Até Setembro, Marta Temido recomenda “regra de ouro” a quem utiliza transportes públicos: “evitar espaços sobrelotados”
Depois da greve na Infraestruturas de Portugal ter originado a supressão de viagens de comboio na Linha do Sado, dando origem a lotação máxima nas carruagens e à impossibilidade de os passageiros cumprirem o distanciamento social, a ministra da Saúde, Marta Temido, não avança com medidas para um “plano especial” nos transportes públicos da península de Setúbal. Mas garante a revisão de alguns aspectos, antes do início do ano lectivo.
Aspectos relacionados com lotações e equipamentos disponíveis “vão ser revistos”. Até porque, aproxima-se um ano lectivo “que se pretende presencial”, confirma a ministra.
Um plano no qual o ministério da Saúde vai trabalhar em parceria com o ministério da Educação e no âmbito do qual “serão tomadas medidas complementares, no sentido de garantir maior segurança e comodidade para todos”, garantiu ontem a ministra em declarações a O SETUBALENSE, durante a conferência de imprensa da Direcção-Geral da Saúde (DGS), sobre a situação epidemiológica de resposta à Covid-19 em Portugal.
Até Setembro, Marta Temido aponta aos passageiros de todos os operadores de transporte público o que considera ser a “regra de ouro”, reafirmando que “cabe aos utentes evitar, sobretudo, quando possível, a utilização de espaços sobrelotados”.
A ministra indica que “a disponibilidade de equipamentos é, certamente, um primeiro aspecto a considerar”, mas também “caberá a todos nós absterem-se de entrar em locais onde o risco seja particularmente elevado”.
Ministra faz apelo às populações para que cumpram regras
Marta Temido fez o mesmo apelo em relação aos ajuntamentos, que durante o fim-de-semana levaram a, pelo menos, quatro actuações das forças de segurança no distrito de Setúbal.
“Sempre dissemos que o combate à Covid-19 implica atitudes individuais e, portanto, por mais diligente que o Estado seja não há forma de impedir as pessoas de cometerem actos que põem em causa a sua saúde e dos demais”, expõe a ministra, destacando que “esse comportamento põe em risco os próprios, mas também as suas famílias e colegas de trabalho”.
Motivo pelo qual Marta Temido garante, “o Governo continuará a investir na fiscalização e nas normas sancionatórias”.
Só na madrugada de Domingo, o Comando-local da Polícia Marítima de Lisboa encerrou dois estabelecimentos comerciais na Costa da Caparica, junto à orla costeira, por não cumprirem as directivas da DGS.
Segundo a Polícia Marítima, “no interior e exterior dos estabelecimentos decorriam festas cujos contornos indiciavam incumprimento às medidas legais de controlo de propagação do novo coronavírus”, com a participação de 100 a 300 pessoas.
Após a intervenção as pessoas que se encontravam a participar nos festejos acabaram por acatar “a ordem de dispersão”, confirma a Polícia Marítima, acrescentando que “os responsáveis por ambos os estabelecimentos sido autuados e detidos por crime de desobediência”.
Na mesma madrugada a GNR identificou festas ilegais na Aroeira (Costa da Caparica) e em Grândola.
Saúde garante contratação de mais especialistas em 2021
Em Abril, o secretário de Estado da Saúde, António Sales, que Portugal tinha 250 médicos intensivistas a assegurar o manuseamento de ventiladores e as operações nas Unidades de Cuidados Intensivos em todo país. A ministra da Saúde vem agora garantir que até ao final de 2021, o número de profissionais nesta área aumentará “com novas contratações pelo Serviço Nacional de Saúde”.
Durante a conferência da DGS, Marta Temido confirmou que o Governo “está a trabalhar em novos processos de contratação”, após uma avaliação feita pela Comissão de Resposta intensiva para a Covid-19, que tem estado a trabalhar em conjunto com o Governo para “fazer uma revisão à Rede Nacional de Especialidade Hospitalar”, que está agora em consulta pública e será aprovada a “breve prazo”, perspectiva ministra.
As contratações de especialistas em medicina intensiva e de enfermeiros, serão feias “por tempo indeterminado”, de modo a “garantir maior estabilidade profissional e garantir que os profissionais querem permanecer no Serviço Nacional de Saúde, após o investimento inicial no reforço de recursos humanos para tratamento de pacientes Covid-19”.