Transporte de passageiros e mercadorias, será o primeiro com capacidade para contentores frigoríficos
O ministro das Infraestruras de Portugal, Pedro Nuno Santos, deslocou-se, ontem de manhã, ao estaleiro da Navaltagus, no Seixal, para visitar o navio “Dona Tututa”, que entrará ao serviço em Cabo Verde na rota S.Vicente/S. Nicolau/Sal/Boavista, e será o primeiro com capacidade para contentores frigoríficos.
O novo navio da CV Interilhas, da empresa do grupo português ETE, deverá começar a operar até final deste mês, e vem reforçar a ligação de passageiros e mercadorias entre as ilhas cabo-verdianas.
Além do ministro, estiveram na cerimónia de apresentação do novo navio, Pedro Veiga, ministro do Mar daquele arquipélago, Joaquim Santos, presidente da Câmara do Seixal, Eurico Monteiro, embaixador de Cabo Verde em Portugal, e Jorge Maurício, vice-presidente do grupo ETE em Cabo Verde.
No período da visita reservado a breves intervenções, disse o ministro que estava ali com “muito gosto” e por três razões: porque é um “orgulho o Governo trabalhar com o grupo ETE”, que “representa dignamente Portugal lá fora”; porque “estar no Seixal é tomar consciência da importância do grupo ETE para este bonito concelho”; e porque este “barco vai concorrer para o desenvolvimento de Cabo Verde”, país de que “temos orgulho, bem como da sua gente”.
Lembre-se que ETE são as iniciais de Empresa de Tráfego e Estiva, nome do grupo a que pertence o estaleiro da Navaltagus.
Joaquim Santos, por sua vez, sublinhou que o “Seixal faz parte da história do País, pois foi daqui que partiram as caravelas para os Descobrimentos”. Salientou, ainda, que “é com satisfação que a autarquia apoia o grupo ETE”, já que “somos um porto de abrigo para muita gente”, incluindo várias comunidades. A este propósito, lembrou que a maior de todas é precisamente a comunidade de Cabo Verde e que o Seixal “tem um protocolo de desenvolvimento com a ilha da Boavista”.
Ocasião para avivar memórias
Na sua intervenção, Pedro Nuno Santos lembrou, paralelamente ao tema central, que a ligação entre o Barreiro-Seixal “não está esquecida”, mas “que há ainda muito trabalho a fazer”. Com o ministro das Infraestruras ali à mão, o presidente da Câmara lembrou-lhe importantes obras projectadas, mas que ainda não saíram do papel, como o Hospital no Seixal e a expansão do Metro Sul do Tejo.
Referindo-se ao “Dona Tututa”, o ministro do Mar do arquipélago, Paulo Veiga, garantiu que este “significa muito para o desenvolvimento, economia e mobilidade entre as ilhas de Cabo Verde”, e acrescentou: “Ao optarmos por uma solução de qualidade, sabemos que isso vai custar muito ao país, que não possui ainda rotas rentáveis”. Esta embarcação vai ajudar, também, a resolver o problema do transporte de frescos, que é, segundo o ministro, “um processo logístico muito complicado”.
Características do “Dona Tututa”
Trata-se de uma embarcação que foi remodelada e adaptada para navegar entre as ilhas de Cabo Verde. Trazida para o estaleiro do Seixal, vinda dos mares das Bahamas, foi tecnicamente aperfeiçoada e modernizada, de modo a servir com qualidade os passageiros e a transportar as cargas com segurança absoluta.
Tipo Roll-On Roll-Off, tem 69 metros de comprimento, vai até aos 15 nós de velocidade e tem capacidade para transportar 220 passageiros e 43 viaturas ou 11 atrelados de 15 metros. Constitui, segundo a administração da Navaltagus, de “mais um passo na criação de condições para satisfazer a mobilidade dos cidadãos e agentes económicos entre ilhas”. Além disso, traz “consigo mais conforto para os passageiros e também maior acomodação e melhores condições para as tripulações (com capacidade para 16 tripulantes), permitindo mais tempo útil de navegação e reduzindo o tempo de escala em porto”.
Navio “Dona Tututa” homenageia pianista e compositora cabo-verdiana
O nome do navio foi pensado para homenagear a grande pianista e compositora cabo-verdiana Epitâfia de Freitas Silva Ramos Évora, mais conhecida por Dona Tututa ou Tututa Évora.
Nascida no Mindelo, Ilha de S. Vicente, desafiou a “cultura através da combinação da sua formação em música clássica com a música cabo-verdiana”, tendo ainda sido “impulsionadora da igualdade de género dos cidadãos artistas de Cabo Verde”.
Foi explicado que na “escolha do nome do navio, manteve-se presente aquele que é o compromisso da empresa CV Interilhas em aproximar os cabo-verdianos, bem como em manter presente a identidade de um país que, de forma ímpar, tem registado um desenvolvimento ascendente”.