“Esta é uma vitória nossa!”

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ALEX GASPAR|ALEX GASPAR|ALEX GASPAR|ALEX GASPAR|ALEX GASPAR|ALEX GASPAR

Depois de décadas de espera, 74 famílias do Bairro da Jamaica foram realojadas esta semana. Hoje, o primeiro-ministro visita o bairro.

 

Dirce Noronha, presidente da Associação de Moradores do Bairro da Jamaica vivia há 9 anos no Lote 10 deste bairro do concelho do Seixal.

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Depois de uma semana frenética, de chegada e partida de camiões, com técnicos da Câmara Municipal e da acção social a trabalhar sem parar para realojar 74 famílias, Dirce observa agora as torres em alvenaria que, ninguém sabe como, se mantêm de pé há três décadas, num amontoado de tijolos soltos e em risco de ruína.

Emocionada, Dirce assume, “este foi um ano de muita luta. Houve momentos em que as pessoas quiseram desistir, pensavam que mais uma vez não ia acontecer nada e que a ‘Jamaica’ ia permanecer como sempre. A cada mês que passava, a Câmara [Municipal do Seixal] adiava mais uma vez o realojamento prometido”.

Por fim, a resposta chegou. “E esta é uma vitória nossa”, reivindica Dirce Gonçalves. “Sem a nossa acção a Câmara nunca teria conseguido chegar até aqui. E nós sem o apoio da Câmara a adquirir todas as habitações que nos foram atribuídas e a acompanhar as obras necessárias, nunca conseguiríamos chegar até este ponto”.

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Um caminho longo, em que Dirce e os outros membros da Associação de Moradores investiram muito tempo e dinheiro. “Foram 143, as cartas enviadas para a Assembleia da República, Tribunal Constitucional, Secretaria de Estado da Habitação e muitas associações de apoio social”.

No rescaldo dos realojamentos das primeiras famílias, hoje o primeiro Ministro, António Costa, visita o Bairro da Jamaica, pelas 10h00, para uma sessão de reconhecimento público no âmbito do trabalho realizado pelos moradores e pela Câmara. Durante o evento, com início no Auditório dos Serviços Centrais da Câmara Municipal do Seixal, Dirce Noronha irá receber das mãos de António Costa uma chave simbólica das casas entregues às famílias realojadas.

Após a sessão, pelas 11h00, o Primeiro-Ministro visita o Lote 10 do Bairro da Jamaica e uma das famílias realojadas.

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Depois de 30 anos onde pertencem os moradores da Jamaica?

Depois de quase 30 anos na Jamaica, António está no impasse de quem ainda não sabe se consegue “deixar ir o bairro”. Em conversa com Dirce Noronha, que tem acompanhado atentamente cada uma das famílias realojadas, confessou “fui dormir a casa do meu filho. Ainda não me atrevi lançar na aventura de ficar na nova casa”.

Um momento sobre o qual Dirce reflecte, “acho que depois de confrontadas com a saída muitas pessoas ficaram confusas”. Agora surge o medo de perder a identidade. “Mas não se pode ter tudo. Era preciso sair do bairro, não tínhamos qualidade de vida e de habitação”, comenta. “Acredito que não vamos perder a nossa cultura e bairrismo. Esta é a nossa identidade”.

Para a presidente da Associação de Moradores, no bairro da Jamaica não há guineenses, cabo-verdianos, angolanos ou portugueses. “Somos todos um só. Uma verdadeira comunidade. E não importa onde estejamos a morar, esse sentimento vai permanecer”.

De cada vez que alguém faz um comentário menos positivo sobre os moradores da Jamaica e as suas ‘novas casas’, Dirce sente uma profunda tristeza. “Vivemos aqui muitos anos, com água pelos tornozelos, sem luz, sem janelas e portas, com paredes improvisadas. Não tínhamos outra solução. E parece que o facto de a Câmara nos ajudar a ter uma casa condigna causa desconforto às pessoas”.

 

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“Projecto-piloto rejeitou sempre a criação de mais um bairro”

Manuela Calado, vereadora responsável pelo Pelouro da Educação, Desenvolvimento Social, Juventude e Gestão Urbanística na Câmara Municipal do Seixal, destaca que “através deste projecto-piloto de realojamento sempre foi rejeitada a criação de mais um bairro”.O foco central do realojamento é integrar os moradores do bairro da Jamaica na malha urbana “e não criar outro queto, onde voltem a ficar isolados sobre si mesmos”. Um investimento de 8 milhões de euros, na aquisição de várias casas, “dentro do qual 55% corresponde a comparticipação camarária e o restante é previsto pelo IHRU – Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana”.

Depois de três dias de realojamento, a vereadora afirma “foram momentos de muita emoção, alegria, lágrimas”. O facto de as famílias ao fim destas décadas saírem do bairro para uma casa nova “é muito intenso e só quem acompanha as suas vidas é que pode medir a dimensão da conquista”.

 

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Antes de 2022…

Com um bom ritmo, depois do realojamento das 74 famílias residentes no Lote 10, Manuela Calado começa a pensar sobre a organização da próxima fase. “Na próxima fase são alojadas mais 38 famílias. E embora a meta do alojamento total seja 2022, a vereadora lança o desafio, “acredito que conseguiremos ter o processo concluído antes”.

No futuro, onde estão as torres do Bairro da Jamaica renascerá um espaço de socialização, para todos os munícipes e em especial para os antigos moradores, “que aqui vão reviver sempre a sua identidade”.


Números da Jamaica

1 ano de espectativa e reagendamentos
4 milhões de investimento camarário
8 milhões de investimento total
30 anos de espera
45 dias de demolição
74 famílias realojadas
143 cartas enviadas para associações
2018 presidente da Câmara anuncia realojamento
2022 fim do realojamento

 

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