“Jogadores mais velhos acolheram-nos tão bem que parecia que estávamos lá há anos”
Apesar da tristeza que sente por ver o Vitória Futebol Clube na actual situação, após uma decisão administrativa que relegou o clube da I Liga para o Campeonato de Portugal, o médio-ofensivo Bruno Ventura, de 20 anos, não tem dúvidas de que a queda abrupta permitiu que muitos jovens atletas da formação tivessem a sua oportunidade na equipa principal.
“É triste, não só como jogador do Vitória mas como adepto, ver um clube histórico como o nosso descer da I Liga para o Campeonato de Portugal. Não tenho dúvidas que o que aconteceu ajudou os jogadores mais jovens. O Vitória quando estava na I Liga não apostava tanto na formação, fazia-o em parte mas não tanto como este ano”, lembrou.
Na entrevista que concedeu ao programa ‘Sair a jogar’, do Canal 11, o segundo melhor marcador da equipa, com nove golos, que está a ser a principal revelação dos sadinos, considera que a aposta está a surtir efeito. “O clube viu-se obrigado a ir buscar os jovens jogadores e está a dar resultado. Penso que os adeptos podem sonhar com um regresso à I Liga para breve”.
Bruno Ventura, que representa o Vitória desde 2015/16, considera que a forma como os colegas mais experientes acolheram os mais novos foi determinante para a integração. “Os jogadores mais velhos acolheram-nos bem. Tão bem que parecia que estávamos lá há anos quando na realidade só estamos há alguns meses. A integração foi muito boa, a humildade, a boa disposição diária deles, mesmo com as dificuldades que passaram, ajudaram-nos nessa integração”.
A equipa técnica liderada por Alexandre Santana também merece os elogios do médio. “Temos uma equipa técnica que veio connosco dos juniores e facilitou a aproximação das diferentes gerações”, disse, partilhando a sua experiência com o treinador principal. “No início, eu e o mister, nos juniores, ‘batíamos mal’. Fomos começando a falar, eu pedia-lhe a opinião e ele a mim sobre a equipa. Fomo-nos entrosando e hoje damo-nos super bem e considero o melhor treinador com quem já estive”.
Bruno Ventura chegou ao Bonfim para representar os iniciados A e desde então teve uma evolução gigante, garantiu ao Canal 11. “Cheguei ao Vitória com 14 anos e quando olho para trás noto uma diferença abismal tanto como pessoa como jogador. O ambiente de balneário é extraordinário e a disciplina que o futebol nos trás é muito importante”.
Na hora de apontar as suas principais características, o jogador é peremptório. “Considero-me um 10 puro, inteligente. Sei quando tenho de pausar o jogo ou avançar. Considero-me um jogador intenso, com bom ritmo de jogo, bom técnica e tacticamente e com boa bola parada. Sinto que a minha melhor qualidade é a definição que tenho no último terço, seja com passe ou com remate, que nos trazem golos e assistências”.
Subir já à II Liga e representar a Selecção
Em relação aos sonhos que acalenta concretizar na sua carreira, o jovem de 20 anos menciona os objectivos a curto e a médio/longo prazo. “Esta temporada quero ajudar a equipa a subir à II Liga. Queria também representar a Selecção de Sub-20, que agora não é possível por estar parada. O meu sonho maior é representar a Selecção principal, ocupando os grandes palcos com os melhores, e ganhar títulos”.
No momento de eleger o jogador que mais admira, Bruno Ventura não hesita em apontar um internacional espanhol que representa actualmente os ingleses do Liverpool. “Gosto muito do Thiago Alcântara. É um jogador que me enche as medidas, joga sempre de cabeça levantada, já sabe o que vai fazer antes de receber a bola. Identifico-me com em parte com ele, apesar de jogar mais atrás do que eu”.
O jogador do Vitória lembrou o seu percurso até chegar ao emblema setubalense. O primeiro emblema que representou foi o Benfica. “Comecei a jogar futebol com seis anos, na Geração Benfica, no Estádio da Luz. Na altura era chamada turma de talentos porque estavam a preparar a equipa para subir para a competição de benjamins, que veio a acontecer em 2010/11. Estive nessa equipa um ano e no segundo ano de benjamins fui para o Atlético Povoense”.
E continua: “Joguei um ano no Povoense e depois fui para o Belenenses, clube onde estive época e meia. Depois fui para o Sacavenense, tendo jogado aí também época e meia. Quando era do escalão de iniciados A fui para o Vitória, clube onde estou até hoje”. Bruno Ventura explicou ainda no programa a razão pela qual os adeptos sadinos dizem que “o Vitória não é grande, é enorme”. “A história é que como o Vitória não podia ser considerado um grande como o Benfica, Sporting e FC Porto, apesar de ter alguns títulos como Taças de Portugal e da Liga. Como o Vitória não é um clube grande nem pequeno, a cidade chama-o de enorme”.