Salários baixos e consequente dificuldade de contratação de funcionários leva Misericórdias a pensar o futuro e exigir acção do Estado na valorização de carreiras
Provedores das Misericórdias do distrito de Setúbal debateram em Conselho Distrital as suas preocupações relativamente à contratação de recursos humanos e valorização de carreiras. “Preocupações globais, não só do distrito de Setúbal, mas de uma parte significativa das misericórdias portuguesas”, segundo avança Fernando Cardoso Ferreira, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal (SCMS).
O provedor sublinha que, “os recursos humanos são essenciais na missão das Misericórdias”, contudo é “cada vez mais difícil recrutar trabalhadores”. Sobre esta situação o provedor sugere que “está relacionada com o facto de os vencimentos que se pagam no sector social não serem, de todo em todo adequados à dureza do trabalho”.
Cardoso Ferreira aponta que a resolução deste problema depende de um factor essencial, “valorizar carreiras”. Mas, para que tal seja possível, no seu parecer, é determinante ter melhores ordenados. No entanto, uma decisão que considera difícil avançar, uma vez que a mesma está “quase exclusivamente nas mãos do Estado”.
O provedor vai ainda mais longe e avança, “se o Estado não dotar as Misericórdias da comparticipação que faz dos serviços que nós prestamos em seu nome, se não nos der mais recursos para nós melhorarmos os vencimentos dos trabalhadores, receio que a situação, que já está muito má, possa vir a agravar-se”, alerta.
Apesar do panorama apresentado durante a reunião do Conselho Distrital das Misericórdias de Setúbal, que decorreu Sábado passado no Centro de Apoio à Terceira Idade da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal, os representantes das 16 Misericórdias da região, assumem uma mensagem de esperança, “no sentido de que, se as Misericórdias já existem, na maior parte dos casos, há 500 anos, estamos certos de que vão continuar por mais 500”, conclui Cardoso Ferreira.