Os organizadores da marcha de protesto, contra os problemas na prestação de cuidados de saúde em quatro concelhos do distrito, Barreiro, Moita, Alcochete e Montijo, estão satisfeitos com a adesão da população e de várias entidades à iniciativa.
A marcha começou no Centro de Saúde da Baixa da Banheira e dirigiu-se à entrada do Hospital do Barreiro, juntando participantes ao longo do percurso, um grupo que se estendia por cerca de 500 metros, segundo José Fernandes, da Comissão de Utentes da Baixa da Banheira, uma das entidades organizadoras.
“Mesmo com o tempo não muito bom, as pessoas e as organizações, autarquias e alguns sindicatos aderiram [à iniciativa] em defesa da melhoria dos serviços hospitalares e de cuidados de saúde primários”, relatou, no final da marcha, realçando que os utentes vão continuar a exigir os profissionais necessários e a humanização do atendimento.
José Fernandes recordou que 76 mil utentes nos concelhos da Baixa da Banheira, Moita, Montijo e Alcochete não têm médico de família e que no primeiro destes concelhos, do total de 14 profissionais, “somente dois ou três estão diariamente a receber os doentes, numa população de 30 mil habitantes”.
Assim, os médicos “não conseguem prestar um bom serviço”, realçou o representante dos utentes embora acrescente que “os profissionais de saúde a trabalhar em cada dia acabam por ser heróis ao tentar minimizar os problemas”.
Na sexta-feira, o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, visitou o Hospital do Barreiro e anunciou que as urgências desta unidade vão ser reestruturadas para terem melhores condições e possibilitar a redução dos tempos de espera, num investimento de cerca de 860 mil euros.
José Fernandes saudou esta decisão, defendendo que também resultou da luta da população, mas disse que os utentes não podem esperar um ano e meio, tempo que prevê para as intervenções.
“Esta é uma situação de excepção, requer medidas de excepção”, frisou.
Além dos representantes das várias organizações, entre eles autarcas dos concelhos do Barreiro, Moita e Alcochete, participaram na marcha as deputadas na Assembleia da República Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda (BE), Paula Santos, do PCP, e Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista os Verdes (PEV), disse o representante da Comissão de Utentes da Baixa da Banheira.
Administração garante que estás a trabalhar para resolver problemas
O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, Pedro Lopes, disse que a sua equipa apenas entrou em funções em novembro e que está a trabalhar para obter melhorias.
“O contrato-programa de 2017 prevê um incremento de produção. Queremos aumentar a atividade nas várias linhas assistenciais do hospital”, afirmou.
“Temos um problema concreto das listas de espera e estamos a tentar combater as listas de cirurgia e das consultas externas. Estamos a contratualizar nas duas áreas e paulatinamente vamos ter resultados. Os tempos de espera vão ser encurtados”, frisou.