Câmara do Barreiro e parque empresarial assinam protocolo. Objectivo passa por activar equipamentos culturais e valorizar espaços industriais
Jacinto Pereira, presidente da Baía do Tejo, que participou no final da última semana nas sessões de abertura e de encerramento da conferência internacional “Patrimónios Fabris e Requalificação Urbana”, no Museu Industrial daquele parque empresarial, no âmbito das comemorações dos 150 anos do nascimento de Alfredo da Silva, destacou a importância do protocolo recentemente assinado com a autarquia local – com o testemunho da Fundação Amélia de Mello (FAM) –, para o desenvolvimento do projecto Fábrica – Parceria para o Património Industrial do Barreiro.
O plano, explicou, passa por “promover o território a partir do seu património, tornando vivo o tecido social, integrado num conjunto de actividades empresariais, culturais, artísticas e do conhecimento, que o vão tornar ainda mais distinto e singular”.
Para o responsável, este “é um passo fundamental e decisivo, que deve coincidir com o início de uma nova etapa e que se espera ser definitiva” e de “crescente valorização deste território, e em particular do seu património industrial”.
O projecto em causa e o protocolo agora assinado, surgiram na sequência da classificação, pela Direcção-Geral do Património Cultural, de um conjunto de imóveis ligados a esta actividade e à obra social da Companhia União Fabril (CUF), que tem por objectivo “promover a criação de uma marca identitária da cidade que constitua um polo de atracção de novos públicos”.
De acordo com a Baía do Tejo, o projecto quer “activar um conjunto de equipamentos culturais com uma coerência cultural e forte componente de inovação e criatividade”, bem como, concretizar o potencial deste património como “factor de desenvolvimento económico e turístico da cidade”, constituindo-se como “um território de visitação e acolhimento de actividades culturais e artísticas”.
Paralelamente, o projecto Fábrica tem ainda em vista “o desenvolvimento da investigação científica ligada à temática do património industrial”, contando com a FAM, que vai presidir ao Conselho Consultivo.
Para a empresa, que tem a seu cargo a gestão do território antigamente ocupado pela CUF, “apostar no ADN empresarial e empreendedor do território, potenciando a presença e a chegada de novas empresas, foi sempre um grande desafio da Baía do Tejo e foi essa aposta que permitiu inverter o saldo de clientes instalados consolidação de resultados positivos, tanto ao nível do número de clientes como de metros quadrados contratados”.
“Um território com alma”
“Este parque empresarial é diferente de todos os outros, pela importância da sua história, pela sua riqueza cultural e é cada vez mais diferente pela sua dinâmica artística”, acrescenta Jacinto Pereira.
“É um território com alma” e “são todas estas novas dinâmicas, que se vão criando e desenvolvendo, que conferem uma segunda vida e que se sustentam neste ADN que o valorizam, que o distinguem e o tornam único, e fazem crescer esta alma”, realça.
Na altura, o responsável garantiu ainda que o parque não se esqueceu de delinear a estratégia da Baía do Tejo com base “na inovação, que se reflecte na diversificação das áreas de actividade, sobre as quais se procura atrair investimento”.
Neste âmbito, “é hoje reconhecida a importância do cluster das indústrias criativas e do conhecimento”, sublinha, que permitiu juntar no Barreiro “importantes referências” como o artista VILHS, a PADA Studios, a Hey Pachuco, Guta de Carvalho, entre outras, bem como a presença de arquivos, como os da Ephemera de Pacheco Pereira, dos Portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra e da própria Fundação Amélia de Mello, além, entre outros, do Espaço Memória da Câmara do Barreiro.
Frederico Rosa, presidente do município, considera que a assinatura do protocolo “vai ser uma ferramenta para o futuro”. Na sua perspectiva, Alfredo da Silva “ensinou a pensar mais além, sem fronteiras, com ambição, orgulho e de peito cheio”.
E concluiu: “estamos a trabalhar neste momento no conceito que herdámos e que queremos transportar para o futuro, do ‘fabricado’ no Barreiro, como uma fábrica de coragem, de quem vem para aqui à procura de renascer para uma vida melhor, com uma fábrica de cultura, com o cluster que estamos aqui a criar e que não temos dúvidas que será uma ferramenta essencial para a promoção da cidade”.