Em funcionamento há cinco séculos, instituição mantém-se focada em manter as suas origens: “auxiliar quem mais precisa de auxílio”
Não se sabe ao certo em que ano nasceu a Santa Casa da Misericórdia do Montijo, mas sabe-se que foi criada por Nuno Álvares Pereira para servir a comunidade de Aldeia Galega. “Há quem diga que foi fundada em 1506, outros afirmam que foi entre 1520 e 1530, pelas mãos do seu primeiro provedor, cavaleiro da Casa Real”, afirma José Forte, actual provedor da instituição.
E assim cresceu, “sempre focada nas suas origens: auxiliar quem mais precisa de auxílio”. “Este apoio surge, numa primeira fase, junto dos idosos e de indivíduos que não conseguem assegurar as suas necessidades básicas, com a criação do Lar de S. José, equipamento social que presta actualmente auxílio através do Estabelecimento Residencial para Pessoas Idosas, do Centro de Dia e do Serviço de Apoio Domiciliário”, afirma o provedor. No mesmo edifício, há sete anos, foi instalada a Unidade de Cuidados Continuados S. Rafael, com o propósito de “corresponder às necessidades sociais e de saúde dos seus utentes”.
Voltada para a comunidade surgiu, também, a Cantina Social ‘O Caminho’, “para apoiar indivíduos em situação de exclusão social, nomeadamente os sem-abrigo”, local onde “podem fazer a sua higiene pessoal e ter acompanhamento psicossocial”. “Só na nossa Cantina Social são servidas cerca de 3 mil refeições mensais”, revela. Por sua vez, em 2015, “por ser uma necessidade que foi crescendo no Montijo e que não havia como colmatar”, surge o Centro de Apoio À Vida, onde é “prestado apoio a jovens grávidas e aos seus filhos recém-nascidos que se encontrem em situação de desprotecção social”. “Em cinco anos ajudámos 170 jovens e cerca de 160 bebés. Damos apoio a nível de saúde e segurança, através de protocolos com médicos e farmácias, com a PSP e com os Bombeiros do Montijo. Oferecemos também artigos para as crianças e damos formações a essas jovens, para que aprendam a cuidar dos seus filhos. Mais tarde tentamos colocá-las no mercado de trabalho, objectivo que temos vindo a conseguir através da sua colocação na nossa instituição e em misericórdias próximas”, explica José Forte. Direccionadas também para as crianças estão as valências do Centro de Infância de S. Jorge e do Centro de Infância Rainha Santa Isabel.
No decorrer dos últimos cinco séculos, o provedor considera que “a tradição da irmandade tem sido sempre cumprida enquanto misericórdia” apesar das “dificuldades sentidas, sobretudo ao nível financeiro, terem marcado muito os tempos”. “Os actuais corpos sociais tentam inventar para conseguirem gastar o menos possível, ao mesmo tempo que conseguem cumprir as suas obrigações”, refere.
O futuro passa pela expansão do projecto Centro de Apoio À Vida, com a inauguração “de um prédio, em meados do Verão, que vai servir de abrigo para as jovens grávidas e para os seus filhos”, e com a “reabilitação de casas, doadas à instituição, para serem habitadas por pessoas mais necessitadas”. “As rendas vão ser baratas. Em princípio vamos dar prioridade a quem cá trabalha e que precise de auxilio. É uma maneira de servirmos a nossa colectividade”, acrescenta. Também a criação de um novo lar faz parte dos planos da instituição, para ser ampliada “a valência de Estrutura Residencial para Idosos e para ser criado um espaço para pessoas com demência”.
Irmandade é “detentora de um vasto património”, construído por cinco séculos
É através “dos bens deixados por pessoas ligadas à instituição”, que a Santa Casa da Misericórdia do Montijo é hoje “detentora de um vasto património cultural”, que começou a ser construído há cinco séculos atrás, pelas mãos de Nuno Álvares Pereira.
“Ao longo dos últimos 500 anos muitos foram os legados deixados à instituição por pessoas que morriam sem terem herdeiros. Foi o caso do primeiro provedor, que casou com Isabel de Almeida, mas de quem nunca teve filhos. Acabou por deixar, por testamento de 3 de Agosto de 1569, as casas de morada, hoje Igreja e Casa do Despacho da misericórdia, e o terreno anexo às mesmas, hoje Hospital do Montijo”, conta José Forte. Este hospital, “que iniciou a sua actividade em 1946”, encontra-se actualmente “arrendado ao Ministério da Saúde, integrando o Centro Hospitalar Barreiro Montijo”.
A instituição é, ainda, proprietária da Praça de Touros do Montijo, na qual pretende no futuro “executar uma obra de requalificação para a realização de festividades”.
B.I.
Nome: Santa Casa da Misericórdia do Montijo
Também conhecido por: SCMM
Localidade: Montijo
Data de Fundação: Entre 1506 e 1530
Principais actividades: Valências ligadas aos idosos e às crianças, Unidade de Cuidados Continuados, Cantina Social, Apoio Domiciliário e Centro de Apoio À Vida
Actual provedor: José Manuel Braço Forte