafiaram-me e, agora, não lhes posso virar as costas. Comecei, então, a pensar no que se passava aqui e no País. Por isso estou tentado a fazer algo diferente. Escolhi este local para viver não por acaso.

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Que visão tem do concelho do Seixal actualmente?

No sítio da CDU, aliás, caracterizado por grande carga publicitária, o actual presidente da Câmara diz-nos que o Seixal é sinónimo de qualidade de vida, enumera as obras feitas ou em curso, a criação de postos de trabalho…, e diz que será assim no novo mandato. Contudo, a sensação que tenho é que o Seixal se caracteriza por uma grande falta de dinâmica. A gestão CDU faz propaganda de milhões para aqui e para ali, mas não diz que há muito dinheiro esbanjado.

Eu não sou de direita, nem de esquerda, como não sou contra ninguém. Tenho o maior respeito pelo presidente da Câmara. Mas corre tanto dinheiro, publicitam-se tantas obras… e está tudo parado. O mesmo se passa no Partido Socialista: logo que chega ao poder, julga que o Estado é ele. Perdem a noção que foram eleitos para desenvolverem o País, não para se governarem. Esta situação deixa-me triste e inconformado.

O que se passa no País, passa-se no quadro autárquico. Tomam conta das associações, das colectividades, dos clubes de futebol… A publicidade da Câmara é a confirmação disso mesmo. O País está preso por interesses, e no município é a mesma coisa. Veja-se o discurso da liberdade, da Festa do Avante, do Abril sempre… De que liberdade estamos a falar? A de deixar o pessoal andar à solta? É dessa liberdade que eles falam… Mas nós já não vivemos na ditadura, teoricamente estamos numa democracia. Segundo dados da Pordata, o município do Seixal cobra mais impostos aos munícipes do que as câmaras vizinhas, como as do Barreiro, Almada e Moita, e mais até do que as de Sintra, Vila Franca e Odivelas.

Ora, liberdade também é sinónimo de poder de compra. Em 2017, o poder de compra na área do município era o terceiro mais baixo da Área Metropolitana de Lisboa (AML); em 2009, era 7% abaixo da média; em 2011, melhora – 6%; em 2012, volta a cair para os 10%. Perante isto, pergunto: onde está o progresso? O Seixal é o concelho com maior número de utentes por centro de saúde. A taxa de longevidade, em 2020, era a segunda mais baixa da AML. Estes indicadores são dramáticos. É esta a liberdade que a CDU quer para os seus munícipes? De que liberdade podem gozar cidadãos sem dinheiro?

 Em que pilares assenta a campanha da Iniciativa Liberal?

Temos como lema “Valorizar o Seixal”, no qual se destacam quatro vertentes.

Valorizar as pessoas. Queremos uma universidade no concelho do Seixal. Em 2019, os ensinos pré-escolar, básico e secundário do concelho congregavam 26 158 alunos; em 2009, esse número era de 25 290. Nos 18 municípios da AML, há 86 estabelecimento do ensino superior. No Seixal não há nenhum.

Valorizar o ambiente. Como se pode aguentar o cheiro nas imediações da Ponte da Fraternidade ou da Quinta da Trindade, onde há pessoas a praticarem desporto? Há que despoluir a Baía, para nela se tomar banho e fazer desporto. Ainda se vêem esgotos domésticos a escorreram para a Baía, tenho fotografias. Há plásticos, pneus por todo o lado, a água completamente poluída liberta um cheiro nauseabundo.

Valorizar a gestão da autarquia e os funcionários municipais. Na Câmara trabalham pessoas muito qualificadas. Não faz sentido, por exemplo, encomendar pareceres, jurídicos ou outros, ao exterior, quando existem funcionários com condições e competências para os elaborar. Queremos que os munícipes participem na gestão autárquica. Com as novas tecnologias, os munícipes podem instalar uma aplicação no telemóvel através da qual possam chamar a atenção para situações que lhe pareçam menos correctas. Queremos pessoas incluídas, que concorram para a boa gestão da vida municipal.

Valorizar a criação de riqueza, através da dinamização da economia, da educação, do turismo, do desporto e do empreendedorismo.

 O que mais critica na gestão autárquica da CDU?

A falta de verdade, aliás, como se conclui pelo que atrás foi dito. Com a CDU, liberdade não existe. Dá dinheiro para as casas do Benfica e do Sporting, que seria melhor canalizado para as escolas, por exemplo. É notório a baixo nível de educação e formação e a alta taxa de abandono escolar. As colectividades são mantidas com dinheiros da Câmara, e as pessoas vivem na ilusão de que estão a praticar desporto gratuitamente. Não! Estão a pagar essa prática com o dinheiro que lhes é retirado pela autarquia.

Sendo assim, que razões encontra para a longa permanência da CDU ao leme dos destinos da autarquia?

Por um lado, a influência do Partido Comunista, que realmente é forte. Depois, a pessoas, devido à sua baixa formação, porque estão subjugadas, não se apercebem de muita coisa. A CDU não está interessada em que as pessoas possam voar sozinhas, possam ser independentes. E o Partido Socialista funciona da mesma forma. Nisso, são idênticos. Os partidos mais à direita deram a Margem Sul como uma batalha perdida. O PS, no entanto, é que tem estado mais próximo de se constituir como uma alternativa.

A noção que tenho, em geral, é a de que os políticos só têm como objectivo o poder, não governar o município com rigor. Querem o poder para manobrar, manipular. Não se despem da vaidade, não abraçam o orgulho de fazerem parte da sociedade. Contrariamente, a nossa proposta é séria e honesta, tendo como foco central as pessoas. São elas que podem relançar a economia. E os impostos gerados por essa economia podem sustentar os serviços públicos, não o contrário.

Se for eleito, ou estiver em posição de decidir, que medidas lhe parecem as mais urgentes?

Primeiro que tudo, fazia um diagnóstico, um retrato, um ponto da situação do município. Estudaria a forma de implantar uma Universidade no concelho e trataria da questão ambiental, da mobilidade, com o melhoramento dos transportes para Lisboa. Estudaria também o sistema dos transportes fluviais. Acho que seria benéfico para a população ligar o triângulo Seixal – Barreiro – Cais do Sodré. Ocupar-me-ia ainda do prolongamento do Metro de Superfície até ao Seixal e daria muita atenção às necessidades sentidas pelos habitantes dos bairros da Jamaica, Cucena, Quinta da Princesa e Santa Marta do Pinhal.

O que faria para tirar de ponto morto a construção do Hospital do Seixal?

Há um défice de cuidados de saúde no nosso concelho, o oitavo, na AML, com menos empresas de saúde e apoio social. A AML tem 59 unidades hospitalares nos seus 18 municípios. Por conseguinte, teria de sensibilizar os departamentos governamentais para as carências de saúde no Seixal. Asseguro que me iria empenhar a fundo nesse sentido.

Ora, se a CDU, que é a mão direita do Governo, não conseguiu até agora, quando é que vai conseguir?

Como encara a ascensão da extrema-direita na Europa e no nosso País?

Com profunda apreensão, embora compreenda o fenómeno. Trata-se, no fundo, de uma expressão de revolta contra a nossa realidade. Estou certo de que muitos desses elementos nem conhecem os valores da extrema-direita. No entanto, votam nela por uma questão de desagrado com a sociedade. O que é perigoso. Mas o verdadeiro instigador desse movimento é o PS, porque lhe interessa fragmentar a direita, criar instabilidade e, assim, manter-se no poder.

Uma sondagem publicada por O SETUBALENSE deu à Iniciativa Liberal 2,5% de peso eleitoral. O que seria, em sua opinião, um bom resultado nas próximas eleições?

Seria colocar o nosso projecto na vida do município, concluir que as pessoas compreenderam a nossa mensagem. Uma vitória da IL faria deste município um exemplo de mudança para todo o País.

Portanto, está realmente optimista?

Sim, estou optimista e confiante. Temos uma proposta, envolvendo as pessoas, nunca vista até aqui.

Que podem esperar os trabalhadores do município caso alcance uma votação que lhe outorgue poder de decisão?

Podem esperar a valorização das suas carreiras, esperar por condições que lhes permitam pensar, inovar, participar no desenvolvimento do município. O contributo deles é fundamental, pelos conhecimentos que adquiriram. O recurso a serviços externos seria uma excepção. Os trabalhadores são a alma do município. Gostarei de os ver realizados no trabalho e na vida. Quero pessoas alegres, com vontade de viver e crescer.

 

 

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