A avaliação de risco de contágio começou a ser feita tendo em conta o número e infectados por região. Na segunda fase, o projecto do CERENA já inclui as variáveis freguesia, faixa etária e localização de lares. No distrito de Setúbal o nível de risco é baixo, por duas semanas consecutivas.
O projecto cartográfico Daily Ifection Risk Maps COVID-19, desenvolvido pelo Centro de Recursos Naturais e Ambiente (CERENA), para avaliar o risco de contágio entra agora na segunda fase. Para além de medir a relação entre o número de infectados e o risco de contágio generalizado, a inovadora cartografia do SARS-CoV-2, passa a avaliar também o risco de contágio por freguesia, faixa etária e localização geográfica de lares. Em todas estas variáveis, o distrito de Setúbal apresenta baixo risco de contágio.
“Estamos numa fase de crescimento estacionária da Covid-19, em que há regiões de maior crescimento do risco e outras em que o risco se mantém em níveis baixos, como o distrito de Setúbal”, explica Amilcar Soares, professor do Instituto Superior Técnico especializado em geoestatística e um dos responsáveis pelo projecto.
O investigador volta a apresentar o distrito com estas características, depois de já ter referido Setúbal entre as áreas próximas a Lisboa com menor risco de contágio, ao analisar as primeiras cartografias em meados de Abril. Mas Amilcar Soares alerta que, apesar dos bons resultados, ainda não é tempo de abrandar as medidas de prevenção.
“O risco de infecção é função directa do nosso comportamento. Esperamos todos que o gradual retorno à nossa vida normal seja feito de modo a não aumentar localmente o risco de infecção”, comenta o investigador reforçando que, até para avaliar as medidas de retorno “os mapas de risco de infecção são um instrumento importantíssimo de gestão”.
O projecto prossegue, com reuniões conjuntas entre o grupo de investigadores do CERENA e a Direcção-Geral da Saúde, para que novos dados continuem a ser avaliados e seja feito um histórico de cartas do SARS-CoV-2.
A carta da Covid-19
“A cartografia do vírus”, como refere o professor Amilcar Soares, surgiu a partir de um projecto de doutoramento que já havia sido desenvolvido, há alguns anos no CERENA, para o mapeamento do risco de cancro pulmonar no sul do País. “Embora o contexto de desenvolvimento não fosse epidémico, a análise de dados em contexto de epidemia é algo a que o CERENA se dedica e assim surgiu a ideia de desenvolver este mapa”.
[Leia aqui como começou a “cartografia do vírus” em Portugal]