Presidente da Mesa da Assembleia Geral vai agendar eleições no Vitória. Reunião juntou ex-adversários e houve apelos à criação de lista única para salvar o clube
Oito meses depois das últimas eleições para os órgãos sociais do clube, os sócios do Vitória FC vão ser novamente chamados às urnas para eleger o próximo presidente do clube. Cândido Casimiro, líder da mesa da Assembleia-Geral (MAG), considera que as cartas de renúncia entregues quinta-feira pela direcção, presidida por Paulo Gomes, são demissões efectivas, razão que o leva a convocar eleições nos próximos dias.
A decisão foi transmitida pelo advogado Cândido Casimiro na reunião que decorreu na tarde de sábado na sala do Bingo, no Estádio do Bonfim, e que juntou elementos das cinco listas candidatas nas eleições de Janeiro de 2020. Uma das preocupações ouvidas do encontro, prende-se com a necessidade de procurar um consenso entre as partes pertencentes às listas candidatas no último acto e outros eventuais sócios para que haja uma lista única.
Ao que O Setubalense apurou, o líder da MAG transmitiu na reunião em que estiveram presentes, entre outros, Pedro Gaiveo Luzio, José Dias Mendes (ex-candidatos à presidência do clube), João Guerreiro, João Martins, António Santos, Paulo Oliveira, Fernando Belo, Afonso Luz, Paulo Mateus, João Escarduça, António Carrapeta e Giovanni Licciardello que as eleições serão agendadas.
Cândido Casimiro entende que as cartas de renúncia apresentadas pela direcção chefiada por Paulo Gomes são um pedido de demissão efectiva e transmitiu isso mesmo aos presentes, explicando que a direção se encontra demitida e em gestão corrente. Por isso, vão ser convocadas eleições para a liderança do Vitória esta semana e as mesmas terão lugar num prazo máximo de 30 dias.
João Martins, presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD), disponibilizou-se e efectuar o contacto entre as partes e ficou incumbido de tentar criar um consenso entre as quatro listas que concorreram às eleições de Janeiro de 2020 frente à que foi encabeçada por Paulo Gomes. O objectivo é a formação de uma lista única entre os nomes que compuseram as listas de Pedro Gaiveo Luzio, José Mendes Dias, Chumbita Nunes e Vítor Hugo Valente.
Reconhecendo a necessidade de haver um consenso generalizado e de união de todos para salvar o Vitória da tormenta em que se encontra, Cândido Casimiro apelou a um entendimento e um consenso entre as partes pertencentes às listas candidatas no último acto e outros eventuais sócios para que haja uma lista única. O objectivo é evitar que surjam novamente quatro ou cinco listas a concurso.
O nosso jornal apurou também de que a Assembleia-Geral eleitoral não será a única em que os associados serão chamados a pronunciar-se. Em breve será também realizada uma reunião magna para que os vitorianos possam votar se se aceita a doação dos 65 lotes de terreno por parte da Câmara Municipal de setúbal ao Vitória e a cedência da hipoteca dos mesmos a favor da Autoridade Tributária.
Questionado pelos presentes sobre a realização de uma outra AG para discussão e votação dos novos estatutos, Cândido Casimiro respondeu que, apesar de terem sido os criadores desses novos estatutos, a proposta está desactualizada e, por isso, não irá a votação.
Conselho Fiscal apresenta processo-crime
O presidente do CFD do Vitória, João Martins anunciou que vai avançar com um processo-crime junto do Ministério Público sobre factos ocorridos na SAD do clube. “O Conselho Fiscal e Disciplinar informa que no exercício das suas funções deliberou pela apresentação de um processo-crime junto do Ministério Público sobre factos ocorridos na SAD”.
No comunicado, o dirigente lamenta a falta de colaboração da administração da SAD vitoriana, presidida por Paulo Gomes, na entrega de documentos solicitados para averiguar factos ocorridos no passado. “Lamentamos a total indisponibilidade do Conselho de Administração da SAD em colaborar com o CFD em todo o trabalho desenvolvido, nomeadamente na não entrega de documentos solicitados. A direcção apenas disponibilizou um único documento dos muitos solicitados”.
4 milhões de euros de receita e mais de 8 de despesa em 2019
O anúncio foi feito ainda antes de Paulo Gomes, num vídeo publicado na página oficial do clube, ter admitido salários em atraso no Bonfim. “Está tudo em dia? Não, há alguns vencimentos em atraso. Basta olhar para o desfasamento entre a receita e a despesa. Um clube que gera 4 milhões de euros/base na receita consegue gerar mais de 8 milhões de euros na despesa. Não consigo perceber. Quem compra uma casa e ganha 1000 euros por mês não vai fazer um aluguer por 1500. O Vitória não pode nunca ser gerido desta forma. Um clube que gasta quase 8,5 milhões de euros nunca vai ser um clube cumpridor e pagador”.
O dirigente deu exemplos da má gestão: “Posso explicar: 400 mil euros para um antigo director desportivo, que com um contrato que não sei de onde vem nem como foi feito, consumiu, só esta época, 400 mil euros à SAD. Como é que o Vitória consegue gerar mais de 3 milhões de euros de impostos em 2019? Mais grave, não submeteu IVA e gera coimas adjacentes com 30% de penalização. Isto considero má gestão. A estrutura profissional custava 3,4 milhões de euros, fazendo que fosse praticamente igual à receita. Juntando a isto ainda havia 400 mil euros de prémios e comissões”.
Triunfo 4-1 sobre o Comércio e Indústria
Entretanto, depois de ganhar ao Belenenses, por 3-1, o Vitória venceu no sábado o vizinho Comércio e Indústria, por 4-1, no segundo jogo de preparação de 2020/21. Zequinha e Kamo-Kamo, ambos bisaram, foram os marcadores de serviço no teste realizado no Bonfim diante dos alvi-negros.
No andebol, os sadinos, depois do empate obtido na ronda inaugural, venceram também no sábado no reduto do Artística de Avanca por 20-24, resultado a contar para a 2ª jornada da 1ª Liga da modalidade.
