Na forja está a elaboração de uma carta arqueológica subaquática, a partilhar entre as autarquias de Alcácer, Grândola e Sines
O património cultural subaquático do Alentejo Litoral vai agora ser recuperado e inventariado, no âmbito do projecto “Um Mergulho na História”. A iniciativa resulta de um protocolo de colaboração entre a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que vai permitir desenvolver “um sistema de informação geográfico que suporte processos de decisão e gestão do património cultural subaquático, o registo, análise e inventariação” dos sítios arqueológicos daquela região alentejana.
Vencedor do Orçamento Participativo Portugal (OPP) 2018, o projecto possibilitará “caracterizar, num período de 24 meses, os vestígios arqueológicos relacionados com o património cultural náutico e subaquático e criar conteúdos em formato digital, recorrendo à realidade aumentada e virtual”, revelou o IPMA em comunicado.
O projecto visa também “a promoção do envolvimento das populações locais na temática da arqueologia náutica e subaquática como um valor cultural e a formação do treino em arqueologia náutica e subaquática a alunos do ensino superior”.
“Um Mergulho na História” foi criado por uma equipa multidisciplinar de arqueólogos subaquáticos, historiadores, engenheiros, biólogos, estudantes e voluntários, que pretendem desenvolver uma carta arqueológica subaquática integrada da costa do Alentejo Litoral. A referida carta, segundo os promotores do projecto, permitirá “registar naufrágios por regiões, com análise crítica, com os sítios inventariados a serem analisados e catalogados em relação à sua relevância, estabilidade, ameaças, custos de monitorização, registo ou intervenção”.
Canhões, moedas em ouro e lingotes de prata
“De moedas em ouro a canhões em ferro, de lingotes de prata a astrolábios em bronze, de pratos em estanho a navios em carvalho português, dos ossos dos marinheiros quinhentistas à tradição oral das gentes do mar, tudo isto está no fundo do mar português e na memória do nosso povo”, afirmam os responsáveis.
Utilizando “tecnologia portuguesa” para “encontrar e resgatar das profundezas esses vestígios até agora esquecidos”, os promotores do projecto querem “promover uma investigação científica rigorosa que localize, inventarie e coloque esses naufrágios até agora perdidos ao alcance de todos os cidadãos”.
A carta arqueológica subaquática será partilhada com a Marinha Portuguesa, a Polícia Judiciária, os serviços dos ministérios da Cultura e do Mar e as autarquias de Alcácer do Sal, Grândola e Sines.
Lusa