Associação questiona tribunais porque durante anos nunca tomaram medidas mais firmes para proteger vítimas
Detido por violência doméstica em Fronteira, Bruno Miguel Castelinho Santo Costa continua em prisão preventiva, tendo sido encaminhado para o Estabelecimento Prisional de Castelo Branco, segundo O SETUBALENSE tomou conhecimento através de fonte próxima ao caso.
O “Monstro do Barreiro”, como é conhecido entre as 30 mulheres contra as quais cometeu, ao longo de uma década, assédio sexual, ofensas graves à integridade física e uma tentativa de violação, encontrava-se a cumprir três anos de pena suspensa pelas referidas agressões, com Termo de Identidade e Residência no concelho de Fronteira, distrito de Portalegre, onde reside actualmente.
Com o novo caso de agressões, desta vez a dois familiares próximos, a associação Acção Contra Violência de Género-Barreiro (ACVG), que presta apoio psicológico e jurídico às vítimas, desconhece se a pena suspensa passará a agora a efectiva mas avança que o Ministério Público aplicou, para já, a “proibição de contacto com as duas vítimas de violência doméstica”.
Contudo, em comunicado, a ACVG lamenta que “durante anos”, a solução para o caso de um individuo que “foi sempre um perigo público para a comunidade”, tenha sido apenas “internamentos compulsivos na psiquiatria do Hospital do Barreiro por 2 ou 3 meses, voltando de seguida a cometer os mesmos crimes”. E que, após julgamento, cuja sentença foi proferida a 28 de Novembro de 2019, o Tribunal de Almada apenas tenha aplicado “3 anos de pena suspensa”, sendo que Bruno Costa, mesmo a residir no concelho de Fronteira, continua “a ameaçar vítimas, e seus familiares pelo Facebook, e também a elementos da ACVG, incluído ameaças de morte”.
Para esta associação, “a violência deste individuo usada contra dezenas de mulheres no Barreiro e na Moita foi sempre considerada um crime menor”, uma vez que “durante anos as vítimas têm vivido em terror absoluto e sem nenhum tipo de protecção do Estado”.
Algo que apenas muda agora, com a detenção de Bruno Costa em Fronteira. Uma medida que a ACVG considera exemplar e não entende porque “nunca foi decidida pelos tribunais do Barreiro e de Almada”.