“Os dirigentes actuais mantêm-se em funções até à tomada de posse da próxima direcção. Só que agora, naturalmente, apenas com funções de gestão limitadas”, explicou o líder da AG vitoriana.
A três dias de se completarem dois anos desde as últimas eleições para os órgãos sociais do Vitória FC, os sócios do emblema setubalense ficaram a saber que vão voltar às urnas no prazo máximo de 30 dias, a contar de ontem. Na origem da decisão revelada ontem a O Setubalense – Diário da Região por Cardoso Ferreira, presidente da Assembleia-Geral do clube, está a renúncia de cinco dirigentes, facto que deixou a direcção presidida por Vítor Hugo Valente sem quórum.
Após ser tornada pública a decisão dos dirigentes demissionários – aos cinco nomes confirmados da direcção (Paulo Gomes, Rogério Sousa, Bruno Rodrigues, José Fidalgo e Mário Santos) juntam-se outros cinco directores (Sérgio Casal, Aldo Nascimento, António Ramos, António Santana e Luís Jacob) –, o líder da Mesa da AG respondeu às questões colocadas pelo nosso jornal.
Já tem na sua posse a correspondência enviada pelos dirigentes demissionários?
Sim. A documentação chegou hoje (ontem) ao meio-dia. Tenho na minha posse cartas de cinco dirigentes que é o que existia em termos eleitos. Havia sete elementos na direcção, ficaram dois e demitiram-se cinco.
No comunicado emitido pelos dirigentes demissionários constavam dez assinaturas e não cinco. Como explica essa situação?
Presumo que os outros elementos que foram mencionados sejam directores que não foram eleitos e que foram depois agregados.
Independentemente de se considerarem cinco ou dez demissões, os efeitos práticos mantêm-se?
Sim, nada altera. O órgão perdeu o quórum e os estatutos são claros nesta matéria: num prazo de 30 dias o presidente da AG tem de convocar eleições para todos os órgãos porque os 30 dias vão cair já no prazo normal de eleição de fim de mandato que é entre Janeiro e Março do ano de 2020. Ou seja, vai cair no período normal, uma vez que estava previsto ser entre 1 de janeiro e 31 de março.
E como vai o clube ser dirigido até às eleições?
Os dirigentes actuais mantêm-se em funções até à tomada de posse da próxima direcção. Só que agora, naturalmente, apenas com funções de gestão limitadas.
Ficou surpreendido com a demissão dos dirigentes? Está preocupado?
Tudo o que tem carácter excepcional, como têm estas demissões, preocupa-me a mim como preocupará todos os sócios. São coisas que não são desejáveis. É sempre preocupante quando se tem de proceder a eleições não por termo do mandato, mas por renúncias e falta de quórum num órgão de direcção.
Estava-se à espera que houvesse eleições entre Janeiro e Março. Estávamos num quadro de normalidade e já tinha falado ao presidente do Conselho Vitoriano [Paulo Oliveira] da possibilidade de pedir a convocatória de uma reunião para chegar a um acordo sobre a data das eleições. Isto porque existiriam já informações de que havia indícios de já se estarem a constituir listas de várias candidaturas. Nesse quadro preferiria que fosse numa data consensual. No quadro actual, as coisas são peremptórias e mais simples.
A decisão da data é da exclusiva responsabilidade do presidente da Mesa da AG?
Os estatutos não indicam nenhuma obrigatoriedade, ou seja, é uma decisão discricionária do presidente da AG, quer num quadro de normalidade ou de exceção com este. Pelo significado destas demissões procurarei encontrar uma data que seja consensual, se não for possível procurarei uma data em que se salvaguarde os interesses do Vitória, sendo certo, como hoje (ontem) é 18 de Dezembro, que terá de ser até 18 de Janeiro.
Dirigentes justificam decisão da saída: «Projecto ferido na sua essência»
Eleitos a 21 de Dezembro de 2017, os elementos demissionários explicaram as razões que estiveram por detrás da decisão de renunciar aos cargos que desempenhavam. “Esgotadas todas as possibilidades de diálogo, entendem estes elementos não ser benéfico para o clube a continuidade de um projecto ferido na sua essência”, escreveram.
Os signatários afirmam também que o modelo de gestão actual da direcção presidida por Vítor Hugo Valente é muito diferente do preconizado no início do mandato. “Tendo vindo a verificar-se no Vitória Futebol Clube – SAD a existência de um modelo de gestão diferente daquele que nos moveu em Dezembro de 2017, têm estes elementos da direcção, reiteradamente, efectuado todas as diligências junto do seu presidente para que o modelo a que se propuseram se executasse, mas sem sucesso”, referem.
No documento, os dirigentes explicam as razões pelas quais não apresentaram antes a demissão. “A existência de dossiers de relevante importância para o clube levou a que esta decisão tivesse sido bastante ponderada e consequentemente algumas vezes adiada”, justificaram no comunicado Paulo Gomes (sócio 1679), Sérgio Casal (1352), Rogério Sousa (610), Bruno Rodrigues (2278), Mário Santos (3914), José Fidalgo (1905), Aldo Nascimento – (2362), António Ramos (569), António Santana (940) e Luís Jacob (1217).