“Ninguém me perguntou o que eram os papéis que levei”

“Ninguém me perguntou o que eram os papéis que levei”

“Ninguém me perguntou o que eram os papéis que levei”

José Fidalgo, director da Sala do Bingo, “indignado e siderado” pelo sucedido. “Foi surreal”, disse

 

Os dois ex-dirigentes do Vitória FC acusados de terem estado terça-feira serviços administrativos do estádio, alegadamente para vasculhar documentação desmentem a tese de forma categórica. José Fidaldo, director da Sala do Bingo, e outro membro que fez parte da direcção liderada por Paulo Gomes que pediu para manter o anonimato, deram ao nosso jornal a sua versão dos acontecimentos.

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Recorde-se que a manhã de terça-feira foi agitada no Bonfim, uma vez que menos de 48 horas depois de ser eleito presidente do clube, Paulo Rodrigues chamou a polícia ao Bonfim, depois de ser alertado que dois dirigentes da direcção anterior se encontravam nos serviços administrativos do estádio, alegadamente a remexerem em documentação do clube setubalense.

José Fidalgo, director da Sala de Bingo, relata o sucedido na primeira pessoa. “Na segunda-feira estive todo o dia a trabalhar fora e cheguei muito tarde, facto que me impediu que tudo o que aconteceu ontem (terça-feira) tivesse sido feito na segunda-feira. Na terça-feira de manhã, pelas 11 horas, fui entregar as chaves da sala de Bingo ao chefe de sala e depois fui aos serviços administrativos para entregar também as chaves dos serviços”, começou por explicar.

E acrescenta: “Cheguei, cumprimentei a D. Paula, funcionária dos serviços com quem convivi diariamente durante três anos, que me deixou entrar porque tinha todos os documentos na minha sala. Estava a limpar a minha secretária, onde tinha muitas avaliações pessoais, não só de funcionários como de desempenhos, estatísticas, imensas notas e papéis soltos. Tirei-os e deixei em cima da secretária, em sítios visíveis, todos os papéis que são importantes para a actividade do Bingo”.

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O profissional na área da Logística, de 60 anos, confessa ter dicado estupefacto com o que se passou a seguir. “Quando estava na sala a fazer essa arrumação entrou o presidente Paulo Rodrigues, mais a senhora Mena Timóteo e outro senhor cuja identidade desconheço. O presidente começou aos gritos a perguntar o que estávamos ali a fazer, que não tínhamos nada que estar ali e que nos puséssemos ‘a andar dali para fora’. Fiquei siderado e sem palavras”, disse.

Quando saiu, José Fidalgo garante que ninguém sobre os documentos que levou consigo. “Peguei nos meus apontamentos pessoais e saí conforme o presidente me tinha mandado. Ninguém perguntou o que eram os papéis que levei. Se me tivessem pedido para os mostrar tê-lo-ia feito. Eram notas pessoais e estatísticas. É muito trabalho meu, mas se mos pedirem terei todo o gosto em mostrar a retrospectiva que fiz da actividade do Bingo desde 2018 até hoje”.

Sócio do Vitória há 35 anos, o director da sala do Bingo, cargo que julga manter, uma vez que não foi ainda ninguém nomeado como sucessor pela nova direcção, assegura que “toda a documentação do Bingo está arquivada e documentada”. “Não há nada a esconder. Se quiserem ver a minha caixa de e-mail podem ver, podem vasculhar todas as coisas que quiserem. Trabalhei no Vitória durante três anos ‘pro bono’, não recebi um cêntimo do Vitória e isso pode ser provado pelas contas”.

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José Fidalgo confessa-se boquiaberto com o sucedido. “Fiquei indignado por tudo o que se passou ontem. Foi surreal. Não estava à espera disto, contava encontrar o novo director de Bingo e contava calmamente passar-lhe e transmitir-lhe todas as informações que fui compilando ao longo de ano e meio como director da Sala de Bingo”.

Quanto às razões que explicar o sucedido, o ex-dirigente é categórico. “Não faço a mínima ideia. Não faço julgamentos de intenções do que passou na cabeça do presidente e das pessoas que o acompanhavam. Achei tudo muito surreal”, disse, lembrando o trabalho que teve no período em que esteve em funções. “Quando me passaram o testemunho não me deixaram rigorosamente nada. Durante dois meses fui apalpando terreno e conhecendo as coisas, aprendendo por mim. O que mais desejava era ter transmitido os conhecimentos que adquiri ao longo de ano e meio a alguém que pegasse no pelouro e o desempenhasse da melhor forma possível e com o máximo de elementos ao meu dispor. Posso apenas falar das minhas intenções, não posso falar das intenções dos outros”.

 

Ex-dirigente foi fotografado

O outro dirigente envolvido na polémica falou ao nosso jornal, mas pediu que não fosse identificado. Quanto à sua versão dos factos disse o seguinte: “Terça-feira de manhã estive nos serviços administrativos do clube para entregar as chaves e passar a pasta com o trabalho que tinha de passar. O presidente e duas pessoas que não conhecia entraram no gabinete e uma delas tirou-me uma fotografia”.

Este elemento que integrou a direcção de Paulo Gomes reconhece que cometeu um erro. “Recebi uma mensagem a pedir que entregasse as chaves. Cheguei às 10 horas e entreguei-as à funcionária dos serviços administrativos. Por lapso, entrei nas instalações e fui fazer uma coisa que não devia ter feito. Fi-lo para evitar que o Vitória fosse prejudicado”, relatou, especificando. “Era necessário fazer um pagamento urgente que poderia vir a trazer consequências para o clube. Foi isso que fiz convicto de que estava a fazer uma coisa para bem do Vitória e tenho comigo um justificativo do que fiz e à hora a que foi feito”.

E continua: “Estes são os factos: para resolver um problema do Vitória que podia ser grave, fiz o que não deveria fazer. O pagamento está justificado. O mais curioso é que hoje (ontem) de manhã estive no estádio, com autorização e depois de combinar com o presidente, a fazer a mesma coisa que deveria ter feito ontem, que estava combinado e não consegui fazer. Fui entregar o que tinha para entregar e assinar o que tinha para assinar”, disse.

 

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