São Bernardo mantém dificuldades na resposta à Covid-19 com doentes a aguardar 24h00 por resultados de testes

São Bernardo mantém dificuldades na resposta à Covid-19 com doentes a aguardar 24h00 por resultados de testes

São Bernardo mantém dificuldades na resposta à Covid-19 com doentes a aguardar 24h00 por resultados de testes

Fotografia: ALEX GASPAR

Familiares de utentes confirmaram a O SETUBALENSE longos tempos de espera, num local “gelado” e sem condições para distanciamento entre positivos e suspeitos Covid-19

 

Com o Plano de Crise ou Catástrofe activado desde segunda-feira o Hospital de São Bernardo continua a enfrentar dificuldades no atendimento célere a todos os utentes com possível contágio por Covid-19 ou a casos já confirmados. Na área da urgência dedicada à Covid o tempo de espera para atendimento médico é superior a 12h00 e a conclusão de todo o processo, desde a chegada, até à alta, é superior a 24h00 em muitos casos.

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Ao final da tarde de ontem, pelas 19h00, a utente Maria Santos, de 51 anos, em declarações a O SETUBALENSE afirmou que a situação na área de urgência dedicada à Covid-19 era “caótica”, referindo que “utentes com teste positivo estavam lado-a-lado com doentes ainda não confirmados positivos, sem distanciamento social assegurado, em instalações sem isolamento térmico onde todos gelam”, afirmou.

As perspectivas de atendimento também não eram melhores.

“Ao que apurei junto da funcionária que recebeu a minha inscrição o tempo médio de espera para atendimento médico é de 12h00”, referiu Maria Santos.

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Um cenário que O SETUBALENSE acompanhou, no local, desde as 14h45.

Utentes que haviam dado entrada terça-feira, volvidas 24h00, ainda aguardavam os resultados do segundo teste e de exames complementares, um dos quais um homem com 94 anos.

Uma situação que Jorge Silva, filho de uma das utentes a aguardar resultado de teste desde o final da tarde de terça-feira, considerou ser “inadmissível” depois do que descreveu como “uma noite gelada para quem esteve dentro do pré-fabricado a aguardar tratamento e para os familiares que ficaram na rua”. Jorge Silva refere ainda que “entre a meia-noite e as 8h00, apenas uma pessoa foi chamada para atendimento médico”.

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No exterior, bombeiros de várias corporações do distrito que passaram pela área dedicada à Covid-19 e serviço de Urgência Geral afirmaram também que a situação vivida dentro do Hospital de São Bernardo é “muito preocupante e grave, com casos a chegar a todo o instante”.

Durante a tarde, entre as 14h45 e as 17h00, para três utentes que saíram da área Covid entraram mais três e o afluxo de ambulâncias foi de duas por hora. Com o número de utentes a manter-se sempre em 22.

No serviço de Urgência Geral e Emergência a entrada e saída de ambulâncias das Corporações de Bombeiros de Pinhal Novo, Palmela, Águas de Moura, Sesimbra e Grândola, para além de Setúbal, foi constante. E o tempo de espera dos utentes, entre a entrada no serviço e a alta, também era “em muitos casos superior a 24h00”, segundo familiares dos mesmos confirmaram a O SETUBALENSE.

Apesar das longas horas de espera para tratamento médico, a triagem nunca esteve lotada e pelas 17h00 apenas sete utentes aguardavam entrada.

O SETUBALENSE contactou o Centro Hospitalar de Setúbal, com o objectivo de conhecer que implicações terá a activação do Plano de Crise ou Catástrofe na mobilização de mais médicos e enfermeiros e possível abertura de áreas de campanha para receber doentes mas, até ao fecho desta edição, não foi possível obter resposta.

 

Nível vermelho accionado até redução no afluxo de doentes

 

No decorrer dos últimos dias, o serviço de Urgência do Hospital de São Bernardo foi procurado por um elevado número de utentes, nomeadamente por parte de doentes infectados com a Covid-19, situação que levou a administração a accionar esta segunda-feira, pela primeira vez em seis décadas, o nível vermelho do seu plano de contingência.

A medida, segundo circular normativa a que O SETUBALENSE teve acesso, foi implementada depois do crescimento exponencial de doentes que se deslocaram ao serviço de Urgência quase ter levado ao colapso da unidade hospitalar. Desta forma, a última fase do Plano de Crise ou Catástrofe vai permanecer activa até que “a situação mostre níveis de redução progressiva no afluxo de doentes em 72 horas consecutivas”.

Como reforço da decisão, a administração procedeu, também, à suspensão das actividades programadas “no espaço das Consultas Externas I e II que não sejam tidas como prioritárias ou urgentes”. Para os profissionais de saúde que considerem ser importante permanecer afastados das suas famílias por questões de segurança, foram ainda disponibilizadas a Escola Superior de Hotelaria de Setúbal e a Pousada da Juventude para o efeito.

 

Suspensão do travão às horas extraordinárias deve aumentar cansaço dos profissionais de saúde

 

A activação da última fase do Plano de Crise ou Catástrofe no Hospital de São Bernardo, medida accionada na passada segunda-feira no sentido de contrabalançar o elevado número de doentes que se tem deslocado à unidade hospitalar, parece suscitar algumas dúvidas nos profissionais de saúde, segundo conseguiu apurar O SETUBALENSE.

A principal alteração implementada pela administração consiste na alteração da capacidade de resposta do hospital, de forma a conseguir compensar o crescimento exponencial de utentes que acorreram ao serviço de Urgência Geral nos últimos dias, através da eliminação da medida que limita a prestação de trabalho extraordinário.

No entanto, há profissionais de saúde que consideram que a situação se mantém, uma vez que não é possível controlar o número de doentes que se deslocam ao hospital, provocando apenas o aumento de cansaço do sector.

A situação, que chegou a ser considerada caótica pelo Centro Hospitalar de Setúbal, levou inclusive à ventilação de um doente no chão no passado sábado.

 

Com Maria Carolina Coelho

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