Programa de visitas guiadas mostrou passado e presente dos conventos da Quinta de São Paulo
A primeira edição do Festival Imersivo aCerca, realizada nos dias 17, 18, 24 e 25 de Julho, e que terminou este domingo, foi uma iniciativa positiva, de acordo com a Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS), organizadora do evento.
Fábio Vicente, responsável pela organização, explicou que o evento foi bem recebido e bastante procurado pelo público, tendo as visitas esgotado num curto espaço de tempo. “As pessoas procuram a cultura, e este é também um local que desperta muita curiosidade”, afirmou o organizador.
O Festival, de acordo com a AMRS, foi lançado com o objectivo de “proporcionar uma experiência imersiva na história e interpretação do Convento de São Paulo e Convento dos Capuchos”, recorrendo a visitas guiadas “para a descoberta, aventura e usufruto da paisagem natural dos Conventos de Alferrara”.
O Festival arrancou com a visita guiada feita pelos arquitectos Victor Mestre e Sofia Aleixo, autores do projecto de restauro do Convento de São Paulo, o que permitiu aos visitantes perceber, com mais pormenor, o trabalho que levou ao restauro do edifício do século XIV, que esteve fechado por mais de 50 anos.
No dia seguinte, pela explicação do geólogo Miguel Rosado, foi possível entender os aspectos essenciais sobre a composição geológica do local e também o choque entre as placas europeias e africanas que deram origem à cordilheira onde está inserida a Serra da Arrábida.
O último fim-de-semana do festival, abriu com as visitas guiadas do arqueólogo Carlos Tavares da Silva e o historiador João Luís Fontes, o que levou os visitantes a uma viagem da sociedade pré-histórica para a época medieval.
Carlos Tavares da Silva mostrou alguns dos vestígios do período neolítico presentes entre o património natural da Quinta de São Paulo, como são as grutas artificiais que albergavam “câmaras funerárias colectivas”, como explicou o arqueólogo.
Já João Luís Fontes, mais focado na época medieval, trouxe apontamentos sobre a construção dos conventos, as suas diferenças e alguns elementos que caracterizavam as ordens religiosas dos Paulistas e Capuchos, ali presentes.
A visita promovida pela bibliotecária e contadora de histórias, Paula Margato fechou a ronda de visitas, contando e reflectindo sobre os mistérios, lendas e histórias daquele espaço.
Para além destas visitas e com “objectivo de projectar o visitante para uma relação emocional com o espaço”, a AMRS promoveu os concertos de “Filho da Mãe, O Gajo, Beatriz Nunes e a A Garota Não”, que decorreram, com absoluto sucesso, no Largo do Zambujeiro e de entrada do Convento dos Capuchos e nos antigos jardins do Convento de São Paulo.
A Associação de Municípios, pelas palavras de Fábio Vicente, espera que esta tenha sido a primeira de muitas edições deste Festival, e desejam que, no futuro, a Quinta de São Paulo esteja aberta mais vezes para que o público tenha acesso ao “rico património histórico e natural” ali presente.