Em “A Arte dos Barcos”, o fotógrafo usa imagens a preto e branco para contar a história de uma Baía do Seixal vivida nos estaleiros
A Galeria Augusto Cabrita, no Seixal, tem patente até 16 de Janeiro de 2021 a exposição “A Arte dos Barcos”, de Carlos Abreu. Trata-se de um conjunto de instantâneos a preto e branco que revelam como o autor vê e sente a beleza das embarcações e do aço que lhes dá corpo, dos homens que lhes dão vida e das águas que as suportam e as levam a outros mundos.
É um trabalho fotográfico que ajuda a compreender também o esforço do ser humano para dominar materiais que poderiam parecer mais fortes do que ele próprio. Por isso, passar pelo espaço do certame e demorar os olhos uns minutos em cada peça, calculada na perfeição em aberturas do diafragma e velocidades do obturador, é ganhar tempo de vida, é encaixar a fotografia no conceito geral de arte de cada um.
Diz Carlos Abreu que tem como modelos inspiradores Sebastião Salgado e Eduardo Gageiro, artistas mundialmente consagrados pelos seus trabalhos de imagem a preto e branco, confissão bastante para despertar uma imensidade de impaciente curiosidade.
Joaquim Santos, presidente da Câmara do Seixal, enquadra bem a exposição quando expressa que “outrora as margens da Baía [do Seixal] eram orladas por estaleiros navais artesanais com os seus operários, cujo saber fazer era fruto de uma aprendizagem secular, transmitida de geração para geração por meio de um arquitectar quotidiano. Foram os artífices na construção e recuperação das embarcações tradicionais de madeira com as suas mãos hábeis e calejadas”.
Por seu lado, Manuel Lima, conhecido historiador e estudioso aturado de tudo o que se relaciona com o concelho do Seixal, salienta num texto inserido no catálogo da exposição: “Trata-se de um trabalho imbuído de movimento, de uma exposição com vida, onde o fotógrafo conseguiu interagir com quantos ali trabalham. A exposição de fotografia “A Arte dos Barcos” permanecerá, para o futuro, como um excelente trabalho, feito nesta segunda década do novo milénio, que exalta e enaltece a arte da construção naval, uma das tradições seculares do município do Seixal”.