Sociedade Harmonia é um marco em Santiago do Cacém com história no cinema e no teatro

Sociedade Harmonia é um marco em Santiago do Cacém com história no cinema e no teatro

Sociedade Harmonia é um marco em Santiago do Cacém com história no cinema e no teatro

Colectividade criada por Agostinho de Vilhena e seus irmãos, Cipriano de Oliveira e José Beja da Costa, continua a ser uma referência na cultura local

A Sociedade Harmonia, de Santiago do Cacém, é uma das colectividades mais antigas de todo o país, e continua a ser palco de muitas atividades.

Com mais de 170 anos de existência, surgiu numa altura em que, pequenos grupos unidos alcançaram “uma grande parte da pequena burguesia, do operariado e da população rural”, passando à construção de salas de espetáculo, conta Susana da Silva no seu livro “Arquitectura de Cine Teatros: Evolução e Registo”, dando como exemplo a Sociedade Harmonia. Quando foi fundada tinha o objetivo de proporcionar um recreio agradável e instrutivo e o convívio entre sócios. De acordo com o presidente da direção, José Manuel Cavalinhos, em declarações a O SETUBALENSE, actualmente conta 150 associados, porém o número nunca foi superior aos 350.

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A associação foi constituída segundo a Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI) a 1 de dezembro de 1847 e é livre de condições de acesso. A sua natureza é recreativa e educativa.

A Sociedade Harmonia tem uma sala de espetáculos com lotação para 200 pessoas, com um palco e um balcão antigo, superior. Para além de outras salas de menor dimensão, conta também com um pequeno bar e sala de jogos.

Foi o primeiro cinema da cidade, deixando muitas memórias aos actuais adultos da terra. O cinema estreou em 1897 e acabou em 1983. Hoje, o cinema existe no Auditório Municipal António Chainho, mais moderno e cómodo.

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Trata de ceder espaços para reuniões, como foi exemplo em 2000, para a primeira Assembleia Geral de Sócios da actual Associação de Radioamadores do Litoral Alentejano. Oferece aulas de teatro, de música, entre as quais cordas, incluindo guitarra portuguesa, e de piano, é espaço de ensaios de grupos corais, nomeadamente o Coral Harmonia e o Coral Harmonia Juvenil. Desde 2016 que tem também aulas de Yoga e desde 2017 de Jiu-Jitsu.

Apesar de considerar que “em termos gerais” a população reconhece a importância da Sociedade Harmonia, José Manuel Cavalinhos afirma que “muita gente em Santiago não conhece este edifício e as potencialidades que tem. Nestes tempos actuais dá-se pouco valor ao grande trabalho feito por um pequeno grupo de pessoas que vão fazendo pequenos milagres para manter estas casas abertas.” Destaca que na cidade há apenas duas colectividades, ligadas à cultura, que estão ainda de pé. A Sociedade Harmonia e “a Sociedade Recreativa, mais conhecida pela música”.

José Manuel Cavalinhos destaca, na importância da história da antiga colectividade, a “presença no Cine-Teatro da Companhia itinerante Rafael D’Oliveira com a presença da jovem actriz Eunice Munoz, da bailarina Olga Roriz, a pianista Olga Prats e a cantora Simone de Oliveira”.

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Em 2008 a Sociedade Harmonia recebeu por parte do município um projeto que visou recuperar o edifício sede, que continua a ser utilizado. A obra foi avaliada em dois milhões de euros. O contributo rondou os 100 mil euros.

Ainda assim, o presidente, que está na actual função desde 2011, assumiu que o mais ingrato para a coletividade é “a impossibilidade, por falta de verbas, de realizar obras de recuperação do edifício que são urgentes”. Como adversidade à continuação da existência da Sociedade Harmonia aponta “a falta de ligação que os jovens têm com todas as coletividades, sejam elas de cariz cultural ou desportiva”, dado que, a seu ver, “utilizam[-nas] quando querem ou necessitam, mas nunca mostrando um compromisso nem interesse na sua história”.

Em 2017 e 2018 a colectividade fez parte e promoveu o evento “Grease Festival: Nos Tempos da Brilhantina”, primeira e segunda edições. O festival com duração de dois dias foi dedicado aos anos 50 e objetivava viver o ambiente de Rock’n’Roll. Realizou-se no centro histórico de Santiago do Cacém, sendo a Sociedade Harmonia uma das protagonistas. O edifício teve de portas abertas, com exposições.

Em Março deste ano, a Sociedade Harmonia tinha todas as actividades suspensas devido à pandemia covid-19. “É a primeira vez que esta coletividade encerra desde 1847”, assumiu José Manuel Cavalinhos. “O futuro não é muito risonho para as coletividades em Portugal e na situação de pandemia que agora atravessamos algumas irão definitivamente encerrar”, assegura.

A coletividade fundada por Agostinho de Vilhena e seus irmãos, Cipriano de Oliveira e José Beja da Costa, é dinâmica em idades e actividades, e continua no activo. Situada agora na Rua da Sociedade Harmonia, outrora com morada num prédio no Largo Alexandre Herculano, será para manter viva. Tanto a associação como o próprio edifício, tratando-se de um monumento centenário, são marcos para a cultura do Alentejo e do país.

B.I.
Nome – Sociedade Harmonia
Localidade: Santiago do Cacém
Data de fundação: 1 de Dezembro de 1847 – 172 anos
Actividade principais – Coral Harmonia, Coral Harmonia Juvenil e aulas de música e teatro
Actual presidente – José Manuel Cavalinhos

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