“Não se pode continuar a assistir ao linchamento público de pessoas sem se saber o seu grau de culpa nestes acontecimentos, deixando de fora os verdadeiros culpados”, diz

Qual a posição do Conselho Fiscal de Disciplinar (CFD) em relação ao imbróglio que determinou a exclusão das provas profissionais? 

O CFD abriu um processo de averiguações. Não se pode continuar a assistir ao linchamento público de pessoas sem se saber o seu grau de culpa nestes acontecimentos, deixando de fora os verdadeiros culpados. Na posse de todos os dados, solicitados com a máxima urgência até próxima segunda-feira, irão ser analisados. Se concluirmos que há existência de responsabilidades dentro da estrutura actual elas terão de ser atribuídas, se não as houve as pessoas terão de ser ilibadas.

Perante o sucedido, tem a atual direcção condições continuar em funções? 

Apenas a Direcção tem o poder de considerar se tem ou não condições de continuar em funções. Na minha opinião terão de ser criadas condições para explicar aos sócios o estado real da SAD do Clube para que estes em consciência, e isso só é possível com informação, também se pronunciem se consideram se a Direcção tem essas condições.

Conhecendo a realidade financeira, o Vitória FC tem condições para sobreviver uma época no Campeonato de Portugal?

Nisso sou bem claro: se não as tiver, a Direcção tem de informar os sócios e ver se nesse universo os há com essas condições, a bem do Vitória ninguém pode estar agarrado ao poder.

Há quem defenda que o clube deve fazer começar do zero. Qual a sua opinião? 

Simples, colocar em cima da balança todos os prós e contras, o que temos a perder e a ganhar. A ganhar temos que nos vemos livres de mais de 20 milhões de passivo, a perder, património de 5 a 6 milhões, atraso de mais dois anos em atingir o nosso lugar na primeira Liga que significa mais alguns milhões. Se ganharmos judicialmente o processo sendo-nos dada razão, não tenho a mínima duvida que manter esta SAD, mas gerida de outra forma, financeiramente é mais vantajoso mantê-la por força da indemnização que inevitavelmente vamos ter direito. Caso contrário o ‘reset’ pode, na minha opinião, ser equacionado desde que haja um debate profundo e seja a vontade de uma maioria significativa de sócios a aprovarem. Nunca uma Assembleia geral onde estivessem pouco mais de uma centena de sócios poderia deliberar uma solução desse tipo.

Os órgãos sociais ponderam demitir-se?

Apenas posso responder pelo Conselho Fiscal e Disciplinar. Desde o primeiro dia da tomada de posse que o nosso lugar está a disposição dos sócios do Vitória. Se houver uma demissão por parte de outro órgão que implique eleições antecipadas também as vai haver para o CFD porque tivemos vergonha do que aconteceu recentemente com eleições para um só órgão, pelo que o nosso lugar ficará disponível no dia em que for anunciado novo acto eleitoral. Temos orgulho do que estamos a fazer e que não está ainda completo mas também não precisamos de muitos mais dias para, de cabeça levantada, podermos dizer que fomos o primeiro CFD a participar criminalmente contra dirigentes que lesaram o Vitória. Se 2020 fica na história do Vitória pelos piores motivos desportivos, 2019 também o ficará pela forma em que interesses pessoais falaram mais alto que os do Clube, nomeadamente na SAD.

É uma prioridade agendar uma AG para ouvir os sócios?

Essa necessidade é um sentimento transversal a todos os órgãos. Sei por conhecimento de facto que o Dr. Cândido Casimiro [presidente da Mesa da Assembleia Geral] tudo tem feito e tudo fará para a fazer. Lamento algumas críticas de alguns sócios que não compreendem ou não querem compreender que ainda não houve uma AG por impedimento legal. Ainda recentemente nos foi proibida uma pela DGS (Direcção Geral da Saúde) e assinada pelo próprio director geral regional, Dr. Mário Durval. E não era para se realizar no Pavilhão Antoine Velge, mas sim no Estádio do Bonfim. Alguns sócios têm chamado a atenção para o facto das alterações que irão ocorrer a partir de 15 de Setembro, mas esquecem que essas alterações não estão relacionadas com a nossa região onde elas há muito estão implementadas.

De que forma vai o clube gerir a previsível razia no plantel?

O que foi transmitido aos jogadores? O CFD não se envolve na gestão desportiva da SAD.

Deveria a actual direção retratar-se e fazer ‘mea culpa’ pelo sucedido? 

Não me pronuncio.

 Vitória desiste dos sub-23

Ao contrário do que aconteceu nas duas edições realizadas até ao momento, o Vitória não vai participar na Liga Revelação em 2020/21. A decisão de não apresentar uma equipa no escalão de sub-23 já foi tomada pelo clube e comunicada à Federação Portuguesa de Futebol. Determinante para a resolução foi o facto de os sadinos terem sido excluídos pela Liga das provas profissionais, deliberação que mantém o emblema presidido por Paulo Gomes num ambiente de incerteza em relação ao futuro.