Controle da Covid-19 na península é positivo, apesar da elevada densidade populacional e condições de co-habitação
Depois da ministra da Saúde, Marta Temido, ter anunciado vigilância reforçada à Covid-19 em Setúbal, Moita, Barreiro, Seixal e Almada alguns autarcas confirmam que a medida do Governo é bem-vinda, com o objetivo de preparar o terreno para Setembro e Outubro, devido ao regresso às aulas, a postos de trabalho e a uma possível uma nova vaga de casos Covid-19, para além dos surtos sazonais da gripe.
Nestes concelhos a decisão do Governo surge também acompanhada de boas notícias, com um contágio menos activo, apesar dos surtos registados em Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) dedicadas a seniores.
Frederico Rosa, presidente da Câmara do Barreiro, afirma que “semanas antes” da vigilância reforçada ser anunciada pela Saúde, já haviam sido colocadas em prática medidas ao encontro do que o Governo veio a decidir.
“A Protecção Civil, PSP e Polícia Marítima têm realizado acções de fiscalização e sensibilização junto da população e temos equipas multidisciplinares estão a deslocar-se à residência de pessoas com infecção Covid-19 confirmada ou em quarentena, de forma a minimizar deslocações de pacientes aos equipamentos da Saúde”.
O autarca não pode garantir que este plano seja a causa da diminuição de casos no Barreiro, mas aponta que “certamente tem o seu impacto positivo, porque o concelho passou de cerca de 120 casos activos para 81, de acordo com os últimos dados da DGS [Direcção-Geral da Saúde]”.
Destes casos, metade estão relacionados com o surto do Lar de São José, da Santa Casa da Misericórdia, onde, de acordo com os últimos números revelados pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) a O SETUBALENSE, o foco de Covid-19 está a afectar “26 em utentes e 10 profissionais”.
Quanto à decisão do Governo colocar o Barreiro na lista de concelhos com vigilância reforçada, Frederico Rosa considera “adequado” às características do território. “É preciso ter em conta que este concelho é um dos maiores centros urbanos às portas de Lisboa, para onde grande da população tem mobilidade diária. E há também uma elevada percentagem de população envelhecida”.
O autarca destaca ainda o facto de ser “determinante” preparar terreno para Setembro, para o início do ano lectivo que a autarquia já está a preparar, “em reuniões com o Ministério da Educação, agrupamentos escolares e Direcção-Geral do Ensino Superior”.
População cumpridora, apesar das condições de habitabilidade dificultarem isolamento
No concelho da Moita, Nuno Cavaco, presidente da União de Freguesias de Baixa da Banheira e Vale de Amoreira, correspondente à área do município com maior densidade populacional e maior número de casos registados, também afirma que “as medidas de vigilância reforçadas preparam o terreno para Setembro e Outubro”, sendo determinante “iniciar o reforço das equipas da Acção social e da Saúde”, refere.
Quanto a um possível reforço de testes realizados ou a um plano adaptado nos transportes públicos da região, o autarca não tem informação de que esteja a ser equacionado, embora considere que “é necessário rever recursos”.
No concelho da Moita, “a maioria dos contágios por Covid-19 devem-se a co-habitação onde não é possível fazer o isolamento. E outros têm origem em locais de trabalho”.
Apesar dos ajuntamentos constantes nos parques públicos, alguns, segundo O SETUBALENSE tem conhecimento, com mais de vinte pessoas, sem uso de máscara e com consumo de bebidas alcoólicas na via pública depois das 20h00, Nuno Cavaco garante: “não há registo de surtos desenvolvidos devidos a esses convívios, aliás, no geral, a população tem sido cumpridora das medidas de segurança impostas pela DGS”. E, actualmente, Baixa da Banheira e Vale de Amoreira “têm o nível de contágio mais baixo desde Abril”.
Números “positivos” também celebrados no Seixal. Em declarações a O SETUBALENSE a vereadora Manuela Calado, responsável pelas áreas da Habitação e Desenvolvimento Social, reafirma a posição já defendida pelo presidente da Câmara, Joaquim Santos: “os números do concelho são baixos [com 912 casos], tendo em conta o número de habitantes [180 mil] e áreas muitos urbanizadas”.
Tal como nos concelhos do Barreiro e Moita, no Seixal, a vigilância reforçada está a permitir prestar maior apoio a famílias com casos Covid-19, “que enfrentam dificuldade de isolamento devido às condições de habitação”.
Motivo pelo qual, as equipas de resposta à Covid-19, que incluem profissionais do Agrupamento de Centros de Saúde Almada – Seixal, Segurança Social e Câmara, “conseguiram controlar os surtos que surgiram no concelho” e vêm de forma “muito positiva este reforço da vigilância
No sul da península o concelho de Setúbal, também foi incluído na lista de vigilância reforçada anunciada por Marta Temido e o Serviço Municipal de Protecção Civil e Bombeiros garante que “desde o início da pandemia e da activação do Plano Municipal de Emergência, que a equipa da Proteção Civil Municipal está a funcionar no concelho, com resultados muito positivos”.
Surto Contágio no Lar de São José está controlado
O surto de Covid-19 no Lar de São José foi “controlado com sucesso devido a uma rápida actuação de equipas multidisciplinares, que no último mês mantiveram uma vigilância reforçada no Barreiro”, afirma o presidente desta Câmara Municipal, Frederico Rosa.
“Após a identificação dos casos estabeleceram-se três níveis de contenção e foram realizados 155 testes”, explica o Frederico Rosa, considerando essa actuação como “determinante”. “Depois, o Agrupamento de Centros de Saúde do Arco Ribeirinho e o Centro Hospitalar Barreiro Montijo colaboraram com a cedência de dois profissionais de saúde e foi accionado o protocolo, via Segurança Social, com a Cruz Vermelha Portuguesa, para a colocação de 15 auxiliares de lares”, explica.