Sesimbrenses pedem acção. Presidente Francisco de Jesus teme que o desfecho prejudique os contribuintes
Mais de duas centenas de pessoas marcaram presença numa manifestação contra o aterro ilegal situado numa antiga pedreira na localidade do Zambujal. A iniciativa partiu de um grupo de moradores e contou com uma marcha lenta desde o Estádio Vila Amália até ao local, que procurou alertar para a gravidade da situação.
Com receios de que a qualidade do ar e a saúde pública estejam em risco, várias pessoas relataram os problemas com que se deparam, reiterando a existência de um cheiro intenso e fumos que saem do solo. A Câmara Municipal de Setúbal e a Junta de Freguesia do Castelo associaram-se à iniciativa, na qual foi colocada em cima da mesa a hipótese de um novo protesto, desta vez para as portas do Ministério do Ambiente. “Não nos vamos calar. Não nos podemos calar porque esta situação dura há muito tempo e, por isso, temos de estar juntos para conseguirmos defender o nosso concelho”, prometeu Maria Manuel Gomes, presidente da JF.
Esta manifestação surgiu após várias tomadas de posição da autarquia contra o aterro que contesta desde o último trimestre de 2019. A Câmara Municipal teve conhecimento que a licença da empresa exploradora foi revogada em junho do mesmo ano e desde então tem notificado as entidades competentes para que sejam tomadas medidas para travar o incumprimento. Mais recentemente, o caso foi remetido para o Ministério-Público pela CCDR-LVT.
A O SETUBALENSE, o presidente da autarquia sublinhou que problemas semelhantes a este acontecem um pouco por todo o país e teme que a história se repita. “A nossa preocupação é parar a actividade. A empresa tem reiteradamente acusado a Câmara Municipal mas a história diz-nos que, normalmente, quando isto acontece, as empresas acabam por sair, abrem insolvência e o problema irá aqui continuar e a recuperação será feita a custo dos contribuintes”, disse Francisco Jesus. “Empresa detentora do terreno não é a mesma que detém a titularidade da exploração, mas sabemos que administradores dessas empresas já o foram de uma e de outra. Não sendo órgão de investigação criminal, leva a pensar que há uma relação entre as duas. Sabemos que este é um caso de polícia. Garantidamente há um grande negócio por trás de toda esta operação que não começa nem acaba no Zambujal”, acrescentou.
O edil sublinhou que o aterro “nem sempre está aberto mas sempre que é preciso, por vezes em operações noturnas”, são depositados resíduos no local e que está a decorrer uma investigação da Polícia Judiciária. Perante a situação atual, Francisco Jesus admite que a autarquia pondera avançar para uma avaliação da qualidade do ar: “Estamos a aferir junto de dois ou três laboratórios a possibilidade de, fora do espectro da pedreira, porque não podemos entrar lá, conseguirmos ter um mecanismo de avaliação dos detritos e da qualidade do ar. Disseram-nos que isso não servirá para efeitos legais ou ações judiciais, até porque a legislação que temos sobre a qualidade do ar está muito centrada no ambiente urbano e no CO2, mas é importante que a população perceba se podemos estar mais descansados.”