“Havendo corte nas receitas, mais de metade dos clubes da I Liga terão obrigatoriamente de fazer corte nas despesas”, diz o presidente dos sadinos, frisando ser ponto assente que a “prioridade será pagar sempre primeiro ao plantel”
Paulo Gomes, presidente do Vitória FC, aplaude a decisão dos organismos que regem o futebol em Portugal em concluir em campo o campeonato 2019/20. “Sempre defendemos que era imperioso jogar o que falta da Liga não só pela verdade desportiva, mas também pelos compromissos que temos assumidos”, disse, frisando que “as receitas do Vitória também dependem da sua classificação final”.
A declaração foi feita pelo dirigente a O Setubalense horas depois de ter participado na quarta-feira numa reunião com os demais líderes dos clubes das competições profissionais e Fernando Gomes e Pedro Proença, respectivamente, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e da Liga de Clubes. O encontro debateu a situação actual causada pela pandemia de Covid-19.
Qual foi decisão mais importante que saiu da reunião que teve com os presidentes dos outros clubes e a Liga e FPF?
Os campeonatos vão terminar, independentemente da data. Há uma previsão de poderem terminar até ao final do mês de Julho, mas poderão inclusivamente entrar em Agosto. Para nós, é uma boa notícia porque as receitas do Vitória também dependem da sua classificação final. As ligas europeias estão todas de acordo. A época seguinte começará em função desta.
O Vitória defendeu desde o início que era imperioso concluir o campeonato…
Sim, é verdade. Teria de terminar não só pela verdade desportiva, mas também pelos compromissos que temos assumidos. Sabemos que estamos a viver uma situação anormal, mas temos de arranjar formas de salvaguardar os compromissos que cada um dos clubes teve em função das receitas que tem.
Sobre os jogadores que acabam contratos até 30 de Junho a conclusão foi que terá que haver negociação entre clubes e jogadores para promulgar os contratos até ao fim da época 2019/20. A Liga terá que decidir se abre mão ou não de prolongar os campeonatos para além de 30 de junho, sendo que os jogadores serão livres de continuar com contratos ou não com os clubes. A expectativa é de que haverá acordo entre as partes…
Quanto a isso nada ainda está concluído. O processo está em andamento, legalmente não se consegue mexer nos contratos, terá de haver um acordo entre todas as entidades. Na promoção do jogo, ninguém quer ficar fora dele e, acredito, que se vai chegar a um acordo em que ninguém fica prejudicado. Há formas de fazer as coisas de maneira a que todos tenham as suas posições salvaguardadas, jogadores incluídos, como é óbvio.
O cenário mais provável nesta altura é que os jogos se realizem todos à porta fechada?
Apesar de ser o cenário mais provável, ainda não há a certeza de que os jogos sejam à porta fechada. É realmente estranho para quem joga e para quem assiste em casa, não podendo ajudar gritando e puxando pela sua equipa. Por outro lado, temos a oportunidade de poder assistir em casa, passando a ter o futebol como uma possibilidade de escolha. Abre o leque de opções quando as pessoas têm obrigatoriamente de ficar em casa.
Sobre a possibilidade de se avançar para o ‘lay-off’, não existe ainda uma decisão e aguarda-se que exista entendimento entre todas as partes. Se houver diminuição de receitas terá que haver cortes nas despesas?
Havendo corte nas receitas, mais de metade dos clubes da I Liga terão obrigatoriamente de fazer corte na despesa porque a realidade do futebol português está muito subjugada às transmissões televisivas. O Vitória não foge a essa regra. O clube recebe 10 prestações e paga 10 aos jogadores e encaixa uma coisa na outra. A nossa prioridade sempre de pagar será sempre primeiro ao plantel. É ponto assente. Se houver alguma condicionante na receita terá de existir o mesmo nas despesas. Esta não é uma decisão minha. Será sempre do grupo de trabalho formado pelos presidentes da I Liga. Porquê? Porque estamos juntos nesta luta. É uma luta de todos os clubes e não só do Vitória ou de outro clube. Queremos estar juntos para tomar as decisões certas na defesa dos clubes. Não pode ser não termos nenhuma receita e termos de pagar todos os compromissos. Acreditamos que as dificuldades têm de ser divididas por todos. Estamos cá para fazer a nossa parte e dar a cara naquilo que for necessária.
As competições de formação deverão ser canceladas, sendo dada prioridade ao futebol profissional. Já a finalização ou não da Liga Revelação ficará ao critério dos clubes. Qual a posição do Vitória quanto à equipa de sub-23?
Entendemos que a Liga Revelação é importante porque permite dar espaço a quem tem talento e ainda não consegue entrar na equipa principal, daí termos os sub-23. No entanto, a Liga está a três ou quatro jogos do fim e não tem subidas nem descidas. Termos os jogadores três meses em casa quando podem estar junto das famílias e não vemos com maus olhos terminar a Liga. Para o Vitória, que está na série B, não faz muito sentido começar a fazer uma pré-época para fazer três ou quatro jogos que não vão ter influência num troféu, subida ou descida. Por isso, por nós, os sub-23 podiam terminar já.