Bombeiros Santiago do Cacém: Corporação sonhada por jovens do Clube das Classes Reunidas conta 102 anos de história

Bombeiros Santiago do Cacém: Corporação sonhada por jovens do Clube das Classes Reunidas conta 102 anos de história

Bombeiros Santiago do Cacém: Corporação sonhada por jovens do Clube das Classes Reunidas conta 102 anos de história

Fotografia de 1930

Primeiro corpo de bombeiros do concelho foi formado em 1918, sem veículos nem quartel

 

“Foi a necessidade, a vontade e a inteligência de um grupo de jovens do Clube das Classes Reunidas que deram início à História dos Bombeiros de Santiago do Cacém”, começou por contar a O SETUBALENSE, Natália Caeiro, presidente da associação. “Estávamos em 1913 e um grande incêndio numa serração pôs a descoberto as fragilidades da terra, sobretudo a descoordenação e pouca preparação da ajuda espontânea e a falta de material de combate a fogos. Perceberam que o coletivo tem mais força, mais capacidade e é mais eficaz para responder a problemas que afetam a comunidade e põem em risco a vida”, continuou.

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“No dia 20 de outubro desse mesmo ano, foram definidos e aprovados os estatutos da Associação dos Bombeiros Voluntários de Santiago do Cacém. Data que é assinalada com orgulho e marca o começo da actividade desta instituição.”

Os primeiros anos foram anos difíceis, explicou. Havia carência de recursos. “Mesmo sem veículos de apoio ou quartel ofereceram-se para formar, em 1918, o primeiro corpo de bombeiros.” Frederico Pires Lopes, primeiro comandante, não era santiaguense, mas abraçou a terra, dedicando-lhe a “sua experiência alcançada enquanto fundador dos Bombeiros Voluntários de Loures”. Conseguiram adquirir “a primeira escada mecânica, ainda hoje em exposição no actual quartel” bem como “o primeiro pronto-socorro, não automóvel, criado e oferecido pelo bombeiro José Soares de Jesus” que uns anos mais tarde foi comandante.

“Inaugurado a 31 de outubro de 1938, o quartel, agora velho, era um símbolo de modernidade e evidência do reconhecimento da terra à instituição”, contou Natália Caeiro, conquista que levou o seu tempo. Porém, as instalações pequenas e numa zona de difícil acesso da cidade – zona histórica – tiveram de ser mudadas.

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No final da década de 1950, foi criada a escola de recrutas da corporação, pelo comandante Manuel Martins Simões. Em 1959 inaugurou-se o rinque de patinagem. E dois anos depois surge a Fanfarra, pela primeira vez com seis músicos. Os bombeiros eram mais que uma instituição para apagar fogos.

De mãos-dadas com a comunidade

Foi no início da década de 80 que se inaugurou o novo quartel dos bombeiros, sob o comando de José Joaquim Rodrigues. Em outubro de 1981, Santiago do Cacém passou a ter os seus bombeiros numa melhor localização, ficando o antigo quartel como biblioteca e museu.

O apoio dado à cidade tem várias vertentes. “Prestamos socorro à população, abastecemos água às populações do concelho, combatemos incêndios florestais e urbanos e fazemos transportes de doentes, tanto para as consultas nos diversos hospitais do país como para tratamentos”, explicou a dirigente associativa.

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Nas instalações há um espaço para uso comunitário. “Temos cedido o espaço do salão nobre para diversas actividades da comunidade entre as quais ensaios do Coral Harmonia, ensaios dos Condinhos do Bracial”, bem como aulas de Yoga, Take Dance e de Zumba.

E esse amparo é de parte a parte, dado que têm “o apoio incondicional da população, do município, do comércio, e das Instituições de solidariedade social, das pequenas, médias e grandes empresas do concelho de Santiago do Cacém e de Sines”, expôs a presidente. Referiu ainda que as maiores dificuldades que encontram são financeiras. Acrescem também as “sérias dificuldades na admissão de pessoal qualificado”.

Questionada sobre episódios inesquecíveis, Natália Caeiro considerou que “o dia-a-dia desta associação é todo ele marcante”, mais ainda na altura de pandemia do covid-19, já para não falar “da tortura [que é] vê-los partir para os fogos no Verão sem saber quantos vão regressar”.

Os bombeiros contam hoje com 17 voluntários e 16 profissionais. “Mais de cem anos passados, a instituição tem o reconhecimento e respeito da comunidade”, garante Natália Caeiro.

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