Comerciantes comparam procura inicial, após o confinamento, à do Natal, mas alguns problemas mantêm-se e a apreensão pelo futuro continua
O movimento e volume de negócio na reabertura do comércio, na baixa setubalense, nesta fase de reabertura após o confinamento, superaram as expectativas. “Toda a gente estava um pouco desejosa de voltar”, afirma Milene Sanches, responsável da loja de roupa Laurel. Margarida Cantante, da loja de roupa para bebé e criança “Ativo”, comparou a reabertura, inclusivamente, ao período natalício, onde existe, naturalmente, um pico do volume de negócio.
A narrativa é reforçada por Guida António, das “Confecções Alves”, comentando: “acho que as pessoas como estiveram muito tempo fechadas em casa tinham aquela necessidade de andar na rua às compras”. Confessa ainda que: “Sinceramente, não estava à espera de que houvesse tanta gente a comprar, pensei que a coisa fosse assim mais fraca.”
Quem andar pela baixa setubalense e falar com quem por lá anda e trabalha, sabe que, e apesar do desenvolvimento turístico da cidade, o comércio local enfrenta, há já alguns anos, uma redução do movimento naquela zona da cidade e o, consequente, volume de negócio. O comércio tradicional tem de que competir com as grandes superfícies comerciais, e sente uma procura menos expressiva, com uma clientela mais velha, mais familiarizada e fideliza-da, segundo os próprios lojistas, não obstante um ou outro deambulante curioso que por ali passa.
Apesar do bom arranque, a reabertura apresentou alguns desafios para o comércio local. Liseta Henriques, do espaço Zeta Nel, comenta que a venda ao postigo foi o período mais conturba-do porque “as pessoas não percebiam que não podiam entrar nas lojas”. Por isso, e também pelo aperto económico, tentaram apostar nos directos no Facebook, para apresentar as peças de roupa e algumas novidades em stock. Juntou-se a isso também, inicialmente, segundo a generalidade dos lojistas, talvez algum receio por parte dos clientes em sair à rua e frequentar espaços públicos e fechados.
Contudo, a aposta nas redes sociais e em outras plataformas não foi alternativa suficiente. Milene Sanches explica que: “o nosso cliente está mais habituado ao contacto connosco para puder ser aconselhado ao comprar algumas peças”, e tiveram por isso dificuldade em “colmatar a distância com o cliente”. Foi o que também aconteceu no espaço Classic Man,gerido por Isabel Bandarra e Ângelo Calapez, explicando que, também, os seus clientes não estão voltados para o online, não obstante terem sido feitas algumas entregas ao domicílio, que só foram possíveis por beneficiarem de uma clientela já conhecida e fidelizada.
A felicidade e algum oxigénio dado pela boa reabertura, começa a dar lugar à apreensão, já que o movimento começa a estagnar. Para Liseta Henriques, uma das causas desta estagnação, foi a reabertura dos centros comerciais: “especialmente pelos jovens que não tinham alternativa se não o online ou virem às lojas”.
Apesar de também estar preocupada, Margarida Cantante olha com normalidade para a redução do fluxo, porque: “as pessoas não vão comprar todos os dias, especialmente quem no início fez compras grandes”:A juntar-se à estagnação, vem ainda, o peso acumulado do difícil ano de 2020, em que as despesas foram muitas. As receitas, até ao momento,
A felicidade e algum oxigénio dado pela boa reabertura, começa a dar lugar à apreensão, já que o movimento começa a estagnar
não conseguem equilibrar as contas. Quando questionados por apoios, a generalidade dos lojistas, arregalam um poucos os olhos, e respondem com um tom desanimado, e também insatisfatório, que foram poucos ou nenhuns.