O superintendente afirma que, hoje, a proximidade com as populações é uma marca da Polícia de Segurança Pública
Está ligado a Setúbal há 30 anos, desde que realizou a sua primeira comissão na Esquadra da Bela Vista, entre 1990 e 1995, nas Brigadas de Investigação e na Brigada Anti-Crime, que fundou no concelho. Sobre essa época o superintendente Manuel Viola da Silva recorda uma Setúbal onde a criminalidade associada ao tráfico e consumo de estupefaciente grassava. Mas em 2015, quando regressou para assumir o Comando Distrital, encontrou “uma cidade diferente, segura, agradável para viver, com baixo nível de criminalidade”.
Como era a actuação da PSP em Setúbal na década de 90?
Estive aqui de 1990 a 1995 a comandar a Bela Vista. Na época fundei a Brigada Anti-Crime de Setúbal. O objectivo na época era combater e eliminar a criminalidade das ruas. Voltei passados 25 anos e encontrei uma cidade completamente diferente. Mas mantive a minha missão inicial. Continuar a eliminar o máximo possível de criminalidade grave das ruas, para devolver à população uma cidade segura.
Na década de 90 havia muita violência, conflitos, crimes mais graves. Setúbal era uma cidade degradada, suja. Agora é uma cidade bonita, segura, com gente nas ruas e agradável para viver.
Quais eram as principais ocorrências nessa época?
Havia muita droga. Quem se recorda da Camarinha sabe que era surreal. No cruzamento da Escola D. João II, um espaço de 5 metros aglomerava mais de 100 pessoas num grande mercado de estupefacientes. Hoje, o crime ligado à toxicodependência diminuiu drasticamente.
Leia sobre a História da Polícia de Segurança Pública em Setúbal
E hoje, quais são os principais problemas do território que Comando Distrital abrange?
Setúbal é o concelho que menos me preocupa em termos de criminalidade. Estou no Comando Distrital desde 2015 e são poucos os casos de maior envergadura nesta área. Sejam homicídios, grandes desordens ou assaltos à mão armada. Para uma cidade desta dimensão os números são muito bons, com um nível reduzido de criminalidade grave e violenta.
Mas, o distrito continua a ter muitas Zonas Urbanas Sensíveis [ZUS]. Bairros como a Jamaica, Vale de Amoreira, Bela Vista.
E num distrito com cerca de um milhão de pessoas, não podemos estar isentos de criminalidade. Aliás, a densidade populacional de algumas áreas é o que nos leva a estar mal classificados [no Relatório Anual de Segurança Interna – RASI].
Como é a relação das populações com as forças de segurança?
Tudo evoluiu. Não há tanto desemprego como havia em 1990. As barracas foram erradicadas quase na totalidade. As forças operacionais também têm características diferentes. São mais jovens, com outra formação. E há mais educação cívica, mais entendimento.
Hoje, até nos podem ofender na rua, mas quando as pessoas têm dificuldades é a PSP que procuram. Durante a madrugada, no Comando, aparece todo o tipo de casos. Até de fome.
Somos o último garante das pessoas, de portas abertas 24h00.
Quantos operacionais o Comando Distrital tem no terreno?
Temos 1200 operacionais. Somos o terceiro distrito do país com maio polícias.
Lisboa tem cerca de sete mil, Porto cerca de três mil e logo a seguir vêm os operacionais do distrito de Setúbal.
Se é um número ideal? Basta pensarmos que depois de retirar os operacionais dedicados aos serviços administrativos, temos de dividir os efectivos da parte operacional por quatro divisões e 22 esquadras.
E que programas de proximidade desenvolve?
Temos o MIPP [Modelo Integrado de Policiamento de Proximidade] que integra as Equipas de Proximidade e de Apoio à Vítima [EPAV] e as Equipas do Programa Escola Segura [EPES]. Programas que exigem formação específica e sensibilidade dos operacionais.