Mariscadores apanham ouriços-do-mar para tradição solidária

Mariscadores apanham ouriços-do-mar para tradição solidária

Mariscadores apanham ouriços-do-mar para tradição solidária

Alguns “mariscadores” voluntários, equipados com redes, espátulas e ganchos, aventuram-se na costa rochosa de Porto Covo, no concelho de Sines, em busca do petisco principal da tradicional “ouriçada”, uma festa popular promovida anualmente com fins solidários.

No topo da falésia sobre a baía da Engardaceira, a sul do portinho de Porto Covo, com vista para a ilha do Pessegueiro e para a aldeia turística alentejana, a maioria dos voluntários veste-se “a rigor” com fatos térmicos antes de descer pelas rochas até ao mar, para capturar ouriços-do-mar, o marisco que está na origem do nome da festa.

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Enquanto alguns dos “mariscadores” voluntários se lançam sem hesitar na água salgada do mar na baía da Engardaceira para procurar o marisco, Firmino Palma, de 62 anos, em tempos mariscador profissional, deixa-se ficar em cima das rochas, com baldes e sacas, pronto a recolher a pescaria dos colegas, que mergulham em busca dos ouriços-do-mar.

“O ouriço pode deslocar-se, mas há sempre nesta zona”, observa, recordando que “desde pequeno” que apanha ouriço-do-mar nesta altura do ano.

Não demoram mais de uma hora a encher quatro sacas de ouriços-do-mar e também a juntar algumas lapas, que se vão somar ao mexilhão já capturado nos dois dias anteriores para dar a provar os sabores tradicionais do mar da costa de Porto Covo a quem quiser participar na ‘ouriçada’.

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A festa é uma tradição anual em Porto Covo, que decorre por altura da primavera, geralmente na época da Páscoa, quando as marés têm maior amplitude, propícia à apanha do ouriço-do-mar nas zonas rochosas da costa, explica à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia local, Cláudio Rosa, antes de se equipar para se juntar aos restantes voluntários.

A ‘ouriçada’ “já vem de um tempo muito antigo, quando um conjunto de pessoas tinha como tradição juntar a família [nesta altura do ano] e fazer pequenos petiscos em vários locais da freguesia”, relata o autarca.

“Tenho 37 anos, mas era ainda criança quando comecei a participar”, recorda, explicando que a festa passou a ser promovida pela Junta de Freguesia “há cerca de 17 anos”, primeiro no portinho de Porto Covo e desde há seis anos no jardim público da aldeia.

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Os ouriços-do-mar são oferecidos no certame, enquanto “chamariz” da festa que tem como finalidade dar continuidade “à tradição”, “dar a conhecer os sabores locais”, promover “o convívio” e angariar fundos para A Gralha, uma associação local que gere um Centro de Dia e Apoio Domiciliário na freguesia.

A apanha do marisco para o evento é feita por voluntários coordenados pela Junta de Freguesia, com uma “autorização especial”, por se tratar de “uma actividade com muitas restrições” naquela zona, que está localizada no território do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina”.

Além do ouriço-do-mar, assado em “fogueira de tojos ou de caruma”, a festa, marcada para domingo, às 13h00, tem ainda no “cardápio” outros petiscos confeccionados pela associação A Gralha.

Lusa

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