“Andamos a falar com embaixadas e empresas privadas”, revela a autarca Maria das Dores Meira
A Câmara Municipal de Setúbal está empenhada na tentativa de encontrar soluções que permitam ao Vitória Futebol Clube sair da grave situação financeira em que se encontra. A revelação foi feita pela própria presidente do município, Maria das Dores Meira, que adiantou em entrevista concedida à SIC que já encetou inclusivamente contactos no sentido de ajudar o principal emblema desportivo da região.
“Andamos a falar com algumas embaixadas, as coisas estão a andar bem. Estamos a falar com empresas privadas. Há-de aparecer alguém, vai aparecer alguém”, disse a autarca esperançosa nas intervenções que fez na reportagem emitida no sábado por aquele canal de televisão, deixando a garantia de que os setubalenses “não vão ceder porque são de Setúbal e são do Vitória”.
Carlos Silva, presidente do Vitória desde finais de Dezembro de 2020, não tem dúvidas de que a única solução para o clube passa pela entrada de um investidor e a estratégia passa por permitir construção nos terrenos do Bonfim. Para tal ser possível, a autarquia desempenha um papel fulcral, vinca. “A parte imobiliária é a que tem maior número de soluções. O estádio não precisa sair daqui, há soluções para modificar o estádio e torná-lo moderno. Para isso há um factor muito importante, que é decisório, a Câmara Municipal de Setúbal”.
Detentora dos direitos de superfície dos terrenos do estádio do Bonfim, a Câmara Municipal assegura que, independentemente do que o futuro reserve, defenderá de forma intransigente os interesses do clube e da cidade. “Não pode é estar em saldo e ser entregue a qualquer preço a pessoas cujos interesses especulativos estejam acima dos interesses do Vitória. No prato da balança tem de haver as duas coisas: tem de ser bom para a cidade e para o Vitória”.
Apesar dos esforços desenvolvidos até ao momento, Maria das Dores Meira sublinha que nada ainda foi conseguido, mas mostra-se optimista em relação ao futuro. “Ainda não apareceu essa solução. Estamos a ajudar o Vitória em relação a isso. Acho que somos capazes de motivar as pessoas a virem cá investir”, disse em alusão à possibilidade de permitir a construção no Bonfim para salvar o Vitória com todas as garantias do investidor.
Na reportagem da SIC, o líder dos vitorianos, Carlos Silva, confessou que a direcção a preside desconhece a real dimensão da situação financeira do clube e da SAD, dando como exemplo as informações díspares existentes. “O presidente da mesa da Assembleia-Geral [David Leonardo] tem três documentos com eles e todos têm valores diferentes. O Vitória não tem receitas. A única que vai tendo são as quotas pagas pelos seus associados”.
Não obstante as dificuldades existentes, o dirigente promete aos sócios do clube que tudo fará para manter a SAD solvente. “A nossa primeira intenção é tentar salvar a SAD, vamos lutar para o fazer”. Por outro lado, Maria das Dores Meira não escondeu o seu sentimento, transversal a todos os que gostam do Vitória, pela situação actual. “Estamos a viver um momento muito complicado, um momento muito triste na cidade, tendo em conta que a história do Vitória e da cidade se confundem”.
Estádio nas mãos do município a 1 de Setembro
Recorde-se que a 1 de Setembro de 2020, quando a Câmara adquiriu os direitos de superfície do estádio do Bonfim, Maria das Dores Meira congratulou-se pelo feito. “Hoje foi o dia em que o estádio do Vitória FC foi libertado das mãos dos credores, voltando à posse do Município de Setúbal. A Câmara Municipal de Setúbal deu hoje o passo final para garantir a posse do estádio do Bonfim ao adquirir em hasta pública, por um milhão e meio de euros, os direitos de superfície colocados à venda no âmbito do processo de insolvência da empresa que foi detentora destes direitos”.
Sobre a operação que permitiu a aquisição, a autarca adiantou na altura na sua página do Facebook: “na verdade, e apesar de a aquisição ter sido realizada, formalmente, pelo valor indicado, a autarquia não teve de pagar qualquer quantia e fica ainda com um crédito remanescente de cerca de 600 mil euros, uma vez que já tinha na sua posse direitos no valor de mais de 2,1 milhões adquiridos ao BCP em Julho”.
E acrescentou: “a cidade e clube ficam assim com a garantia de que o estádio, ainda que, e sempre, na posse plena do município, poderá continuar a ser utilizado para a finalidade para que foi construído pelos setubalenses e o Vitória fica livre da preocupação de perder o seu histórico campo em qualquer operação imobiliária especulativa”.
Finalizando a publicação com uma garantia: “tal como escrevi há dias aqui, e agora repito, e como sempre tem acontecido, continuaremos ao lado do Vitória Futebol Clube para o apoiar na procura das melhores soluções que assegurem a sua viabilidade futura”.