27 Junho 2024, Quinta-feira

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Santa Casa da Misericórdia é a instituição mais antiga de Azeitão

Santa Casa da Misericórdia é a instituição mais antiga de Azeitão

Santa Casa da Misericórdia é a instituição mais antiga de Azeitão

A Santa Casa de Azeitão situa-se em Vila Nogueira de Azeitão

Um centro de dia, o serviço de apoio domiciliário, uma residência para idosos Azeitão Sénior Care e o Hospital Nossa Senhora da Arrábida são os principais serviços oferecidos pela Misericórdia azeitonense

 

A Santa Casa da Misericórdia de Azeitão foi fundada em 1621, pelos Duques de Aveiro, que então residiam em Azeitão, no Palácio dos Duques de Aveiro, e hoje se encontram sepultados no Convento da Arrábida, do qual foram também fundadores.

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O primeiro provedor, D. Afonso de Lencastre, filho do duque D. Álvaro, marquês de Porto Seguro, tomou posse no ano seguinte à sua fundação. Hoje, Jorge Maria de Carvalho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão desde Novembro de 1982, faz um retrato da instituição azeitonense no passado e no presente. “Fundada dentro dos princípios das sete obras de misericórdia, esta instituição esteve, quase sempre e até agora, mais vocacionada para o apoio social e para o apoio na saúde. Foram estas duas vertentes os grandes apoios que prestou à comunidade”, começa por dizer.

“Circunscreve-se só e unicamente às freguesias de de Azeitão, não tem a sua acção para fora desses limites do território”, adianta.

Provedor há 38 anos, Jorge Maria de Carvalho recorda como tudo começou: “quando fui eleito, estas instalações, onde em tempos se situara o antigo Hospital Concelhio de Azeitão, estavam ocupadas, desde 1975, e assim se mantiveram até à saída da Administração Regional de Saúde de Setúbal em 1986”. Só nessa altura a provedoria conseguiu dedicar-se à área da saúde, uma vez que até então se pôde manter “apenas o culto, com a procissão anual do Senhor dos Passos desde 1755 e a Capela da Misericórdia a acompanhar as famílias em situações fúnebres, como ainda hoje acontece”.

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Quando a ARS abandonou então o local, foi tempo de restaurar o edifício, no qual se verificava na altura uma “degradação física muito grande”. Depois da recuperação começam a realizar-se, gradualmente, consultas de geriatria a pensar “nos mais velhos da vila que tinham dificuldade em ir até ao centro de saúde e não havia transportes directamente para lá”.

O ritmo das consultas foi acelerando com o tempo até à fundação do centro de dia, à qual se seguiu o início do serviço de apoio domiciliário. Na história da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão constam ainda vários prémios, entre os quais o Nunes Corrêa Verdades de Faria, uma parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian e o Jornal de Azeitão, do qual é proprietária.

“O nosso apoio domiciliário é feito de uma maneira um pouco diferente da grande maioria dos que são feitos no nosso país. É feito de uma maneira integrada, ou seja, é feito 365 dias por ano”, conta. “Todos os dias temos em funcionamento esse nosso apoio domiciliário, que é integrado porque, para além dos ajudantes e dos auxiliares que fazem o apoio, tem uma equipa multidisciplinar, com médico, enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo e até apoio espiritual por parte do nosso capelão, o padre da nossa junta de freguesia, para dar a resposta adequada às necessidades das pessoas”, continua, adiantando que entre todos os serviços existem 50 trabalhadores na Santa Casa azeitonense e que contam ainda “com um serviço de teleassistência durante 24 horas e com um banco de ajudas técnicas, para camas articuladas, andarilhos, cadeiras de rodas, entre outros”.

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Da oferta de valências da Misericórdia azeitonense fazem também parte uma residencial para idosos, a Azeitão Sénior Care, na qual se encontram actualmente 30 pessoas, e o Hospital de Nossa Senhora da Arrábida.

Maior hospital do Sul em cuidados continuados e paliativos

Inaugurado em 2014, o Hospital de Nossa Senhora da Arrábida, em Azeitão, o maior hospital a nível do sul no âmbito dos cuidados paliativos, surgiu porque “em situações de doença avançada, progressiva e sem cura, as pessoas não podem prescindir da ajuda e os meios estatais são muito retardados a dar apoio a estas pessoas que realmente não podem esperar”. Inicialmente fruto de uma parceria entre a Santa Casa da Misericórdia de Azeitão e o grupo Visabeira, esta unidade hospitalar havia de receber em 2018 uma oferta de compra por parte de uma instituição francesa, “a maior instituição em termos de residências para idosos europeia” e desde então a Santa Casa azeitonense mantém-se como accionista minoritária do hospital.

“Continuamos a estar presentes e, quando é preciso internar um doente, temos primazia e temos o internamento imediato assim haja cama”, explica, acrescentando que “esses internamentos, em cuidados paliativos ou cuidados continuados, no hospital por nós fundado, são feitos com desconto especial de 30%, através do Cartão de Saúde da Santa Casa da Misericórdia, para resolver o hiato de tempo em que muitas vezes as pessoas se encontram sem obter acompanhamento, que não permite demoras, e conseguir dar a devida resposta”.

De acordo com o provedor, “as Santas Casas vão-se adaptando sempre ao andar dos tempos mas o fulcro daquilo que é o nosso empenho desde sempre é estar com o outro e a não perda de dignidade de pessoa humana na sua fragilidade ocasional”.

Independentemente da situação em que se encontre, “a pessoa não pode perder a dignidade nem deve ser excluída por isso. É esse o nosso princípio máximo e é isso que nos deve nortear, porque é esta espiritualidade que tem mantido as Santas Casas desde há 500 anos”.

Adaptação aos novos tempos e realidades

Nas palavras de Jorge Maria de Carvalho, a instituição mais antiga de Azeitão tem vindo a adaptar-se “às realidades actuais”. Perante a situação de pandemia em que vivemos actualmente, o centro de dia, uma das valências da Santa Casa de Azeitão, fechou portas “para diminuir o perigo de contágio” mas os utentes são neste momento acompanhados nas suas residências no âmbito do serviço de apoio domiciliário que abrange cerca de 90 pessoas em Azeitão.

Para o provedor, filho da terra, desenvolver este trabalho é muito gratificante. “Dá-me uma força anímica ajudar estas pessoas de quem eu me lembro desde que era miúdo, é uma espécie de retribuição da minha parte”, partilha.

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