Entrega da insígnia feita por Marcelo Rebelo de Sousa durante inauguração do novo armazém, no parque empresarial da Baía do Tejo, que vai continuar a receber espólios vindos de todo o país e até do estrangeiro
O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa distinguiu durante a tarde do último sábado, no concelho do Barreiro, a Associação Cultural Ephemera como membro honorário da Ordem de Mérito, no decorrer das comemorações que marcaram os 10 anos daquele movimento, que para além de reunir a biblioteca e o arquivo do historiador José Pacheco Pereira, possui inúmeros documentos que têm marcado a memória do país. A festa juntou centenas de pessoas no parque empresarial da Baía do Tejo, onde foi inaugurado o segundo armazém para acolher os novos espólios que, a partir de agora, sejam doados àquele movimento que já conta com cerca de 300 associados.
O chefe de Estado destacou que a cerimónia marca o “triunfo de um colectivo”, que diariamente tem contribuído para ajudar a construir Portugal com os seus serviços e assegurar a salvaguarda de uma colecção nacional e internacional com vários postos de recolha, distribuídos pelo território português e até em países como Angola e Luxemburgo.
O historiador agradeceu a condecoração numa distinção que considera ser merecida, tendo Marcelo Rebelo de Sousa destacado que a associação “é o retrato de José Pacheco Pereira”, revelando “uma sensibilidade cívica no espírito da liberdade e na independência crítica”, realçou. “Isso é uma riqueza enorme num país que não tem, muitas vezes, olhado nem para a memória suficientemente, nem para a memória do ponto de vista cívico e social”, frisou, afirmando que “olha-se para a memória oficial, olha-se para a memória estática, rígida, mas sem envolver todos e todas naquilo que é razão de ser da Ephemera”. O Presidente salientou ainda que pretende fazer uma doação para o arquivo que classificou de “impressionante”, nomeadamente dos seus filhos. “Vou oferecer à Ephemera e vou ver se encontro outras coisas mais interessantes”, sublinhou.
Criação de ‘cluster criativo’ naquele concelho
Jacinto Pereira, administrador da Baía do Tejo, enalteceu a presença de várias figuras na cerimónia, tendo destacado a possibilidade de receber Marcelo Rebelo de Sousa e também Ramalho Eanes naquele espaço do parque, entre outras entidades oficiais, para além da Ministra da Cultura, Graça Fonseca e do presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, que na altura fez a oferta de um espólio sobre a revolução dos Cravos. Ao autarca barreirense, Frederico Rosa, o administrador lembrou “que vários objectivos têm sido atingidos com base numa parceria” entre ambas as instituições, e que “um dos eixos da dinamização económica” do parque, passou pela criação de um ‘cluster criativo’ que tem levado à instalação de vários arquivos e artistas no Barreiro. Já o autarca sublinhou que outros arquivos “já estão na calha” para poderem vir a ser instalados naquela cidade.
Por Luís Geirinhas
