Leonor Freitas revela que os destinos mais recentes dos produtos de uma das adegas mais procuradas na actualidade são, Taiwan, Nigéria e Gana
No ano do centenário da Casa Ermelinda Freitas, Leonor Freitas, o rosto desta reputada adega de Palmela fala na mais recente aposta da adega, (o vinho verde) e do desejo de ter no mercado o mais rapidamente possível os vinhos do Douro com o carimbo da casa. Consolidar o mercado interno e ganhar cada vez mais influência mundo fora são as principais prioridades
Como está a correr este ano comparativamente a 2019?
A Casa Ermelinda Freitas não teve diminuição na produção, temos vinhas novas a produzir e também adquirimos uvas a produtores da região (sendo esta uma das responsabilidades sociais da empresa). A qualidade é muito boa e, portanto, nada nos leva a pensar que não vamos continuar a ter grandes vinhos e a dignificar a grande região que é a Península de Setúbal.
O que a Casa Ermelinda Freitas procura diariamente é arredondar os espinhos provocados pela Pandemia de Covid-19, tomando todas as medidas possíveis para que, sobretudo os nossos funcionários e colaborares sejam o menos possível afectados. Queremos que cada um dos nossos colaboradores seja agente da sua própria saúde podendo assim ajudar na saúde de quem o rodeia. Por enquanto temos de agradecer pois não tivemos nenhum caso, mantive-mos todos os postos de trabalho, não fomos para lay-off, e agradecemos todos os dias aos nossos consumidores que nos vão ajudando ao adquirir os vinhos da Casa Ermelinda Freitas.
2020 é o ano de comemoração dos 100 Anos de Vinhas & Vinhos da Casa Ermelinda Freitas. Mas o ano de 2020 para nós tornou-se o ano de luta e perseverança, pela vida humana, pelos postos de trabalhos, pela segurança dos nossos funcionários, amigos e consumidores. Actualmente é com isto que estamos comprometidos e será a nossa luta para este ano do centenário. Queremos que todos estejam bem e que se preservem.
Nestes cem anos que principais desafios enfrentou?
Os momentos mais marcantes são sem dúvida, quando saio de Fernando Pó para poder estudar. Quando, após trabalhar mais de 20 anos como técnica superior noutra área, volto de novo para Fernando Pó para a vitivinicultura. Foi pela criação de uma marca própria, que a casa passou a ser reconhecida a nível nacional e internacional, não esquecendo o grande prémio conquistado pelo Casa Ermelinda Freitas Syrah 2005, no concurso Vinalis Internationalies 2008, que foi reconhecido como o melhor vinho tinto do mundo.
Actualmente e com muito trabalho somos reconhecidos anualmente com vários prémios. Temos já tido mais de 180 medalhas a nível nacional e internacional, destacando o prémio do Sommelier Wine Awards de 2020 em que fomos considerados pelo 2º ano consecutivo a melhor adega de Portugal em Inglaterra. Mas para mim, como empresária e mãe, o melhor momento é sem dúvida a 5ª geração, os meus filhos, já estar presente na gestão da Casa Ermelinda Freitas.
A marca tem um dedo feminino muito marcante.
A Casa Ermelinda Freitas, é o resultado de muito trabalho de quatro gerações da família, caminhando e envolvendo já a quinta. Este trabalho provém do amor à terra, ao próximo, duma família simples, honesta, trabalhadora de grandes valores sociais e morais. Foi esta a minha sorte; ter tido a transmissão de todos estes saberes e sentimentos das três primeiras gerações, a quem eu agradeço todos os dias os princípios pelos quais ainda hoje pauto a minha a minha maneira de estar na sociedade. Sem dúvida que as mulheres fizeram a diferença na gestão da Casa Ermelinda Freitas, no futuro, tudo aponta, que seja mais uma mulher a dar continuidade à gestão. Mas como gosto de dizer, não existem trabalhos para homens nem mulheres, mas sim as pessoas certas para os trabalhos certos.
Foi uma evolução de trabalho, de aprendizagem, de muito respeito e agradecimento aos colaboradores, ao fim ao cabo foram 30 anos de contorno de espinhos mas também a humildade de saber que nem sempre estamos no alto. Dou um grande reconhecimento do sucesso da Casa Ermelinda Freitas, além de toda a equipa que aqui trabalha, também temos que dar um grande obrigado aos nossos consumidores que têm preferido os vinhos da Casa Ermelinda Freitas, ajudando-nos a chegar onde chegámos.
Como descreve o antes e o depois neste percurso?
Para mim tem sido uma alegria enorme ter conseguido dar continuidade ao trabalho das gerações passadas, de facto podemos dizer que nestes 30 anos passamos de 60h para 550h, de venda de vinho a granel, sem marca para a criação de marcas que fazem parte do portfolio da Casa Ermelinda Freitas (Dona Ermelinda, Terras do Pó, Dom Campos, Quinta da Mimosa, Monocastas, etc…), passamos de duas castas: de Castelão para os tintos, Fernão Pires para os brancos, para mais de 31 castas (Syrah, Merlot, Trincadeira, Petit Verdot, Alvarinho, entre outras…), de uma adega tradicional passamos para um centro de vinificação moderno com capacidade para a produção de 21 milhões de litros. Não há dúvida que temos tido muito trabalho, mas também muita compensação com todo o nosso esforço.
Não nos podemos isolar no nosso mundo, foi importante a primeira visita que fiz a Bordéus pois foi aí (ainda vendia vinho a granel) que tive a noção da dignificação do vinho e daquilo que eu não valorizava. Após as marcas criadas e concorrer aos eventos mais importantes a nível nacional e internacional, ainda hoje me lembro da primeira medalha de ouro ganha com o Terras do Pó em Bordéus, depois o grande prémio ganho na competição Vinalies Internationales de 2008, em Paris, onde o Syrah 2005 foi considerado o melhor vinho tinto do mundo. A partir dai todas as distinções que tenho tido e que recebo com grande alegria orgulho e humildade, mas grande preocupação e responsabilidade, têm sido um incentivo e mostrado que estamos no caminho certo.
Um ano marcado por inúmeros prémios de prestígio. Que significado atribui a este reconhecimento geral?
Julgo que o critério que leva a estes resultados é a qualidade dos vinhos. Os prémios deixam-me e à minha equipa muito orgulhosos, mas com a grandiosa tarefa de continuar a fazer o melhor para poder dar aos nossos consumidores os melhores vinhos aos melhores preços. É para eles que trabalhamos diariamente e aos mesmos que agradecemos a opção que tem tido, ao escolherem os vinhos da Casa Ermelinda Freitas.
Qual a visão para os próximos cem anos?
Uma pergunta num tempo muito difícil, mas acho que é fundamental que não desanime-mos para que continuemos com a mesma perspectiva. Espero que a Casa Ermelinda Freitas seja capaz de arredondar os espinhos com que certamente se vai deparar e que, daqui a cem anos, seja uma flor muito mais viva, muito mais activa. Que esteja com a nova geração, com os novos colaboradores e com os novos consumidores, que, espero, continuem a preferir os vinhos da Casa Ermelinda Freitas.
Na exportação quais são os objectivos?
Até hoje continuamos a acrescer no que toca ao mercado de exportação, vamos ver como evolui a pandemia. A Casa Ermelinda Freitas, encontra-se em todas as grandes superfícies nacionais, onde se podem encontrar as marcas: Terras do Pó, Dona Ermelinda, CEF Monovarietais: Syrah Reserva, Trincadeira Reserva, Touriga Nacional, etc, bem como o Quinta Mimosa, a nossa Gama de Espumantes e o grande precioso produto da região da Península de Setúbal o nosso CEF Moscatel de Setúbal. A nível internacional a Casa Ermelinda Freitas já exporta para mais de 30 países em todo o Mundo (Europa, Rússia, Brasil, América do Sul, América do Norte, Africa, Ásia, etc…).
Atualmente 65% da produção é para o mercado nacional ficando os restantes 35% para o mercado externo. Felizmente a marca esta cada vez mais nacional e internacional e esperamos que o nosso consumidor continue a preferir os nossos produtos.
Mas toda esta implementação está longe de estar concluída, queremos estar em todos os mercados do mundo, queremos poder chegar as mesas de todos os consumidores a nível internacional, podendo assim mostrar a qualidade dos nossos vinhos e da nossa grande região da Península de Setúbal e de Portugal alem fronteiras.
Os mercados mais recentes são Taiwan, Nigéria e Gana, entre outros. Os nossos vinhos são procurados todos os dias, mas reforçamos; o que queremos é que esta situação passe e tudo volte à normalidade.
Vinho verde no mercado e vinhos do Douro na calha
Apesar de serem relativamente novos no mercado, os vinhos verdes da Casa Ermelinda Freitas já estão a impressionar com vários prémios nos planos interno e externo. E as expectativas para este ano, antevê Leonor Freitas, são boas. “A vindima de 2020 correu muito bem. Segundo o enólogo Jaime Quendera é um bom ano de qualidade. Esperamos um produto que vá ao encontro do gosto do nosso consumidor pois é para ele que trabalhamos”. Este projecto é uma continuidade da parceria entre Leonor Freitas e o enólogo Jaime Quendera.
A Quinta do Minho, que conta com 40 hectares, nasceu em 1990 em Póvoa do Lanhoso perto de Braga, tendo resultado da fusão de duas das mais antigas quintas ali existentes: Quinta do Bárrio e a Quinta da Pedreira. A casa principal remonta ao séc. XVIII e tem vindo a ser gradualmente recuperada para apoio a actividades ligadas ao turismo vitivinícola. Com um “terroir” típico do alto Minho, o seu vinho elegante e fresco tem por base a casta Loureiro, rainha desta região.
O vinho verde (quatro marcas) da Casa Ermelinda Freitas, já se encontra no mercado: Fugaz (no Recheio) – Clássico e Ligeiro Loureiro e Trajadura, Gábia (no Pingo Doce) – Clássico e Ligeiro, castas Loureiro e Trajadura, Porta Nova (pode ser comprado no Pingo Doce) – Clássico e Ligeiro, castas Loureiro e Trajadura, e o Campos do Minho (pode ser comprado na Sonae) – Clássico e Ligeiro Loureiro e Trajadura
Os vinhos do Douro serão os próximos a serem lançados pela Casa Ermelinda Freitas.