O actual presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Pedro Dominguinhos, assume hoje o seu segundo mandato na liderança do órgão, com um compromisso de aposta na qualificação de profissionais.
Pedro Dominguinhos avança para os próximos dois anos de mandato com uma lista de quatro grandes prioridades, que vão desde a aposta na formação ao longo da vida à alteração do estatuto dos politécnicos, de institutos a universidades.
Sobre a primeira, o presidente do CCISP disse à Lusa que, nos últimos anos, tem sido feito um esforço significativo no âmbito da qualificação dos jovens até aos 21 anos, mas alerta que ainda existem dois grandes públicos-alvo que merecem um esforço adicional.
Estes dois públicos são os estudantes provenientes do Ensino Profissional – e Pedro Dominguinhos assegura que os politécnicos vão assumir uma posição na linha da frente da promoção do Ensino Superior para estes alunos –, e a população em idade ativa.
“Entendemos que temos de reforçar a participação destas pessoas por dois motivos. Porque Portugal tem um défice claro de qualificações nesse segmento, quando comparado com a União Europeia e porque a digitalização da economia exige uma formação permanente dessas mesmas pessoas”, justificou.
No âmbito da formação ao longo da vida, avança, o primeiro passo já foi dado pelo Instituto Politécnico de Setúbal, que a partir do próximo ano lectivo vai disponibilizar o primeiro curso de mestrado profissional, em parceria com uma empresa, em Logística e Cadeia de Abastecimento.
Durante os próximos dois anos à frente do CCISP, Pedro Dominguinhos quer continuar a trabalhar no reforço da capacidade de investigação, mas também no reconhecimento internacional dos institutos politécnicos como universidades politécnicas, “sem perder a matriz politécnica”, sublinha.
Por outro lado, há também um compromisso para reforçar a atuação das instituições nos territórios, no âmbito da investigação aplicada, da promoção da coesão territorial e da inclusão social, mas também para reforçar a ação social.
“No período conturbado que estamos a viver, estamos em crer que é necessário um reforço da acção social, como entendemos que terá impacto ao nível financeiro nas instituições. Isto para promover o sucesso académico e prevenir o abandono escolar”, explica.
Esse “período conturbado” é aquele marcado pela pandemia da covid-19, que obrigou a transformações no modelo de ensino, depois de as instituições serem obrigadas a encerrar, em março, e a substituir o trabalho presencial por aulas à distância.
No dia em que toma posse, o presidente do conselho leva para o segundo mandato lições retiradas dessa experiência, designadamente sobre a digitalização das instituições, que eventualmente possa ser integrada de forma permanente.
“O que este tempo demonstrou é que há vantagens claras. Não vamos ter um ensino totalmente à distância, não faz parte da matriz dos politécnicos, mas há aprendizagens que este tempo está a permitir que são fundamentais”, referiu, acrescentando que essas aprendizagens poderão ser particularmente importantes no caso dos trabalhadores-estudantes e do novo público-alvo entre a população ativa.
A cerimónia de tomada de posse acontece hoje no Instituto Politécnico de Setúbal, que Pedro Dominguinhos preside desde 2014, e onde vai estar também presente o da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.